2002 - Alucinado, Uma História de Natal.

O imortal anda cambaleante pelas vielas. Tudo o que enxerga é um amontoado de formas e cores.

Sendo um vampiro imaginava que veneno ou droga alguma o afetaria.

Está enganado.

Tropeçando no lixo em ruas mal iluminadas, aos olhos dos humanos, passaria por um drogado comum.

Falando desconexa e ininterruptamente, acaba saindo na Avenida Amador Bueno da Veiga.

Saturno é surpreendido por um ônibus que buzina quase encima dele.

- Quê?

Em um movimento rápido, agarra o veículo pelo pára-choque, atirando-o por cima de si.

Com um estrondo o coletivo cai aranhando a lateral e derrubando seus poucos ocupantes.

Mergulhando na escuridão o índio fogo do que acredita ser uma onça!

A essa altura, Ângela, sua companheira imortal, já está preocupada.

Reunida a outros vampiros na Avenida Paulista, resolve procurá-lo.

Algumas horas antes Saturno subia calmamente o viaduto Dona Matilde. A noite está quente e abafada.

- “Hum... São onze e meia. Melhor pegar o trem” – pensa o rapaz de longos cabelos negros.

Precisa encontrar Ângela e um grupo de conhecidos até a meia noite.

Começa a andar mais depressa vendo a entrada da estação sobre o viaduto.

O barulho de uma dezena de motos surge atrás dele. São os “Cavaleiros do Além”, uma gangue que usa as motos para assustar, roubar e matar.

O índio atravessa a via calmamente entre os veículos que passam por ele em alta velocidade.

Um motoqueiro o atinge na cabeça com uma barra de aço.

O vampiro rola no chão com o crânio afundado.

Os “Cavaleiros do Além” fogem ás gargalhadas.

Com os olhos vermelhos de fúria o índio se levanta.

- Esses filhos da puta... Acho que vou me atrasar. – pensa ele.

Com pequenos estralos sua cabeça se recompôs. Eles subiram o viaduto parando pouco depois da Praça da Toco.

Duas mocinhas tendo dezessete anos a mais velha estavam encurraladas.

Os motoqueiros ficam dando voltas e empinando não permitindo que elas fujam.

Alguns discos de rock se ao caem dos braços das garotas e são despedaçados pelas rodas dos vândalos.

Alguns deles que desceram dos veículos agarram as moças.

Rasgam a blusinha de uma morena deixando um lindo par de seios à mostra.

- Meu! Como você cê é gostosa!

Ele tenta abaixar a calça da garota quando escuta a voz gutural atrás de si.

- Que tristeza... Eu adoro o Deep Purple! – lamenta o imortal com um pedaço do disco na mão.

Todos o olharam com espanto. Como aquele índio apareceu ali derrepente?

Saturno crava o afiado fragmento de vinil no olho do motoqueiro.

O homem grita e cai rolando no chão.

- Isso é pela barra de aço! – justifica o vampiro.

Lança um comprido olhar para a garota seminua.

Ela tapa os seios com as mãos e o rapaz de longos cabelos negros sorri.

Na verdade estava olhando o farto pescoço.

Os outros membros da gangue ignoram as garotas correndo na direção da criatura da escuridão.

O indígena fecha a cara.

Um grandalhão o esmurra no rosto.

Saturno não se move.

O homem o olha com curiosidade por um instante.

No momento seguinte é atirado longe por um soco que lhe parte o maxilar.

Os motoqueiros o cercam, mas ele os derruba um a um.

Um deles, repleto de espinhas se aproxima com uma seringa na mão.

- Dorme indiozinho! – grita espetando-o no pescoço.

Quebrando o braço de seu atacante, o joga sobre uma moto que se aproxima velozmente com o intuito de atropelá-lo.

O veículo cai e o motorista desliza no chão rasgando os braços descobertos.

- Fujam agora se são espertas! – avisa o imortal.

