O CONGELADO 🧊
A umidade apodrece os dedos
Toda neve num excesso,
No inconsciente nossos medos
Sem chance do regresso
Dias e noites são sempre iguais
A ração acabou a pouco,
Toda fome inibe esses animais
Quase sempre sou louco
Olhos vermelhos e ressequidos
Pés congelados sem calor,
Queimados de tão amortecidos,
Sinto mazelas do horror!
Dias caminhando sem direção,
Mas mantenho a postura,
O sol não emite mais radiação
Cave você sua sepultura
Os cães ladram estão anormais,
Cada qual morde seu irmão,
Na violência agora são canibais
Matam para ter uma refeição
São dias escuros nesta nevasca,
Tudo em volta já morreu,
Só sinto ar frio, densa borrasca
O restante enfim pereceu
Como viver num lugar estático
Onde não há vegetação,
Pior que um pesadelo do ártico
Morrerei pela inanição
Decepo a mão para não morrer
Daqui tiro algumas calorias,
Para ter então algo para comer
Viver sem sol não poderias
Quem sabe me torno um alento
Tudo vai estar acabado
Que a morte alivie o sofrimento
De morrer congelado!