AS MEMÓRIAS DO SUBSOLO 👴
Para alguns ainda é um mistério
Mas sinto tanto horror,
Estar na mesa fria do necrotério
Sentido falta do calor!
Ninguém pensa neste momento,
Só pensam em um caixão
Pobre dele! Em seu falecimento
Faremos a extrema unção!
Entendam isso pela última vez,
O cérebro ainda fervilha
Apenas reparam nesta rigidez,
Tudo isso é a armadilha
Por mais que eu esteja mudo,
Ouvindo vocês falarem,
Estou vivo e não estou surdo
Querem me enterrarem!
O legista diz não terem sinais
E decretam minha morte,
Sem suas atividades cerebrais
Entregue a própria sorte
Não existem medidas paliativas
Pois ainda me sinto bem,
Muitas foram enterradas vivas,
Não quero visitar o além
Preciso terminar a magistratura
Dos poetas e românticos
Descem a cova desta sepultura
Meu caixão em cânticos!
Esperem meçam essa pulsação
Observem com cada olho,
Voltou novamente a respiração
Não cerrem este ferrolho!
Jogam a terra e darão como fim
As memórias dum subsolo
Socorro! Ninguém escuta assim,
A salvação então imploro!
[AS MEMÓRIAS DO SUBSOLO : analogia ao livro do escritor Fiodor Dostoievski]