O HOMEM DE TERNO CINZA
Ele precisava saber de tudo. Isto o matava, todo dia, toda noite. Mas ele não está mais aqui para contar, coisa que para mim é bastante triste. Sinto como se sua morte pudesse abalar todo o sistema qual estamos envolvidos. Foi algo estupendo talvez para a ciência, onde, mais precisamente, a psiquiatria estuda e classifica todas as alienações mentais. Falavam que ele estava louco. Será? Julgar ou não julgar pessoa tão desgraçada e, para alguns, heroica é muito difícil. Muitas vezes não sabemos com quem estamos lidando. Muitas vezes pensamos que sempre iremos lidar com coisas ordinárias do dia a dia, que uma coisa tão singular e macabra nunca seria encontrada, quem sabe, em uma gaveta esquecida de um guarda-roupa velho.
Mas não foi bem assim. Ou quase foi, sendo apenas aderida e enfeitada com mais detalhes mórbidos do que uma simples historieta de terror. Quem dera que fosse, assim nosso amigo simplesmente fecharia a maldita gaveta e nunca mais pensaria em tal coisa. Talvez até se livrasse do guarda-roupa para o resto de sua vida. Seria indigno doá-lo para alguém, visto que uma coisa de espírito tão putrefato merece a verdadeira decadência equivalente à sua alma: o aterro sanitário, repleto de inutilidades, seria muito melhor.
Porém... Ah! Quem dera que fosse assim! Enfim, acho que já perdemos tempo demais explicando coisas que, no fim, não podem ser explicadas de jeito nenhum. Dar voltas em torno de si mesmo é algo tão entediante quanto jogar xadrez sozinho: não se chega à lugar nenhum. Quando tudo começou, era bem mais fácil para nosso protagonista distinguir as coisas. Simplesmente a vida não tinha o ar rubro que tem até agora. As noites não eram tão longas e ficar sozinho não era tão macabro. Às vezes, era como jogar xadrez com a morte.
Não vou começar do começo. Não, seria indigno demais. Uma história como essa merece começar com o meio da trama, quando os fatos decisivos já tinham se instaurado e tudo pode continuar como muitos best-sellers foram. Quem sabe, ignorando o começo estranho e por demais enfadonho nos traga até um ar de suspense digno de um filme, além de nos situarmos de forma mais segura em meio a tudo isso.
Podemos começar com aquela noite. A noite na casa do Sr. Flexeiras. Este Sr era um nobre de Belo Monte. Dizem que no Brasil não se chegou a ter nobres de caráter tão indiscutível quanto os nobres europeus. Entretanto, Flexeiras talvez fosse o intelectual mais renomado da cidade, e de certo andava como um nobre. Era homem de muitas riquezas e bastante estimado pelo prefeito. Seus dotes políticos não servem ser descritos agora, é perda de tempo. Ele tinha uma residência na Rua da Palmeira que muitos invejavam. Tinha dois andares, pintada em branco brilhante e com detalhes em vermelho. No jardim da entrada, era possível ver algumas garças (de mentira, claro) paradas sempre com um pé levantado e outro não. Era um típico jardim de pessoas que podem gastar mais do que economias de classe média prendem as pessoas. Geralmente, nosso protagonista não precisava bater em frente ao portão de um ferro que nunca enferruja. Ele apenas passava um dos braços esguios para dentro da residência, destravava o ferrolho e entrava.
Mas, nesse dia, ele tinha feito isso muito mais rápido do que o normal. Seus braços tremiam e sua cara estava pálida como a de um vampiro. Não estava com vontade de jogar xadrez ou damas, apenas queria entrar e falar com Flexeiras. Judith também estava ali. Aliás, ela tinha que estar lá. Se ela não estivesse, todo o seu esforço teria sido em vão. Mesmo a longa conversa com o amigo não o safaria. Ele estava ali à procura dela, mesmo que aquela não fosse sua casa. Por isso, o braço bateu muitas vezes nas grades de aço e isso o deixou um pouco dolorido. O ferrolho nunca custou tanto ser destrancado, e quando ele enfim conseguiu parecia que já havia se passado uma eternidade.
