LABIRINTO SEM FIM - CLTS 23

O que se sabe de um mundo desconhecido que se baseia na desconfiança alheia? Como fazer para se manter em pé de frente para alguém assustado e com medo de dizer as palavras equivocadas que se acostumou a desferir desde a garganta até os lábios? Como aguentar as dores internas e externas que são proporcionadas por quem nos dedicamos a fazer feliz?

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O casal acordou em meio a paredes altas, muito altas, tanto que o céu iluminado, que aparecia na parte superior, parecia não ter fim. Caminharam sem trocar qualquer palavra, assustados perante o desconhecido, virando direita e esquerda no que parecia ser uma caixa que não levava a lugar algum. Os primeiros movimentos de ambos foi a tentativa de sair, encontrar uma saída.

Quase que em total silêncio, com apenas suas respirações pesadas e desencontradas formando uma canção sem ritmo, andavam esfregando as mãos nas paredes procurando alguma fenda ou uma explicação para a loucura que tudo aquilo parecia. Tocaram em todos os cantos possíveis e não perceberam nenhuma fissura ou possível abertura.

Olharam-se. Ela parecia entender que ele estava mais perdido do que nunca, que aquela gota de suor que corria em sua testa evidenciava o medo, o absoluto e incontrolável pavor. Ele não entendeu ao olhar a face de sua companheira, parecia fria e confiável, no entanto, não acreditava que ela estivesse tranquila. Sem explicações que os tranquilizassem, o primeiro descontrole não demorou a acontecer.

— SOCORRO! — Gritou Ema.

— Acalme-se, foi você que resolver participar disso. — Sugeriu Fred.

— Sim, hahaha. Claro! Clara, a psicóloga. – Ela tentava acreditar, ou amenizar as dúvidas quanto ao que passavam.

O assunto foi interrompido pelo ranger de duas portas que se abriram simultaneamente, o casal riu suavemente, como se tivessem descoberto a razão de estar ali.

— Eu disse que Clara era responsável. — Disse aliviada.

Uma terceira porta se abriu.

A primeira continha o nome de Fred, na do meio estava escrito “casal” e na do lado oposto o nome de Ema.

Rapidamente, Fred pegou a mão de Ema e entraram na porta “casal”. Andavam rápido e percebiam haver vários caminhos, mas a maioria não tinha saída. Ema perdeu o controle e gritou o nome da psicóloga. Tinha convicção de que mesmo que tudo fosse armado por ela e Clara, aquele relacionamento com Fred não tinha mais futuro. O silêncio tomou conta de todo o ambiente, a luz começou a sumir até que o breu total inundou o caminho dos dois.

— O que faremos? — Questionou Fred.

— Siga-me! — Completou Ema.

Ele não pensou duas vezes, colocou a mão direita no ombro esquerdo de Ema, entrelaçando os dedos nos longos cabelos negros e confiou no caminho que ela seguiria. Ela tateava as paredes com cuidado. Não havia mais diálogos, apenas queriam sair do que parecia ser a maior “pegadinha” da vida deles.

Caminharam muito. Ema batia a ponta dos dedos nas paredes, virava para a esquerda, para a direita. Não achava a saída. Voltava.

— Suponho que isso seja mais complicado do que imaginei. — Disse Ema. — Quebrando o silêncio.

— Não entendi! — Disse Fred. — Pensei que era a sua intenção, que nos reconectaríamos.

— Claro que não entendeu. — Ela sussurrou.

— Disse algo? — Questionou, Fred.

— Estamos em meio a um labirinto. — Finalizou Ema.

— Sim, percebi ser um labirinto. — Respondeu Fred. E completou: — Quando a Clara disse que seria um novo tipo de imersão, me veio à cabeça que seria algo assim, acredito que sonhei com isso.

Ema também havia sonhado com um labirinto, mas não era com humanos e sim com dois pequenos ratos procurando a saída. Ela lembrava de detalhes do sonho em que os pequenos roedores se estressavam a ponto do macho agredir a fêmea sem que ela tentasse se defender. Os roedores estavam dentro do esgoto, parecendo ser aonde moravam. A fêmea era totalmente submissa, lambia as feridas e voltava para o lado do macho que aproveitava para esfregar os pelos, fingir arrependimento e seduzi-la para um momento mais íntimo.

Ela pensava nesses momentos como se fosse a tradução de sua vida. Seu marido fazia o mesmo em relação aos atos. As agressões sempre eram sucedidas por pedidos de perdão. Sua vida havia virado de ponta cabeça, o encanto daquele que parecia ser o príncipe de sua vida, dissipava no vento, ele se tornara o monstro mais terrível que se podia imaginar. Fred carregava dois lados sempre presentes, o principal aparecia em seus momentos entre amigos, onde seus gestos e falas eram suaves. Seus movimentos lentos traduziam exatamente o porque de Ema ter se apaixonado e seguido aquele homem. Entretanto, quando o álcool invadia seu cérebro, mostrava quem realmente era. As humilhações e piadas que pareciam inofensivas machucavam, talvez, mais do que as agressões físicas que aconteciam entre quatro paredes. Seu lado machão, autoritário e corajoso aparecia apenas quando estavam a sós, sem testemunhas. Sempre seguidos de sorrisos irônicos.