As garotas não esperam ele repetir e começam a correr na direção oposta a batalha.

Um motoqueiro grandalhão passa pelo ser noturno, atacando-o com uma espada.

Saturno se abaixa para trás tocando a cabeça no chão e um centímetro de seu cabelo acaba cortado.

- Isso não foi legal! – reclama.

Agarra a moto mais próxima e a atira contra o da espada.

O veículo explode e os dois motoqueiros caem desacordados.

Todos que ainda estão de pé ao verem isso fogem depressa.

Andando entre os destroços, o vampiro procura algum ainda consciente.

Encontra dois.

- Quem é o líder da gangue?

- Seu filho duma puta! Eu nunca vou falar! – grita o motoqueiro.

Com uma das mãos Saturno esmaga o crânio dele.

Ainda com miolos escorrendo entre os dedos aponta para o outro.

- E você? Vai falar?

O motoqueiro tem um ataque de pânico e começa a berrar.

Derrepente em um acesso de incontinência se mela todo.

- Se você falar, prometo que não esmago sua cabeça...

Depois de alguns momentos de silêncio, o homem responde mais tranqüilo:

- É o Sanguinário!

Saturno gargalha.

- Sanguinário? Que apelido ridículo!

Ele levanta o homem do chão como se ele não pesasse cento e vinte quilos.

- Ei! Ei! Você prometeu que não ia me matar!

O filho da noite parte seu pescoço com um golpe seco.

- Você entendeu errado. Eu disse que não ia esmagar sua cabeça!

Jogando o defunto para o lado caminha até o líder com calma. Espera ardentemente que ele não esteja morto.

O levanta e nota que o motoqueiro respira com dificuldade.

- Que saco! Só porque eu ia te zoar todo! – reclama consigo próprio.

Não perde tempo e lhe crava os dentes no pescoço.

Ao primeiro gole de sangue, nota que ele tomou um coquetel de drogas fortíssimas.

Dá de ombros. Não é o primeiro viciado que mata.

Mas quando joga o morto fora, sente algo estranho em seu próprio corpo.

A combinação que lhe fora injetada, com o que bebera do líder, produz uma estranha reação.

Saturno cai ajoelhado! Gritando!

Parece estar ouvindo um barulho infernal enquanto seus sentidos vampíricos começam a falhar.

Sua visão fica distorcida e logo o vampiro corre a esmo pelas ruas.

Seus pensamentos fogem ao controle e ele começa a acreditar que havia voltado aos seus primeiros dias como humano.

Quando era um índio e as selvas brasileiras era seu lar.

A mente consciente recua, levando-o ao ponto da irracionalidade.

Ângela sente um tremor pelo corpo.

- Alguma coisa aconteceu com ele!

O grupo viaja ansiosamente no metrô.

Têm que chegar o mais rápido possível até a Vila Matilde.

Os seis imortais se separam e combinam um sinal caso encontrem um rastro qualquer do índio.

Longe do local, Saturno se move velozmente.

Assustado tenta descobrir um ponto de referência, mas é em vão, essa não é a selva que conhecera em seus jovens dias.

Bate contra um poste após derrubar um ônibus e virar diversos carros pelo caminho.

A estrutura danificada se enverga e cai, destruindo um transformador e cortando a luz de metade do bairro.

Ele deixou um rastro no ar. Sutil.

Sentido apenas pelos de sua espécie.

- Achei! – grita um vampiro.

Após alguns minutos para se organizarem, partem atrás do amigo.

Ângela conduz o grupo por atalhos que ela conhece bem.

Saturno bate contra o muro do cemitério da Penha.

O impacto é tão grande que a parede racha de alto a baixo.

Sujo com o reboco que caiu, o índio examina melhor onde está.

Começa a andar devagar apoiado ao muro.

Sua memória está voltando em pequenos flashes.

Talvez o efeito da droga se dissipando em seu organismo amaldiçoado.

