Colina Silenciosa - O Portal para o Mundo dos Mortos - Capítulo Um - Parte Seis
Ricardo entrou pela porta que ficava no canto noroeste do hotel, abaixo da escadaria que levava o segundo andar e ao lado do elevador esquerdo. Chegou a um dos corredores com quartos do local, um total de cinquenta aposentos, aparentemente fechados.
Não havia sinais de luta ou violência no corredor. Nem mesmo uma gota de sangue, mas ele ainda queria investigar os três andares do edifício e por isso tentou abrir a maçaneta do primeiro quarto, girando-a. A tranca se moveu e a porta abriu para um simples quarto, com cama de solteiro, uma televisão tela plana de trinta e duas polegadas, um frigobar e ar condicionado.
Mas ali estava bagunçado, objetos jogados ao chão, fronhas e toalhas espalhadas, e algumas folhas de caderno espalhadas pelo chão, mas apenas um molho delas chamou atenção de Ricardo, que a apanhou e leu:
"03 de junho
Está tudo tranquilo na minha viagem de férias, o preço do quarto é legal e até que é confortável. Acabei de chegar aqui e amanhã vou poder conhecer mais dessa cidade.
04 de junho
Cara, saí hoje de manhã cedo e me surpreendi. A cidade é pequena, mas o povo é bem receptivo. A comida é muito boa e a paisagem é excelente. Você tinha que ver a colina, é a única do país e acho que a mais linda do mundo.
05 de junho
Foi declarado um horário de recolher hoje, por causa de alguns acidentes e mortes estranhas. As autoridades pensam que foram causadas por animais, mas ninguém sobrevive aos ataques para contar a história e muitos desapareceram durante as trilhas na floresta. Ainda bem que eu não quis ir de novo.
06 de junho
Que animais nada! Os assassinos eram pessoas mesmo! Estão devorando umas às outras como se fossem índios canibais ou pior, porque até onde sei, os índios cozinham primeiro as vítimas, mas esses caras comem vivos mesmo e em carne crua!
07 de junho
Cara, tá tudo pior! Parece que estou no meio de um filme de terror. As vítimas dos canibais estão saindo do necrotério, voltando como se ainda estivessem vivas e fazendo o mesmo que seus assassinos, atacando e devorando pessoas vivas sem piedade.
08 de junho
O hotel tá fechado. Ninguém entra e ninguém sai. Estamos em quarentena, porque nem mesmo as autoridades conseguem explicar o que está acontecendo. E sabe o que é pior, perdemos a comunicação com o mundo afora. Os telefones e computadores não funcionam de maneira alguma.
09 de junho
Essa é a última vez que escrevo. Os mortos estão tentando invadir o hotel e vou me juntar aos outros para nos defender. Espero que um dia possa voltar, mas caso eu morra, vou deixar esse diário para quem chegar aqui, se mandar logo e se livrar de tudo o que está acontecendo. Adeus".
Não havia assinatura, e também não tinha ninguém no quarto, por isso, Ricardo fechou o livro e o pôs sobre a cama, saindo logo do quarto de volta ao corredor, agora entendendo o que havia acontecido naquele lugar.