A METAMORFOSE 🐛
[dedicado ao amigo André Lobo, admirador e leitor de Franz Kafka]
Certa manhã, assim me retrata
Como se fosse um inseto,
Disse-me que virei uma barata
No seu estranho dialeto!
Que coisa não? Seria senão essa
De tornar-me certo baratão,
O dever de enviar uma remessa
Para uma nova repartição!
Mas não me olhe na estranheza
Tudo é compleição física,
Já me negaram toda a gentileza
Nesta condição bem tísica
Portanto, há alguém que acredita
Que divago deitado no divã
Ah! Pernas peludas assim repita!
A barata devora uma maçã!
Nada passaria senão de neurose,
Que se faça então o correto
Depois desta triste metamorfose
Me transformei num inseto
Agora aguardaremos um obituário
Afugentem-no com a cinta
Nada há para serdes tal temerário
Talvez nada mais ele sinta,
Quanta dor e extrema agonia,
Até que se perca tal traço com vida
Dentro da simples burocracia
Melhor envenená-lo com inseticida