O DEGENERADO ☹
Mesmo com a minha insistência
Não lembro pra onde vou,
Seria isso um tipo de resistência
Ou o pensamento travou?
Agora noto que estou numa rua,
Mas o pensamento some,
Só observo parado a grande lua,
Essa rua tem qual nome?
Algo não está certo, bem errado,
Que horas saí de casa,
Só lembro de coisas do passado,
Da areia branca e rasa
Mas hoje pareço bem, tão normal
De resto sei que a velhice
Faz na mente tal confusão mental
Não seria doutra crendice
Cada afazer requer a minha ação,
Faço, mas logo esquecerei?
Ando distante com desorientação
Desta vida já não serei rei?
Agora no estado quase vegetativo
Entram na casa desconhecidos
Torno-me raivoso, bem agressivo
Nunca os tenho reconhecidos
Dizem que são meus parentes
Mentira só me lembro da Adalgisa
Talvez ladrões essas serpentes,
Roubam-me na ignorância à guisa
Um deles, debulha um milho,
- Pai, você não cuida da aparência
Apresenta-se como meu filho
Agora sou vítima desta demência!