Um grupinho de boyzinhos da Penha ouve o barulho e vão ver do que se trata.

Não descobrem a causa do estrondo, mas encontram o índio de longos cabelos negros cambaleando e conversando sozinho em sua língua original.

- Olhaí o nóia! – riem.

Cercam o vampiro, empurrando-o em todas as direções.

Nem imaginam o risco que correm.

Tudo o que o ser noturno vê, são vultos disformes, que correm ao redor deles.

Grita assustado cobrindo a cabeça.

- Ó o cara aí meu! Ficô bravinho é? – diz um dos rapazes irritado.

Começam a cobrir o índio de socos e chutes com pouco ou nenhum resultado.

- Vamo fazê um churrasco com o otário!

Um deles joga um galão de álcool no filho da noite.

Forçando a vista Saturno vê que seus atacantes são humanos afinal.

Em sua alucinação, os imagina como índios de uma tribo inimiga.

- [Se vou morrer, levarei alguns de vocês comigo!] – vocifera.

Como grita em uma extinta língua indígena primitiva, eles não podem entender.

Franzindo os poderosos punhos ataca o boy mais próximo.

- Puta merda! O cara tá loco!

Logo em seguida tem o crânio arrebentado por um murro.

Cai com a cabeça aberta e os olhos vidrados.

Alguns segundos depois os rapazes estão caídos, alguns vivos.

Todos gravemente feridos.

Saturno foge sentindo-se feliz.

Matara um grupo de inimigos de sua aldeia.

Pouco tempo depois de o índio fugir, os outros seres da escuridão chegam ao local.

Tinham sentido o cheiro de sangue ao longe.

- Que será que está acontecendo com ele? – pergunta-se o imortal mais jovem do grupo.

Ângela também está intrigada.

- Vocês três. Escondam esses cadáveres no cemitério! – ordena ela.

- E o que fazemos com os vivos? – quer saber um ruivo de caninos salientes.

A vampira olha os poucos que ainda respiram e sem a mínima piedade esclarece:

- São todos cadáveres para mim. Nos procurem depois...

Sai correndo, seguida de perto por dois vampiros.

Os que ficam sorriem, com as línguas deslizando nos lábios.

Lançam olhares gulosos aos vivos, pois terão um farto banquete de sangue.

Bem ao longe daquele local, Saturno foge de inimigos imaginários.

É quando avista uma intensa luz vermelha ao longe.

Aproxima-se cautelosamente.

O Shopping Penha alugara um Papai Noel de fibra de vidro enorme.

Com cerca de seis metros de altura, acena do alto dos estabelecimentos comerciais.

Mas na mente avariada do filho da noite toma outra forma.

Para ele é Tupã, o Deus índio dos primeiros habitantes do Brasil.

A imagem do índio forte perece estampada entre as nuvens que se movem.

- Saturno. Meu filho querido! – sorri o Deus.

O vampiro índio retribui o sorriso.

Observando a cena, um segurança se aproxima do rapaz cabeludo, que fala sozinho.

- Ô moço? Não pode fica aí não! Tá me escutano moço?

Coloca a mão no ombro de Saturno, retirando-a em seguida.

Ensopada de sangue.

O rapaz de longos cabelos negros nem percebe a presença ao seu lado.

Correndo assustado, o segurança resolve ligar para a polícia, após ver a faca ensangüentada na mão do jovem.

- Alô? Tem um cara meio doido aqui! Tá com uma faca e a roupa cheia de sangue! Quê? É acho que matou sim!

Alheio a tudo, o indígena tem olhos apenas para a visão gloriosa de seu Deus maior.

- Você é meu único elo com este mundo! Os Deuses só têm poder, enquanto os homens se lembram de nós...

Saturno sente uma felicidade indescritível.

- Preserve para sempre minha lembrança! E me faça viver em seu mundo!

O imortal jura para sempre não se esquecer de seu senhor máximo.

