V. DE VAMPIRA
Lembro que alguém me contava essa lenda, quando eu era criança. Hoje, com 25 anos, eu recordo ainda, como uma alegoria perfeita do que é o amor. Talvez até tenha servido para moldar um pouco a minha personalidade, nesse aspecto.
Conta a história, que um menino de 15 anos, chamado Naim, se apaixonou perdidamente por uma menina chamada Malika, que sempre o destratou e o humilhou das piores formas possíveis. Mas inconsolável, não suportando mais esse grande amor que transbordava no seu peito, o menino definhava, chorava trancado no seu quarto e escrevia cartas para a sua amada. Até que suas preces foram ouvidas por uma deusa, que se compadeceu dele. Ela teve tanta pena, que tocando o coração de Malika e vendo que ela jamais o amaria, disfarçou-se dela e aproximou-se do garoto.
Conforme o tempo passava e com a recusa da deusa de se encontrar com o garoto na escola, para que a sua farsa não fosse revelada, Naim passou a tratá-la mal e a rejeitá-la. Até não sentir mais nada por ela. A mudança de tratamento com ele na escola, quando a verdadeira Malika agia, para quando se encontrava fora da escola, com a deusa disfarçada, também confundiam ele.
No fim, a deusa agora apaixonada, passou a ser rejeitada, enquanto a própria Malika, alheia a tudo, continuava espezinhando o rapaz, como sempre fizera.
Agora, essas histórias tão antigas já deveriam ter sido esquecidas, mas ainda me assombravam. Porque em meio ao drama que se tornou a minha vida, sempre tinha alguma, com um bom moral para me ensinar alguma coisa. Eu, relegada, que me afastei da fé que alimenta todas essas narrativas, me encontro fora das fronteiras que rodeiam o mundo natural agora. E nada que sobrou é bom.
O ano eu não me lembro, nem do local ou dos nomes dos envolvidos. Nem do meu próprio tinha consciência, até ser batizada de novo, pela senhora indígena que me encontrou, quase morta. Ela se chamava Sora. Curou o meu corpo e o meu espírito. Mas não pode resgatá-lo de quem o capturou, enquanto estive morta. Pelo menos isso foi o que ela disse. O que só pude comprovar na minha segunda morte.
Eu tive que deixá-la, Sora, mais cedo do que eu esperava. Fui grata e a amei, resistindo o quanto pude às suas generosas ofertas de redenção e perdão. Percorri a paisagem árida do deserto sem nada além da minha faca. Não sabia como eles eram, suas aparências, o som das vozes, seus cheiros, só o que tinham feito. Se dizem que a vingança é cega, no meu caso isso era literal. Mas tinha algo comigo que me guiava e eu confiava nisso, com todas as forças. É o ânimo que infla o meu espírito agora, pois aquele que Deus soprou em Eva e que a todo o ser vivo anima, esse esvaiu-se para sempre.
Passei fome, sede e fui testada além de quaisquer limites os quais o corpo humano é capaz de suportar. Até chegar na cidadezinha fantasma de Kahf Muzlim, onde tombei, exausta, na entrada de uma igrejinha. O desespero ao perceber que ali estava, me fez agir da forma mais desvairada que alguém pudesse agir, diante da situação de se encontrar nas cercanias de uma cidade amaldiçoada.
Havia muitos anos que aquele lugar tinha se apagado do mapa. Até a rodovia interestadual fora desviada para impedir que qualquer desavisado por lá se perdesse. E por algum motivo, que eu não conseguia compreender, eu estava lá. Tomei nota com bastante atenção, mapeando o lugar detalhadamente. Cada poste, casa, lanchonete, posto de gasolina. E fui seguindo.
Caminhando. Conforme me distanciava das construções, adentrava um bosque aprazível, onde os raios de sol reluziam entre as copas das árvores e os pássaros cantavam doces melodias. Um lago cintilava refletindo a luz através das ondulações de suas águas calmas. E eu me entreguei a vontade de me despir e tomar um banho.
