AS MEMÓRIAS DO SUBSOLO 👴

Para alguns ainda é um mistério

Mas sinto tanto horror,

Estar na mesa fria do necrotério

Sentido falta do calor!

Ninguém pensa neste momento,

Só pensam em um caixão

Pobre dele! Em seu falecimento

Faremos a extrema unção!

Entendam isso pela última vez,

O cérebro ainda fervilha

Apenas reparam nesta rigidez,

Tudo isso é a armadilha

Por mais que eu esteja mudo,

Ouvindo vocês falarem,

Estou vivo e não estou surdo

Querem me enterrarem!

O legista diz não terem sinais

E decretam minha morte,

Sem suas atividades cerebrais

Entregue a própria sorte

Não existem medidas paliativas

Pois ainda me sinto bem,

Muitas foram enterradas vivas,

Não quero visitar o além

Preciso terminar a magistratura

Dos poetas e românticos

Descem a cova desta sepultura

Meu caixão em cânticos!

Esperem meçam essa pulsação

Observem com cada olho,

Voltou novamente a respiração

Não cerrem este ferrolho!

Jogam a terra e darão como fim

As memórias dum subsolo

Socorro! Ninguém escuta assim,

A salvação então imploro!

[AS MEMÓRIAS DO SUBSOLO : analogia ao livro do escritor Fiodor Dostoievski]

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 03/06/2023
Código do texto: T7804523
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.