No labirinto, os ratos pareciam querer a agressão, mas não parecia ser violência e sim, medo, e de maneira mútua, a fêmea grunhia no mesmo tom.

Ainda caminhando, em busca do melhor caminho, Ema lembrava dos últimos acontecimentos antes de chegar ali. A frase dita na noite anterior pelo marido não saía de seus ouvidos, já havia sido insultada e agredida fisicamente, mas quando ouviu que era uma inútil fracassada e que ninguém a publicava porque era uma péssima escritora, seu coração se despedaçou, até então sempre a culpa era do álcool, no entanto, ele estava completamente sóbrio.

Tomou a frente pela sobrevivência, não sabia se estava pelo motivo certo, seu casamento parecia tão distante, dolorido e sem perspectiva de melhora. O relacionamento com Fred, de mais de dez anos, não trazia mais alegria a ela, sentia que algo havia apagado, a tal chama do amor que chegara a ser um vulcão em erupção, agora não passava de um fósforo prestes a queimar a ponta dos dedos e criar cicatrizes incuráveis.

Fred sempre teve muito medo de arriscar, e andar sem enxergar nunca fez parte de seu ser. O caminho de sua história foi sempre retilíneo, sem emoções. Precisava da segurança que a estabilidade financeira de um bom emprego podia lhe proporcionar. No entanto, nesse momento, ele não conseguia segurar as lágrimas que insistiam em cair pelo seu rosto e paravam na barba grisalha. A voz embargada ficava em silêncio, o corpo tremia e o coração disparou em batidas frenéticas. Caiu sentado.

Ema tateou a parede, desceu até sentir a sua respiração, agarrou as suas mãos e o ergueu novamente. Colocou a mão de Fred no ombro direito e continuou. Levou a mão em seu ombro esquerdo e percebeu estar molhado e ardia muito. A ardência também começava no outro lado. A tensão de Fred era tanta que seus dedos esmagavam os músculos e arranhavam a pele de Ema. Ela não sentiu na primeira vez, mas agora doía muito.

— PARA! — Gritou Ema.

Ela afastou com muita dificuldade o braço de Fred e mandou ficar parado.

— Não me abandone. — Fred falou suplicando e concluiu: — Preciso de uma bebida.

— Sim! Uma bebida. Precisa do antídoto da covardia? — Questionou, Ema.

— Eu juro que se sairmos daqui, nunca mais irei beber, serei um novo homem, as agressões ficarão no passado.

Ela não disse uma palavra sequer, retirou o casaco que cobria os vestígios da última agressão, amarrou na cintura e entregou uma das mangas para ele segurar e segui-la. Seus punhos estavam levemente arroxeados e o antebraço carregava um grande curativo que ela mesma fez depois de uma mordida do marido. Apenas seu rosto não era alvo dos punhos de Fred, mesmo colocando culpa na bebida, ele sabia que para manter as melhores impressões, nada poderia ficar evidente, o resto seria coberto por roupas longas.

Andaram muito, a luz voltava e ia embora parecendo que os dias passavam rapidamente. Direita, esquerda, retorna. Direita, esquerda. Acharam uma porta. A luz brilhou novamente e estavam no mesmo local de partida. Ela olhou para a porta com seu nome e para a outra com o nome de Fred.

Ele percebeu a movimentação dos olhos de Ema. Fez a mesma coisa e questionou:

— O que vamos fazer? Qual escolheremos?

— Vamos nos separar. Temos que achar a saída. — Disse Ema.

Fred paralisou, demonstrava toda sua fraqueza e medo.

— Não pode me deixar, somos um casal. E se algo acontecer com algum de nós?

— Nada vai acontecer. Teremos mais oportunidade se procurarmos por caminhos diferentes.

— Mas essa não é a proposta dessa imersão. — Disse Fred.

— Não há mais propósito. — Finalizou e paralisou.