Tudo em volta fazia contato comigo. Era como se a natureza daquele lugar conversasse comigo e me quisesse e eu a queria de volta. Sensação agradável. Uma Força revigorante, como se eu fosse reenergizada. Até eu perceber que não estava sozinha. Subitamente, aquela criatura nua emergiu do lago. Seus olhos verdes e cabelos louros escondiam qualquer condição que eu percebia ser maligna. Todos os pelos, ainda que molhados, do meu corpo, se arrepiaram ao perceber esse mal. Tão jovem e fresca. Olhava-me séria e contemplativa. Sem desviar o olhar, nem piscar. Eu arrisquei o primeiro contato. Toquei seus lábios, ela permaneceu imóvel. Soltei um risinho nervoso e ela deu um salto para trás e imitou meu riso, envergonhada com as mãos cobrindo a boca.
Mergulhou e girou em círculos ao redor de mim, me cercando, como se eu fosse a sua caça. Eu já estava me divertindo. Perdera o medo. Queria tê-la em meus braços agora. Agarrá-la. Meu medo agora era que ela fugisse. Até que não houve mais movimentações na água. Tudo parou. O silêncio súbito e pavoroso. Então ela me puxou, com muita força. Eu me debatia, mas aí ela me envolveu num abraço e depois seus lábios tocaram os meus. Voltamos à tona e nos beijávamos. O calor me sufocava, mas não era calor, só uma consumação irrefreável que nada parecia diminuir, nem seus beijos ou o toque da sua pele. Tais desejos eram tão ardentemente saciados como já descrevi ser meu primeiro contato com aquele lugar. Entregava-me como que ao fogo, para ser queimada por vontade própria. Mas as chamas não me consumiam. Eu as consumia e me nutria delas.
Quando ela, com um de meus seios em sua boca, mordendo-o, me fezendo gritar de dor, pude constatar, entre sua expressão aterrorizada, afastando-se, seus caninos pontudos e aqueles olhos agora mais vivos, como olhos de felina, o que ela era. Eu sei que não era humana. Foi o primeiro indício, antes de ver ela mergulhar e sumir para sempre. Foram essas as suas palavras antes do mergulho.
-Você é do mestre. É você a escolhida. Eu não posso, não posso. Você é dele.
Tentei ir atrás dela, mas tudo o que pude ver foi uma calda dourada de peixe abanando e a água ficar turva.
Suspirando pela minha perda tão breve e inesperada, adormeci debaixo de uma árvore às margens do lago. Acordei sendo lambida por um cavalo todo negro. Ele falava.
-Vamos, depressa. Você é a noiva. Todos a estão esperando. Vista-se. Vamos.
Tinha muitas perguntas. Nem me questionei que estivesse falando com um cavalo. Só queria as respostas. Mas ele só reclamava e dava ordens. Sem sanar minhas dúvidas.
Temos que ir. Você está sendo esperada. Blah, blah, blah.
Conforme eu ia cavalgando e aquele ser mágico em forma de cavalo ia me contando mistérios que deveriam soar a mim familiares, eu fui me lembrando de tudo. Por isso que ao descer, sendo gentilmente recebida pelo cortez cavalheiro que me estendeu as mãos, eu esbocei o mais largo sorriso que consegui. Pois sabia quem ele era. Lembrei-me de tudo.
Nós nos casamos. Estavam todos lá. Os convidados. Meus amigos. Minha nova família. O que eles fizeram por mim, eu jamais poderia esquecer. Como pude esquecer? Como isso se apagou?
Nossa caravana atravessava o deserto em disparada. Com os cavalos trotando a todo vapor. Era perigoso atravessar o deserto à noite, por causa dos ladrões. Mas esses não esperaram sequer anoitecer. Nos interceptaram. Derrubaram os cavalos. Avançaram pra cima da diligência e nos trucidaram, todos. Os tiros dos mosquetes e as machadadas puseram fim às nossas vidas das formas mais desumanas e doloridas possíveis. Toda a minha família estirada em poças de sangue, seus membros decepados, os pedaços dos corpos separados e dilacerados. Mas não fizeram isso comigo. Não me desfiguraram. Porque usaram o meu corpo para saciar suas necessidades imundas. Só um tiro na cabeça. Foi o que me matou.
