A METAMORFOSE 🐛

[dedicado ao amigo André Lobo, admirador e leitor de Franz Kafka]

Certa manhã, assim me retrata

Como se fosse um inseto,

Disse-me que virei uma barata

No seu estranho dialeto!

Que coisa não? Seria senão essa

De tornar-me certo baratão,

O dever de enviar uma remessa

Para uma nova repartição!

Mas não me olhe na estranheza

Tudo é compleição física,

Já me negaram toda a gentileza

Nesta condição bem tísica

Portanto, há alguém que acredita

Que divago deitado no divã

Ah! Pernas peludas assim repita!

A barata devora uma maçã!

Nada passaria senão de neurose,

Que se faça então o correto

Depois desta triste metamorfose

Me transformei num inseto

Agora aguardaremos um obituário

Afugentem-no com a cinta

Nada há para serdes tal temerário

Talvez nada mais ele sinta,

Quanta dor e extrema agonia,

Até que se perca tal traço com vida

Dentro da simples burocracia

Melhor envenená-lo com inseticida

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 22/12/2022
Código do texto: T7677663
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