Carta achada em agosto de 2004
"Apreciado leitor,
Venho, por meio desta epístola, falar-lhe um pouco da minha história. Claro, você irá me dizer que não tem tempo, ou até que se recusa a utilizar um meio tão antiquado e caduco. Devo protestar, mesmo com minha concordância ligeira, que estás certo em pensar assim, mas devo defender-me. E digo-te, ainda há beleza em manuscritos.
Sem demora, saiba que já vi muita coisa e muita coisa ainda não vi. De boas e ruins, a que te contarei é, certamente, uma bem negativa; arrepia-me só de lembrar.
Era molecote, tinha cerca de 13 anos e morava em uma vila perto dos meus familiares. Esta casa que eu morava era cercada de fenômenos, barulhos, aparições, vultos. Eu mesmo nunca presenciei nada, até que um dia, de tanto escutar, por volta das 9 horas da noite, eu me encontrava sozinho em casa. Meu pai havia saído para buscar minha mãe, era perto dali, e eu, para minha segurança, estava trancado dentro de casa.
Sem querer, espiando qualquer coisa na televisão, vi uma história de terror em um programa qualquer. Aquilo me encheu de coragem e eu comecei, assim, a evocar os espíritos, se ali estivessem, deveriam vir me enfrentar. Sem medo, eu chamei.
Tranquilo, ali no sofá, nada aconteceu. Até que realmente as coisas ficaram estranhas: uma sensação de perigo, coisas caindo e uma tensão no ar muito grande. Eu tive que correr para a área da porta de casa e fechei-a. Eu estava trancado, não tinha o que fazer. E aí, o mais estranho, as luzes começaram a piscar. O que quer que estivesse ali tinha ganhado; eu havia desistido, e dava pra ver em meus olhos como eu estava assustado. E ainda hoje, tenho aquela sensação. Pouco tempo depois, nos mudamos, a casa ainda está lá, mas eu não ousaria entrar novamente.
Aqui fica meu aviso, querido leitor, e o motivo da carta: coisas antigas pedem coisas antigas."