Atravessou o pequeno jardim com passos rápidos e leves. O ar fresco que batia em seu rosto o fazia levantar a cabeça e fitar o céu da antiga Belo Monte. Olhando para trás, via através das grades a descida do morro e os confins da cidade velha e misteriosa. Era como se a cidade estivesse falando consigo, e suas palavras ecoavam no céu escuro. Ele não atentou para isso, fora uma descrição nada vaga para uma olhadela, mas tinha coisas mais importantes para se preocupar. E ele queria que a coisa mais importante estivesse dentro do casarão.
Muitas horas se passaram. Podemos falar até da evolução da noite, que isto não irá me atrapalhar. As noites em Belo Monte não são muito animadas, visto que a maioria da população é conservadora nos costumes, e isto se delimita até aos mais jovens. É estranho falar que esta noite em especial foi bastante histórica, mas a comunidade não atentou para isso, visto que as invocações ao Vizinho não falaram a respeito diretamente a ninguém, apenas a uma pessoa. Mas ela queria esquecer tudo. Ela precisava saber de tudo. Isto a matava.
O salão era amplo e arejado. Sentada em uma das poltronas genialmente dispostas, estava Judith. Suas bochechas coradas e seu cabelo encaracolado denunciavam apenas um ótimo costume de cuidar do corpo. Ela não era muito esperta. Nunca havia posto o pé em uma universidade, ou sequer tinha tirado notas fundamentais no colegial. Mas isto não nos atrapalha. O homem a queria mesmo assim. Era uma deusa, uma vênus, e deveria ser protegida. Mas, como proteger alguém se nem você mesmo consegue se proteger? É uma questão fundamental e, de certo macabra. Quando a fazemos, é porque estamos em um limiar da confiança. Nosso herói estava na fronteira entre a autodepreciação e o auto ódio. Amar alguém, nestas alturas é crucial.
Ele tinha certeza que a amava. Encontrá-la na feira da Rua da Luz, ela com os dois braços ocupados em segurar bandejas de ovos embaixo de sacolas e mais sacolas de frutas e verduras. Ele, comendo algum lanche ordinário que um ambulante oferecia como único produto. Os goles no suco enquanto seus olhos se encontravam era como um passeio ao Oásis. Pensando nela, as noites eram mais frescas e os pensamentos se organizavam de maneira mais pragmática. No entanto, desde que tudo começara, era como se ele, ainda que se agarrasse ao menor que fosse dos amores, as coisas continuariam o perseguindo e ele teria que correr cada vez mais rápido. Mas não poderia perder as esperanças.
Não tomava nada. Era falta de educação aceitar drinques vindos de um homem que já foi muito alcoólatra. Não queria se envolver com gafes por cause de estar mais quente ou mais alegre. A questão era quando ele poderia enfim tocá-la. A noite havia começado assim como a música na vitrola, mas ninguém ali dançava. A noite é longa. A noite é dura. Pensou em tudo isso enquanto a música tomava conta do ambiente e as bochechas de Judith pareciam cada vez mais coradas. Suas mãos e pés encolheram-se como um inseto que chega perto do fogo.
Os passos pesados que se escutavam, subindo as escadas, eram agora ecos esquecidos. A atenção se voltava para o espetáculo íntimo das estrelas lá fora. Pela janela, tinham uma visão privilegiada, vindo do alto do morro até a cidade lá embaixo. Além da cidade, viam-se os infinitos e belos campos do Condado. A essa hora eles pareciam o mais macabro que a iluminação poderia oferecer. Os passos na escada agora se misturavam com as batidas da vitrola, onde um violino e uma voz grave cantava algo além da compreensão. A noite é dura.
