O DIÁRIO DO HOSPÍCIO – PARTE II 🏥
[fragmento da loucura]
Vejam! Estão me observando
As cabeças que saem desta parede,
Aos poucos viram e olhando,
Estou aqui! Ainda tenho essa sede!
Como elas são bem velozes.
Serpeiam como as cobras pelo teto
Dentro da cabeça tais vozes
São para mim como um desafeto!
Estou em uma torpeza funda
Medicado com as drogas terapêuticas
Um morto, numa fria tumba
Dou lucros as fábricas farmacêuticas
Não vejo nada, apenas disformes
Manchas que parecem alguns borrões.
Pontos pretos assim tão enormes
Frutos da mente? seriam umas ilusões?
São vidas que foram cativas,
E querem me repassar certa mensagem
Agora me parecem tão vivas
Como uma lúcida e palpável miragem
Vejo tantas imagens vaporosas
Preciso que alguém por mim assim torça
Chega das lágrimas silenciosas
Quero me libertar desta camisa de força!
Na próxima sessão de lobotomia
Levarei a faca dentro da minha camiseta
Com ela libertarei a real fantasia
De tornar-me aqui o discípulo do capeta!