Embora a festa estivesse animada e aqueles rostos tão familiares, singrassem aleatóriamente com ofertas auspiciosas de boas vindas, sorrisos e graças, era a vingança que martelava ainda mais forte em mim. Rowan me olhava com ternura e conforme a bebida ia entrando, sua lascívia ia saindo. Comigo não era diferente. O desejava profundamente e nos amamos na tenda.
Nossos costumes não só eram parecidos com os dos povos bárbaros, como éramos o povo bárbaro originário. Assim, de tempos em tempos, no final de cada ciclo, nos mudávamos para um novo local. Não nos fixamos permanentemente. Eis talvez por isso, maior a dificuldade em encontrá-los. Existe uma verdade, um segredo, que o nosso povo guarda e que se mantém como o maior e que por mais tempo foi mantido. O de nossas origens. Reacendeu-se em minha memória, de um sonho conturbado, mas era uma lembrança. Donovan, contou-me uma noite, depois que todos já dormiam, em volta da fogueira.
- Nosso dom é nossa maldição, A´idah.
- Você diz, a imortalidade? - perguntei sonolenta.
-Sim, mas não só isso. Nossos poderes. Tudo o que nos torna especiais.
-Mas como pode ser uma maldição? Os humanos sonham com isso. Seria a recompensa deles, se não tivessem desobedecido o seu deus.
-E por isso essa recompensa é nossa. Você não entendeu? - desafiou-me o mestre, erguendo as sobrancelhas. Mas eu não entendia o que ele queria dizer.
-Na tradição judaica existe uma lenda, uma outra versão sobre a criação do homem e da mulher, bem diferente da contida no gênesis. Ela diz que antes de Eva Deus criou Lilith, e que essa primeira mulher foi criada do barro e Deus soprou-lhe a vida nas narinas exatamente como fez com Adão. E quando o homem quis subjugá-la, ela não aceitou. “Como me sujeitaria a ti, ó homem? Que da mesma forma que eu fostes criado? Um punhado de barro moldado na mão. Braços, pés, mãos, cabeça e depois do sopro fomos animados? Tanto e em tudo igual, sem diferença alguma. Como queres que de forma diferente seja eu tratada com relação a ti?”
-Eu não entendo. Essas tradições que você menciona. Judaica, cristã, são tão estranhas ao nosso povo. Como podemos ter ligação com essas crenças?
-É verdade. Você tem razão. É porque depois disso tanto o homem quanto a mulher foram considerados indignos de permanecer na presença de Deus e foram expulsos. Não apenas Lilith, que é como essa história foi contada. Mas Adão foi com ela e vagaram miseravelmente pelas trevas, inconsoláveis.
-Então somos os rejeitados de Deus?
-Não é tão simples, mas de certo modo sim.
Era maio, primavera. Tinha me localizado e fincado raízes na comunidade. Sei quem sou, quem fui e podia arriscar quem eu seria. Mas pra isso teria que resolver essas questões do passado. O sol banhava os campos e as margaridas de dourado e o cheiro de café fresco inundava o ar. As crianças brincavam, corriam. Os animais eram alimentados, algumas pessoas se banhavam no lago. Mas o meu coração, inquieto, gritava algo. E era insuportável, espetava como espinhos.
Aqueles quatro malfeitores que destruíram tudo o que um dia eu já amei. Destruíram-me também, por completo. Meu corpo e meu espírito.
Eu parti antes que desse tempo de qualquer um deles sentir a minha falta. Mesmo Rowan. Não o vi e não sabia se o veria de novo.
Se aqueles mercenários viviam do mesmo jeito e acredito que sim. Eu sabia exatamente por onde perambulavam. Gente assim deixa rastros por onde passa. Era só questão de tempo e eu os encontraria.
