karamazovianas
A cobiça vulgar dos vis bens terrestres, como observou um dos Fiódorovitch a respeito dos eclesiásticos em suas túnicas vernizadas da mais elegante hipocrisia fulgurou na sentença imortal: tudo é permitido! Tudo, repito, com a força de um argumento feliz e livre, é permitido!
Saiu para o ar gelado do dia escuro, cheio de suas flores perfumadas, que transiam suas ideias com a fragrância terrosa a deixar o espargir inevitável daquelas situações onde ainda reina a obscuridade.
Entrando no endereço, calhou no balcão de fórmica gasta e exigiu uma das taças, e que aquela a lhe alcançarem estivesse cheia do prazer já cediço. E, assim responderam. Num só gole obteve sucesso. Era industrioso como poucos, via-se. Sabia-se em todo sítio, aliás.
Declinou de outra. Bastava, considerou. E, certo como sempre.
Girou a rota maçaneta. A porta rangeu nas dobradiças. Não chegou aos ouvidos que estavam, cria, ocupados em escutar o som da sensualidade. Karamazoviana natureza me faz esta entrevista ambígua, espírito zombeteiro! Que engana e destrói! Eis-me aqui, fornecedores de vilão prazer! Terão com minha entrevista, em biliosa e intestina decisão!
Lembrava de umas nádegas volumosas sendo premidas por dedos potentes, que saíam de mãos titânicas. As viu em sôfrego movimento vertical. Ah, quanta avidez, observou! Depois, um salto na memória e o termo que se deu em seguida dos horríveis gritos de dor e desespero. E, o alívio do enganado. Como o peso da angústia lhe ofereceu o lugar da vingança que lo alcançou a alma leve que merecia por direito.
Carcereiro! Carcereiro! Meu pão encontra-se num estado lastimável! Veja se isso lá é possível! Convenhamos. Con...venha...mos.
A noite, outra, caía de um firmamento cheio de segundas intenções.
Tudo é permitido! E riu. Antes de adormecer em seu claustro monástico como a lâmina que lo garantiu: tudo é permitido!