Segundo Serjô

De início era só para amedrontar as criançadas. Aparentavam acreditar e levarem o boato a sério. Enfim, tudo não se passava de uma mentira.

Sozinhas, ninguém passava por lá. O mínimo, só se fossem acompanhadas dos pais ou de grupo de várias garotadas.

Há os que diziam serem reais os boatos.

Eu nunca paguei para ver. Já meu irmão, Serjô, jurou ser uma das vítimas.

Dissera que foi comprar o pão para tomarmos o café da manhã. Era uma manhã quente e como sobraria troco, preferiu ir sozinho para comprar o desejado doce a se degustar.

Já de retorno à casa, deu a segunda dentada no doce, quando de repente, ouviu uma voz: “Hum, também quero.”

Saciando-se do doce, nem deu trégua ao intruso. Aproveitou-se da terceira dentada. O Intruso persistiu.

Irado, por não gostar de dividir o doce, deu um não bem apático. Enfim, seus olhos buscaram pelo intruso e não o encontrou.

Meu irmão estranhou. Não enxergou ninguém a vista. Lembrou do boato de que o bendito trecho cujo estaria...

Soltou um peido e disparou a correr, segurando em mãos o pacote de pães e o leite.

Correu, correu e quando notou estava há metros de distância.

Já quase sem ar, parou a fuga. Lembrou do doce, mas não o encontrou. Só notou que o pão e o leite continuavam sob as mãos trêmulas e o short cujo usara, bem abaixo da cintura, com a cueca a vista.

Ajeitou-se no que pode e ajustou o short na posição correta.

Trêmulo das pernas, lábios secos, olhos esbugalhados e pálidos, Serjô, necessitou pausar. Sentiu o coração pulsar tão forte!

Ao olhar para trás, lá de longe, próximo à altura do fato ocorrido, avistou um sinistro vulto abaixando e apoderando-se de algo. Do nada, logo insinuando vir a sua direção. Algo que não lhe passou uma boa energia.

Serjô pôs se a correr. Correu tanto, onde só parou dentro de casa e já com as nádegas de fora. A cueca acompanhara o short, abaixo da cintura, bem próxima da coxa.

Mamãe assustou com a cena. Suspeitou de mil coisas, menos do que ele persistia a contar.

escritor Rogério Rodrigues
Enviado por escritor Rogério Rodrigues em 10/03/2023
Reeditado em 29/01/2024
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