Ema colocou a mão no ombro fazendo cara de dor e percebeu que o que achava ser o suor da mão de Fred, na verdade, era seu sangue. A concentração que despejou no momento em que tentava recordar dos últimos momentos bloqueou a sensação, mas agora a fazia chorar. Algo que durou muito pouco, ela começou a pensar no que havia deixado para trás, a mudança da cidade grande, as oportunidades que começavam a aparecer, o crescimento como escritora, que foi sempre o seu sonho. Tudo para seguir Fred. Tudo pela garantia de uma vida tranquila financeiramente e tudo pela alegria de um só. Os primeiros anos da mudança, enquanto era novidade foram tranquilos. Fred dizia que lugares pequenos e casas afastadas do barulho seriam um incentivo a sua criatividade e que nada mudaria em relação ao que ela escrevia. Nos primeiros momentos, ela seguia escrevendo, no entanto, a tristeza não tardou e a criatividade e inspiração a abandonaram. Os piores sentimentos refletiam nas letras e estavam sendo transmitida em seus livros. As editoras a deixaram de lado. O que a acompanhava em todos os momentos de frustração de seu marido eram as agressões verbais e físicas que ela sempre perdoava.

Os amigos eram os dele, a família era a dele, o trabalho, o dinheiro, as escolhas... Tudo era decisão dele. Clara, era a psicóloga do casal e também, de certa forma, se tornara amiga de Ema, apenas ela parecia compreendê-la e ajudá-la sempre, fazia de tudo para que Ema não desistisse de Fred e que permanecessem na pequena cidade. Por mais que ele fosse o provedor, ela sabia que se Ema resolvesse ir embora, ele a seguiria.

Clara cresceu com Fred. Namorados de infância. Conhecia muito bem suas fragilidades e medos. Sabia muito bem o quão covarde ele era e que carregava a necessidade de estar acompanhado. Fora com os pais para a cidade grande e assim que sua mãe morreu, ele se relacionou com Ema. A afeição e necessidade transformaram-se em amor. Voltaram para a cidade natal de Fred, nunca foi o desejo de Ema, no entanto, o companheiro tinha a renda maior e daria estabilidade para o casal. Porém, com o passar do tempo, era apenas a segurança de ter alguém por perto e no fim, as bebidas e a violência começaram a fazer parte do cotidiano.

Clara sabia que Ema era o braço fraco da relação, e que estava machucada interna e externamente. Por estar longe de tudo que conhecia, sua autoestima foi diminuída e a artista que estava prestes a ser reconhecida, entrava num casulo, fazendo o movimento contrário de uma borboleta.

A força que sempre foi demonstrada por Fred nas rodas de amigos e a superioridade que exalava em suas palavras haviam sumido naquele momento de tensão. Ele sucumbiu no desconhecido. A bolha social em que vivia o deixava forte, mas quando saía para o mundo real, sua capacidade de compreensão caía por água abaixo.

Fred estava atônito, não conseguia se mexer. Ema o olhava. Sentou no canto oposto do marido. Observava o céu, dava leves beliscões para tentar acordar, acreditando ser um sonho. As luzes voltaram a acender e apagar como se dia e noite se cruzassem mais rapidamente. Sentiam frio. O casaco de Ema estava no colo de Fred que o usou para cobrir-se. Ema soltou um leve sorriso de canto de boca. Sua percepção sobre o passado recente começava a tomar forma. Sua força interior aumentava e seu cérebro parecia pular, jogando ideias de histórias, desenhos abstratos e imagens de livros que nunca concluiu. Respostas e caminhos para seus romances eram despejados em seu cérebro, páginas e mais páginas escritas brilhavam em frente a seus olhos. Por um raro momento o júbilo invadiu seu coração e a fez gargalhar.

A imagem de um labirinto verde como os olhos de Clara surgiu a sua frente. Ema olhou para Fred, que dormia encolhido e agarrando os joelhos, como uma criança levada que acabara de ganhar um castigo por quebrar um copo, e entendeu ser sua responsabilidade sair daquela situação. Independente da razão, real ou criada, estavam vivendo tudo aquilo. Sentiu que o sucesso do marido dependeu do seu fracasso e que não precisava ter sido assim. Poderia ter sido diferente, com mérito para ambos. Levantou o pescoço e leu “casal” na porta central e entendeu que nunca houve um casal, era um homem que precisava de uma mulher que o aceitasse do jeito que ele era e que não tivesse amor próprio, mas que tivesse maturidade e responsabilidade para cuidar dele como se fosse um filho. Ema renunciou a tudo por ele, como uma mãe normalmente faz.

Ela se levantou e caminhou até Fred. Cutucou-o com o pé, puxou o casaco e, com dificuldade de vestir por sentir muita dor no ombro, gemeu um pouco.

— Estou com frio. — Disse Fred.

— Devia ter vindo com um casaco. — Disparou Ema.

— Vir? Eu não queria estar aqui. — Gritou Fred.

