Pesadelo (Relato)
Por Bruno Tavares
Meu pai se chama José Tavares. Quando criança, morava em Padre Miguel no Rio de Janeiro. Ele, a irmã e meus avós moravam próximos a um local com muitas árvores e mata. Meu pai nunca teve medo de fantasma e tal. Na verdade, ele nem acredita muito nisso. Contudo, o que ele viveu parece ter abalado um pouco a infância dele, pelo menos por algum tempo.
O quarto onde meu pai dormia, tinha uma janela de madeira grande, pela qual se via muitas árvores. De dia isso era lindo, porém a noite o efeito era horripilante. Por causa do vento, as árvores tomavam forma e dançavam loucamente. As luzes da rua as projetavam na parede do quarto, criando verdadeiros monstros nos vultos que se formavam. Meu avô sempre falava para ele que eram apenas os galhos e que por isso não precisava temer.
O medo então foi amenizado e de alguma forma, ele conseguiu lidar. Algum tempo passou até que em uma noite meu pai acordou muito assustado após ter um pesadelo. Naquele momento, tudo se intensificou. Estava chovendo e o vento assoviava mais do que nunca. As sombras na parede não eram as mesmas das outras vezes, mas tomavam formas grotescas e assustadoras.
Meu pai conta que, por mais que ele tentasse colocar na cabeça que era tudo fruto da imaginação, aquela atmosfera o sufocava bastante. Até que ele viu um vulto de formato semelhante a uma pessoa, e isso o traumatizou. Uma criança enfrentando uma manifestação paranormal deste tipo: o que você faria?
Correndo, foi chamar os pais para explicar o que havia visto. Meus avós acordaram sobressaltados ao escutar os barulhos e o filho chamando. Apos ouvir o que meu pai tinha a dizer, foram verificar. Meu avô, com toda calma, mostrou que não havia nada demais. Ficou alguns minutos conversando e acalmando o filho, até que o peito aquietou-se e depois de horas e um chá, ele pegou no sono. Meu avô fechou a Janela e foi dormir.
Após muitos anos do ocorrido, conversei com meu pai a respeito dessa história e minha curiosidade me levou a questionar se ele realmente tinha visto algo. Ele jura que sim! Afirma ter visto o tal vulto em formato de pessoa. Uma coisa é certa: se foi uma assombração ou não, o melhor mesmo é acreditar que tudo não passou de uma brincadeira do vento com as árvores.
FIM