Judith parecia que ia falar. Sua boca adquiria leves contrações, e o beiço tremia como se clamando por expressão. Suas bochechas estavam tão rosadas que o que parecia era que um ataque de vergonha a tinha acometido. No entanto, tudo demorava demais para acontecer naquele mundo, e as palavras eram, pouco a pouco, preparadas. A música da vitrola competia com os passos que subiam e subiam as escadas. Os olhos vítreos de Judith nunca foram tão atraentes. Eu te amo. Pensou. Eu te amo.
As palmeiras lá foram uivavam com o vento. Uma sombra projetou-se no salão iluminado por castiçais de prata. O barulho de alguém que parecia limpar os pés na entrada de alguma residência. Ele tentou virar-se para olhar quem estava a chegar e se era mesmo quem ele estava pensando. Tinha que ser quem ele pensava. Virou a cabeça devagar, como se ainda anestesiado pelos longos minutos que passara imóvel, pensando em bobagens e em sua amada. Não percebeu que Judith também tirava a anestesia das mãos e alisava o longo cabelo encaracolado.
- Trouxe bebidas.
- Você sabe que eu não bebo.
- Tudo bem.
As palavras foram jogadas no espaço como se quem as lançara não se importasse o mínimo com a resposta interna que elas teriam. Mas, de fato, ninguém se importava. Às vezes, bobagens são jogadas ao ar e nos causam mal, nem de certo tiveram essa intenção. Mas parecia que todas as palavras que ali foram trocadas não tinham a menor relevância. As luzes dos castiçais jogavam em todos os rostos um brilho tênue e pálido, como se a noite lá fora tivesse começado a engolir toda a escuridão que saia da ponta das velas. Era perigoso pensar assim. A luz traz as menores das comodidades, mas isto era crucial. Evitava olhar para a janela, com medo de que aquilo acontecesse.
Judith se levantou e pegou um dos copos que Flexeiras trouxera. O nobre encheu o copo da dama com o uísque e ela virou em uma golada. Caiu na poltrona como se estivesse na casa de alguém bem íntimo. Nosso amigo apenas assistia a tudo com a atenção de um espectador que espera o último capítulo de sua novela preferida se desenrolar. A janela era bastante chamativa, mas ele não podia olhar para ela. Tentava manter o olhar nos dois amigos, e isto era deveras difícil.
- Nunca entendi porque você não bebe. – Flexeiras ainda insistia em oferecer bebida ao nosso jovem rapaz. Este parecia, toda vez que o pressionavam a beber, ainda mais disposto para sua batalha contra os vícios.
- Não posso beber. Fere a alma.
Os segundos seguintes foram intermináveis. Nosso protagonista estava um tanto orgulhoso, mas ainda triste por ter ofendido ainda mais o amigo. Desviou o olhar enquanto o nobre colocava a garrafa de uísque em cima da banqueta chique e virava seu copo em uma só golada. A noite era mesmo estranha. Por quê? Por que temos que passar por essas horas de imprescindível horror, em que as cobertas negras tomam conta do céu e jogam um sal brilhante e misterioso que nos ilumina palidamente? Não entendia como essas coisas, tão ordinárias quando se tratava de outras pessoas, eram bastante aterrorizantes e tétricas com ele.
A grande tela de vidro que chamavam de janela ocupava toda uma parede, e eles tinham uma visão acrofóbica de toda a cidade. Uma rua em frente à casa de Flexeiras que poderia ser vista de modo panorâmico era a Rua da Noite, chamada assim por suas festas e rituais que remontam a eras muitos mais antigas do que os três na sala conheciam. O livro no sótão foi apenas um estímulo para nosso protagonista, que aprendera em uma noite apenas a ponta do iceberg de todo o ocultismo que a antiga cidade vivenciara.