Arranquei as vendas dos olhos deles tão rápido quanto pude. Queria que os quatro ao mesmo tempo olhassem para mim.
Estão me reconhecendo? Seus montes de merda? - Eles se tremiam convulsivamente. Em pânico. Mas eram sarcásticos e maus. Eis características que todos tinham em comum. Pendurados pelos pés naquela trave, salivavam enquanto soltavam gargalhadas demoníacas numa espécie de balido medonho.
-É aquela puta, Zayn, é aquela puta da estrada. Lembra o que fizemos com ela? Você lembra? - Empolgado o canalha soluçava de tanto rir.
-É ela? É ela mesmo? Tem certeza? - respondeu Zayn.
-Eu só vou lembrar se colocar o meu pau dentro dela de novo. Vem cá, sua puta! Vem! - grasnou o terceiro, pois era isso que ele parecia, um corvo filho da puta.
O quarto elemento, o mais novo, só fazia chorar. Nada dizia.
Eu me aproximei com minha faca e o Hani, boca suja que disse que queria colocar em mim, se borrou todo.
-Ei, ei. O que vai fazer sua vadia desgraçada? Vagabunda. Você sabe que você quer. É disso que você gosta, não é? Não, não vai fazer nada. Sua puta. Não, não, para. Para com isso!
Enquanto ele se sacudia e o seu suor sujo respingava em mim, pude sentir o cheiro do seu medo. Era doce, satisfatório. Eu cortei o pau dele fora e foi fácil, pois o tarado escroto estava teso. Ele gritava tanto, era ensurdecedor. Lembrou-me dos porcos que o pai e a mãe matavam na fazenda.
-Eu não fiz nada moça. Eu não participei daquilo. Não me machuque por favor. Me deixa ir, - gritou em desespero o mais novo. Chamava-se Caled.
Aproximei-me dele, que logo, como o terceiro, entrou em pânico mas sem vomitar impropérios, esse só chorava. Enquanto eu me aproximava desse, devagar, o primeiro regurgitava suas asneiras:
-Ei, sua, sua burra. Mulherzinha inútil. Isso já faz tanto tempo. Gamou tanto assim em nós que não esqueceu esse tempo todo, sua vaca! Heim? Vem sentir aqui, vem. Vem cá com o pai.
-Calma aí velhote. Você será o último. Tenho algo especial pra você. Espere a sua vez. E você, criança. Quantos anos tem agora? 20? - provoquei passando a faca de prancha no seu rostinho macio. A ponta fez um leve corte na têmpora dele. - Você não fez nada mesmo. E acha que por isso deve se safar? Não fazer nada, enquanto uma família inteira é trucidada e uma mulher inocente é morta e estuprada, não é algo que se possa contar por aí como uma virtude. É? Mas calma. Eu vou dar uma chance de você provar que se arrependeu. - Eu disse e cortei a corda que atava os seus pés. Ele caiu no chão e quase quebrou o pescoço. Agradeci por não ter quebrado. Não era o que eu queria pra ele. Seria uma morte rápida demais.
O Zayn, antes tão engraçado e cheio de piadas, agora estava quieto. Até chegar a vez dele. Eu peguei a faca e comecei a esfolá-lo vivo. Ouvi dizer que é possível arrancar toda a pele de uma pessoa e causar tanta dor quanto necessário, sem matá-la e depois eu cortei a garganta do desgraçado e tomei o seu sangue. Tanto tempo sem sentir o gosto do sangue humano. Como era bom. As súplicas, toda a agonia dele enquanto eu deixava a minha marca. A faca deslizava com a exata força suficiente para desprender a pele da carne. A gordura, como cola, autocolante, que se soltava devagar.
A essa altura o terceiro já estava morto, tinha se esvaído em sangue. Pendurado e balançando como uma galinha morta. O primeiro, esperto, percebendo o que eu pretendia fazer com o menino, passou a atacá-lo.