Ângela o os dois vampiros que ela chamara, ouvem um rumor de carros de polícia.

Sabe que não é coincidência e corre a toda a velocidade para o local.

Provavelmente seu amor aprontara mais uma, imagina a vampira.

Uma viatura para atrás do índio e dois policiais militares descem com as armas em punho.

- Mão na cabeça! – grita um dos fardados.

Saturno não se move. Continua a falar em uma língua desconhecida ao povo moderno.

Com as armas apontadas para o índio os dois policiais conversam entre si.

- O que você acha? Drogado?

- Acho que é resistência à prisão! – responde um com bigode dando um largo sorriso.

Engatilha a arma e dá um tiro na cabeça do filho da noite.

O cérebro espirra do outro lado do buraco e o rapaz cai no chão.

Os dois policiais chamam o assustado segurança que vem correndo.

- É melhor não contar nada pra ninguém! – adverte um homem da lei.

Eles tomam um susto imenso.

Se levantando o índio volta a falar em seu dialeto.

Ignora totalmente o que acontece em volta dirigindo-se ao imenso Papai-noel.

- Mas que porra é essa? – grita o policial.

Eles podem ver através do crânio aberto de onde um fluído amarelado escorre.

- Vou ligar pra central... Avisar pra eles não mandarem ninguém! – diz o bigodudo perplexo.

Corre até a viatura e liga o rádio-transmissor.

- Alô? Central? Aqui é o soldado Murilo... – começa a transmitir o fardado e logo e interrompido.

- Seu guarda... Seu guarda... O senhor sabe onde tem um dentista? – pergunta uma voz fanhosa.

O policial se vira assustado apontando sua arma.

- Pra trás ou eu atiro!

Os olhos da pessoa atrás dele começam a emitir um brilho avermelhado.

- Sabe o que é seu guarda? É que meus dentinhos cresceram tanto... – graceja o loiro.

Assustado com a visão dos caninos se expandindo o policial atira três vezes.

O vampiro cobre o rosto.

- Ai! Eu tô morrendo de medo! – ri ele.

Salta sobre o oficial cravando os dentes em sua garganta.

Suga com força a vida líquida que se esvai.

A central tenta contatar seu agente.

Inutilmente.

Saturno continua alheio a tudo.

Enquanto Ângela avança sobre o policial que atirou em seu amado o outro filho da noite caminha em direção ao segurança.

É um mulato alto, de traços severos e longos dentes de marfim.

- Me dexa viver! Eu juro que não conto pra ninguém! – implora o trabalhador com as mãos em sinal de misericórdia.

- Realmente... Você não vai contar para ninguém... – avisa em sua voz sombria.

Ante o olhar de indagação do pobre homem, transmuta o rosto, deixando que ele veja seu lado demoníaco.

Rasga a garganta do segurança antes que este faça qualquer gesto.

Arreganha bem a boca, para beber todo o sangue que jorra.

Aos olhos de seus companheiros de escuridão Saturno apenas conversa com a imagem do Papai Noel.

A vampira o observa e finalmente compreende.

De algum modo seu amado está em transe.

- Não se aproxime ou eu te mato! – berra o policial apavorado.

A irritação da garota aumenta.

Os olhos da imortal brilham vermelhos.

Ela se move tão rápido que o agente da lei não vê.

Quando ela volta ao seu campo de visão ele está com o cano da arma na boca dela.

Assustado, acaba apertando o gatilho.

A bala sai pela nuca levantando seus cabelos encaracolados.

Ele retira o cano da arma devagar e junto vem um fio viscoso de sangue.

- Você não pode matar o que não é mais vivo... – murmura ela.

Devido ao furo na nuca sua voz sai fantasmagórica.

O policial arregala os olhos de pavor e o fundo de suas calças enche-se.

Ângela sorri maldosamente e o empurra de leve.

Ele cai sentado espalhando o borrão mais ainda.

A vampira passa pelo homem, ignorando sua presença.