E ele sempre pensara que toda a história da cidade era intrínseca ao que os livros velhos e gastos que distribuíam no segundo grau ofereciam. Mas! Quais visões de congelante escárnio teve ao se deparar com eras de antigas bruxas e rituais de caráter duvidoso que clamavam por um deus antigo e a decadência. Toda a visão do alto do morro o fez lembrar da noite inteira no sótão, em que ele encontrara o horror.
Judith olhava ora para Flexeiras, ora para seu amigo, pensando no que falar. O nobre agora escolhia algum livro na estante repleta deles. Isto não fazia diferença. Só se perguntava como ele tiraria os olhos cansados da janela dormente e falar com Judith. Ele precisava falar com ela. Sentia de que não iria passar dessa noite. A pressão era demais. Mas ele ainda a tinha, mas ela apenas enrubescia as bochechas e se prepara para falar alguma coisa. O som de livros sendo tirados e colocados em seus devidos lugares trazia para noite silenciosa uma crise de ansiedade doentia que se espalhava para todos na sala. Ele conseguia sentir assim, mas parecia que ninguém dava atenção. Assistiu enquanto Flexeiras sentava-se em sua poltrona costumeira com um livro nas mãos.
Judith e ele esperavam para que a história fosse contada, assim como faziam sempre no início de cada reunião amigável. Não conseguiam ler o nome do livro, pois a capa era demasiada escura e o nome também. Parecia que as luzes dos candelabros se focavam em iluminar a página qual o nobre estava lendo. Ele começou.
Serestas para mil demônios
Meu coração clama por ti
Tirai a máscara com a qual esconde meu coração
E deixais que o amor viva
Nosso homem desviou o olhar da janela, focando agora em Judith. Ela nunca foi tão bela. No entanto, seus olhos focavam somente em quem conduzia a leitura. Parecia hipnotizada. Algum dia, se eles chegassem a se casar e ele tivesse se livrado da coisa, ele iria recitar todas as noites, um poema de amor. Mas a voz feminina falou.
- Querido...
Ele também passou a se hipnotizar. Chamar ele assim era bastante carinhoso, mas de certo estranho. Algo devia estar errado. Não se lembrava de uma intimidade assim tão clara entre amigos, mesmo que fossem amigos até a morte.
Noite clara como sangue de virgem
Assim beberei de teu cálice
Até que o rubor invada minha face
Judith impediu a serenata. E sua voz era muito doce.
- Querido! Essa noite especial, é de fato sim, pois contaremos para Cortez.
- Sim, claro. Então tenha a honra de informar nosso amigo de nosso casamento.
Ela penteou o cabelo com uma das mãos e suas bochechas ficaram ainda mais rosadas.
- Cortez, eu e Flexeiras agora somos noivos. Não há data para o casamento, mas tudo indica que será ano que vem. Ficamos felizes que esteja conosco neste momento.
Nosso protagonista cruzou as pernas, como que impaciente. Embora ele nunca tivesse tido um desgosto tão grande ao ouvir essas palavras, uma figura que se encontrava na rua em frente ao casarão chamou muito mais sua atenção. Estava na ladeira da Rua da Noite, olhando para ele. Seu terno cinza e suas mãos esguias denunciavam sua identidade, e isto deixava a situação cada vez pior. Ele decidiu fazer alguma coisa.
- Flexeiras, você não tem um livro no sótão, ou tem?
Fez-se um silêncio de morte. Flexeiras esperava ouvir alguns parabéns ou votos de confiança. Mas mesmo assim pensou em como se lembraria se havia ou não um livro no sótão. Na verdade, ele sabia. Mas fingiu que nada tinha acontecido. Aliás, não tinha como nosso amigo Cortez saber. Parecia um pecado falar desse livro perto de Judith. Esta ficou com pena de nosso protagonista após perceber que ele também a amava.
- Eu te amo. – Disse Judith – Mas amo mais Flexeiras.