-Tu, seu merdinha. Vai fazer o que? Vai me matar, se ela mandar? Seu burro. Acaba com a raça dessa louca, vagabunda. Somos parentes. Você não vai escutar ela, vai?
-Tio, o senhor só cuidou de mim porque eu fiquei órfão muito cedo. Mas o senhor nunca foi bom comigo. Aliás, o senhor nunca foi bom com ninguém. E eu nunca tive nada. Não podia ser melhor do que sou. Parentes, somos. Mas família? Essa noção de família que vocês têm é totalmente diferente do que é ser uma família de verdade.
-Ora seu, seu bastardo. Como ousa? traidor desgraçado.
Eu cochichei algo no ouvido do rapaz antes de entregar-lhe a faca. Eu estava segura. Primeiro, que embora ele tentasse, não conseguiria me tirar a vida, por isso, valia a pena arriscar.
-Vai, eu disse, convicta e o empurrei pelo ombro.
Ele foi e abriu o tio desde a virilha até o pescoço. Depois largou a faca e ficou paralisado vendo o homem estrebuchar.
Quando me aproximei ele olhou pra mim, mas permanecia catatônico. Com a boca aberta, babando. Eu o abri mais e arranquei suas vísceras, tirando tudo pra fora. Os orgãos miúdos caíram com uma cachoeira de sangue e eu puxei os intestinos e os enrolei no pescoço dele. Uma cortesia post-mortem.
O garoto permanecia do mesmo jeito. Inerte. Por um instante eu quase entrei em estado catatônico, como ele. Mas logo voltei a mim. O encarei. Ergui seu rosto, segurando-o pelo queixo. Fiz com que olhasse nos meus olhos. Quando percebi que ele voltou eu o beijei. Ele estava nervoso. O beijo demorou um pouco a fluir. Até que se empolgou e eu retribui todo aquele desejo. Seus lábios eram tenros, úmidos. Eu tive apetites intensos e ardorosos por aquele rapaz. Queria que ele me possuísse. Ou ao menos que eu o possuísse. Então cravei os caninos no pescoço dele e drenei o seu sangue até ele cair morto em meus braços.
Montei no cavalo e segui de volta pra casa. Agora eu tinha um lugar pra voltar. Um lar. Voltei para o vilarejo e revi a vózinha Sora pela última vez. Contei-lhe tudo. Quem eu era, a tragédia que me sucedera e por fim minha vingança. Até este segredo maior, que para ninguém deveria ser revelado. Que eu era uma vampira. E que diferente do que se dizia por aí, vampiros não transformam humanos em outros vampiros como eles. Só nos alimentamos deles e depois eles morrem. Isso, se fosse o caso, seria presentear-lhes com a dádiva que o próprio criador os negou. A vida eterna. E sabe-se lá se hoje ainda existiriam humanos. Não seria um bom lugar para se viver. Que bom que não é assim.
Se couber ainda mais uma anedota, tenho essa. Que no bordel no qual arrumei profissão para vigiar e fisgar aqueles quatro biltres, certa noite conversei com um bêbado, que era um de nós. E ele confidenciou-me algo, na cama, depois do sexo:
Sabe o que se passou com Adão depois de expulso? Deus mandou um anjo, que arrancou do peito dele o seu próprio nome. Pois não seria mais o primeiro homem. Seria esquecido para sempre. Apagado da história. A violência brutal com que fora arrancado o nome de Adão o deixou caído no chão, morto. Então Lilith, aflita por não ter um marido para continuar sua linhagem, aceitou um certo pacto com um animal astuto que perambulava por aquelas regiões inóspitas e esquecidas.
Só achei uma boa história para passar o tempo. Contei-a ao cavalo que riu dela, debochado, como sempre fazia.
Agora posso voltar tranquilamente para o meu povo e para os braços de Rowan e contar-lhe a boa nova. Que o fruto do nosso amor brotou em mim e que logo seríamos finalmente uma família. Uma família para sempre.