Para ao lado de Saturno acariciando-o de leve.

- Querido? – chama baixinho.

Ele não responde. Continua falando sozinho naquela língua incompreensível para os humanos.

Como os vampiros têm a capacidade de compreender qualquer idioma, ela já sabe do que se trata: dopado de alguma maneira, seu amor acredita firmemente que o Papai Noel de fibra de vidro é um Deus.

Ângela tenta pensar em uma maneira de interromper o transe sem torná-lo violento.

- “O importante é desviar a atenção dele de um modo rápido...”. – planeja a moça mentalmente.

O loiro que pegou o policial que ainda está vivo e começa a rodá-lo.

- Já fez seu pedido de Natal? Então aproveita! Olha lá o Papai Noel! – ri ele.

Ele atira o homem fardado pelos ares.

- Não!

Ângela sai de seus devaneios, mas é tarde demais para impedi-lo.

O policial atinge a figura que estoura com o impacto.

Uma chuva de cacos pontiagudos cobre os vampiros.

No alto das lojas o agente da lei está pendurado, como um macabro espantalho.

Seu corpo retalhado pelos cacos.

Saturno aperta com força o cabo do punhal.

- Você o matou... – diz baixinho.

Ainda rindo, o imortal loiro é atingido violentamente.

A arma afiada o atinge entre o pescoço e o ombro, cortando-lhe a omoplata.

O grande negro tenta conter o índio, mas este se desvencilha.

- Malditos demônios! Vocês o mataram! – grita o rapaz de longos cabelos negros.

Risca o ar com sua arma e abre o vampiro nigeriano do estômago ao peito.

O negro guincha alto. Suas tripas escorrem pelo chão.

Antes que Saturno os ataque novamente, sua companheira Ângela o desarma.

O vampiro índio a esmurra e ela rola pelo chão.

Em seguida salta sobre a vampira, espancando-a como nunca na sua não-vida.

Por um instante ela consegue segurar as mãos de seu amado.

Tudo o que a moça vê nos olhos de seu criador é um ódio cego.

Ela precisa desesperadamente quebrar o transe.

Beija-o na boca com força. O gosto do sangue de ambos se mistura.

Ele se espanta arregalando os olhos. Pouco a pouco afrouxa o aperto.

- Â-Ângela?

Seus olhos negros se reviram nas órbitas e ele desfalece sobre ela.

Uma dezena de carros de polícia se aproxima. O loiro com a mão sobre a omoplata ferida pergunta:

- E aí? Os morceguinhos já acabaram?

Mesmo ferida, a vampira coloca Saturno sobre o ombro e corre. Alguns quarteirões à frente, próximos à biblioteca da Penha ela arranca a tampa de um bueiro com uma mão e todos descem.

Reclamando de ter de carregar as próprias tripas que não param de cair, o grande negro ia atrás, nem um pouco satisfeito.

Atravessam várias galerias de esgoto, distanciando-se do Shopping.

Entram em uma câmara relativamente seca e colocam o índio no chão. Sentam-se em círculo e começam a conversar, esperando pelos outros imortais.

Comentam sobre o acontecido, quando começam a estourar os fogos do natal de 2002 e eles ouvem o barulho de festa dos humanos na superfície.

Nada que lhes desperte o interesse. Fora Ângela, todos os outros filhos da noite já haviam passado por centenas de natais.

Antes que os fogos terminassem, ouvem a voz lúgubre de Saturno:

- Ân... Feliz natal...

Todos se viram para ele, cuja cabeça cai para o lado.

Ele começa a roncar bem alto.

Os três vampiros se entreolham por um instante, e logo em seguida caem na gargalhada.

Chapinhando ao longe, através do esgoto, os outros vampiros escutam intrigados, as risadas de seus companheiros de escuridão.

Fim.

Humberto Lima
Enviado por Humberto Lima em 19/12/2007
Código do texto: T783927
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