- Estou falando do livro na estante velha. Sei que quase todo mundo tem uma estante velha no sótão. Ela é lar de muitas baratas e ratos, mas falo mais precisamente de um livro de capa negra. Este que você tirou do sótão, fingiu que deixou na estante e leu para nós agora.
Flexeiras sentiu uma pontada no coração. Estava em perigo, é claro, mas teria como enganar o amigo. Não o expulsou, pois nenhum dos dois tinha culpa, mas esperou que nosso protagonista decidisse por si mesmo abandonar os dois amigos, que agora formavam um casal, e descer as escadas numa rapidez desgovernada. Judith voltou a pentear os cabelos com as mãos, e agora pediu mais um copo de uísque.
As escadas pareciam intermináveis. Ele descia e descia em movimento de espiral, pensando em como se livraria do diabo que o esperava na Rua da Noite. Era estranho que ele tenha se lembrando do livro bem naquela hora. O Vizinho tinha falado que um de seus amigos também tinha o livro, mas ele nunca esperaria que alguém leria o trecho de "Canticus I" bem no meio de uma cerimônia amorosa. Era audácia demais! Mas ele não tinha o menor tempo para lidar com isso. A coisa estava na ladeira, e de certo já tinha andando vários passos. Não queria enfrentar seu rosto sem feições antes de dormir.
Quando chegou até o jardim, nuvens muito mais negras que o normal escondiam a lua, com um presságio de chuva. Mal se passaram alguns segundos, pingos de água de grossura incrível quebravam-se em seu corpo. Cortez cobriu a cabeça com seu capuz negro como a noite e se dirigiu até a portão. Colocou a mão no ferrolho e, quando levantou a cabeça, fitou o ser corpulento de olhos baços que se encontrava do lado de fora. Seu terno cinza era inigualável.
Nosso protagonista deu um passo para trás, soltando um grito de horror. Caiu no chão, como se tivesse perdido o equilíbrio momentaneamente. O ser que o esperava nas noites de lua havia simplesmente sumido, e ele teve que se levantar e destrancar a porta na força do ódio. Seguiu pela Rua da Noite com passos pesados, sem olhar para trás enquanto a chuva batia e castigava suas roupas.
Não havia vivalma na rua, como ele esperava, nem a mínima luz de um candeeiro ou vela. Todas as portas estavam trancadas e Cortez sabia que também estavam passadas na chave. Tomou para si a capa e envolveu todo o seu corpo nela. Não enxergava um palmo a frente, mas via, no cercado do Rancho, a coisa o observando.
Ela pisava pesadamente nos capins, com o rosto sempre virado para ele e pulando nas suas pernas longas. Seu terno cinza não era o mínimo afetado pela chuva. Seguiu-se assim até nosso protagonista chegar em casa, onde a cama quente o aguardava. Tirou a capa molhada e abriu o guarda-roupa, procurando o livro. Quando o achou, abraçou-o e fitou o diabo que tanto temia.
Ele estava em pé, ao lado da cama. E estendeu uma das mãos.
- A decisão é sua.
Foi o fim para os dois. Ninguém aguentava mais. Na parede, escrito: "Aljar".
Obs.: Fernando Cortez passou o resto da vida no manicômio. Quando foi encontrado, tinha os pulsos cortados de forma sistemática, mas nada grave. Gritou a noite inteira para que o salvassem do "Vizinho" que tinha milhas de altura e fome de carne humana. Apesar do triste fim, a cidade de Belo Monte segue sendo a mais tranquila do Condado. Flexeiras e Judith casaram-se, como dois amados, e lamentaram o ocorrido. Cortez era um bom amigo, embora andasse um tanto perturbado. Os médicos estudaram a psicose durante anos, mas ainda estremecem em falar de sua aplicação em alguns casos particulares. Não podemos curar, mas podemos, de fato, levar uma vida boa com o tratamento certo. Cortez era um crônico, uma pena.