Ema retornou a seu canto, fechou os olhos e imaginou o labirinto e os ratos de seu sonho. Visualizava as tentativas frustradas de cada um. Viu que eles se reuniam no centro e pareciam discutir com grunhidos e exposição de dentes. No labirinto dos roedores, também havia três portas. Eles também haviam saído primeiro pela que dizia “casal”. A que parecia ser a fêmea estava ferida atrás da orelha e agora apenas observava o companheiro que, como Fred, também estava paralisado esperando as coordenadas da parceira. A roedora fêmea ouriçou-se e partiu para a porta que dizia Ema. O macho foi atrás, mas ela se virou mostrando os dentes, fazendo com que ele voltasse a seu canto. Ela grunhiu e partiu, ele deitou colocando as patinhas acima do focinho.

Ema chamou a atenção de Fred, batendo com a cabeça na parede. Ele abriu os olhos, a observou e não disse nada.

— Por que não pede para eu parar de me machucar? — Questionou Ema.

Ele não sabia o que responder, não aprendeu a proteger. Utilizava a energia de quem o cercava, parecia que sua luz dependia da bateria de outro alguém e que a ligação com sua esposa parecia estar desconectada.

— LEVANTE-SE. — Ela ordena. — Olhe em meus olhos.

Fred busca a força que parece estar se esgotando e levanta. Olha para a esposa em silêncio. Parece não ter nada a dizer ou a coragem que sempre lhe faltou ficava mais evidente. Seus olhos marejados com as pálpebras vermelhas de tanto chorar, as mãos trêmulas o sentenciavam a condição de covarde.

— Por que tinha que ser com a Clara? — Perguntou Ema.

— Do que está falando? — Questionou Fred.

Ema não continuou, sabia que ele mentiria, mesmo sabendo que foi a própria Clara que lhe contou que passara uma noite com seu marido. Pediu perdão, disse que fora uma única vez e que nunca mais aconteceria. Ema apenas disse para a amiga que era a gota d’água e que voltaria para sua cidade. Deixaria o caminho aberto para ela reconquistar seu marido.

— O que a Clara lhe contou? — Finalmente Fred criou coragem para questionar e ergueu a mão.

— Bate! Covarde! Ela contou apenas o necessário! — Respondeu friamente Ema.

— Foi apenas uma vez. — Justificou Fred, baixando a mão.

— Obrigado! Isso resolve tudo. — Complementou Ema, ironicamente.

Como sempre, Fred não tinha mais o que falar e Ema teve que tomar a decisão.

— Vá por ali que eu sigo esse caminho, quem descobrir a saída, volta para buscar o outro.

— Não quero ficar sozinho! — Respondeu Fred

— É o único jeito. — Concluiu Ema e partiu para a porta com seu nome.

Foi o último diálogo de Fred e Ema.

Fred tentou segui-la, mas como fez a fêmea no sonho dos ratos, Ema se impôs. Ergueu a palma da mão, colocando no peito do marido, sacudiu a cabeça negativamente, apontou a outra porta e saiu.

Andou por algumas horas entrando e saindo, indo e voltando aproveitando os momentos em que havia luz e descansando quando escurecia. Seus pensamentos a levaram a visualizar novamente a pequena roedora. Era como se estivesse em um laboratório estudando o caminho do animal. Na verdade, ela estava seguindo os mesmos passos, dobrando nos mesmos lugares e quando viu a pequena roedora encontrando a saída, encontrou a sua também.

Como prometido, Clara os aguardava na saída do experimento. Sua face demonstrava uma certa alegria em saber que Ema saía sozinha. Fred permanecia no centro de tudo, nem tentou sair. Estava deitado em posição fetal aguardando que alguém o salvasse.

Um ano depois...

Na noite de autógrafos de seu mais recente livro, já de volta a sua cidade, um casal para em frente a mesa e a mulher fala:

— Pode colocar no autógrafo “Para o casal”.

Ema levanta a cabeça, reconhecendo a voz e vê Fred e Clara de mãos dadas a sua frente.

— Parabéns pelo sucesso. — Ele diz:

— Eu quero pedir perdão pelo que causamos. — Disse Clara.

Ema tenta enxergar os olhos de Clara, mas os grandes óculos não permitiram o contato mais honesto, tentou fazer o mesmo com Fred, porém, ele não conseguia fixar atenção. Ema escreve o que foi solicitado na contracapa do livro e diz:

— Eu só tenho a agradecer.

Ema entrega o livro ao casal. Clara lê a dedicatória, fecha e percebe o nome da obra:

“O destino certo na saída do labirinto.”

O casal virou-se na direção da saída, Ema acompanhou o caminhar da ex-amiga. Fred puxou o casaco de Clara, evidenciando grandes hematomas pelos braços e costas.

Ema levantou-se abruptamente e gritou:

— Clara! Precisa de ajuda?

Os dois viraram os rostos, Clara retirou os óculos, mostrando o olho roxo e balançou a cabeça negativamente. Fred apenas sorriu e continuou sua caminhada.

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No Brasil, ao menos 1 mulher é morta por dia e a cada 4 horas uma mulher é agredida. Apenas esses dados resumem uma história de terror.