A corrente

Num fim de tarde, dia 11 de setembro, Júlia e Kenned saíam para um noite romântica. Além de um casal jovem, ambos eram colegas de faculdade. Júlia tinha a mesma idade do seu namorado.

Kenned era muito conhecido nas redes sociais, pois era um influencer e fazia parte do time de futebol do seu curso na faculdade. Sua namorada era vista com uma das meninas mais atraentes em seu meio social, também era bastante popular, e muitos invejavam o bom relacionamento do casal.

Nessa noite, Júlia aproveitou o momento para curtir um pouco com o seu amor.

Kennedy já estava desejando esse momento a muito tempo e se esforçou para que tudo desse certo. Ambos pediram um prato refinado de bacalhau com guarnições variadas. E então, começaram a conversar.

- Fiquei feliz que você aceitou jantar comigo. Ultimamente a senhora anda tão ocupada. - Disse Kennedy soltando leves risadas enquanto se servia.

- Ah, você sabe como é amor. Não é fácil ter de lidar com a faculdade, minha mãe doente e pessoas dando em cima do meu namorado. - Júlia fala lançando um meigo olhar para Kennedy, que segura suas mãos lentamente.

- Não é minha culpa se meus fãs adoram o meu trabalho rsrs. Eles confiam no que eu faço.

- Eu sei Ken, mas talvez você devesse passar menos tempo pensando neles e mais tempo pensando em nós. Afinal de contas, você ama mais os seus seguidores ou a sua namorada? - Júlia se exaltou um pouco.

- Ei, calma, não há nada nesse mundo que eu ame mais do que você. Tá bom? - Kennedy se aproxima de Júlia na mesa e a abraça.

- De verdade? - Júlia indagou.

- Nunca falei tão sério sobre isso Ju. - Kennedy a beija e Júlia corresponde mas logo hesita em continuar.

- Não é muito elegante fazermos isso aqui rsrs. Vamos terminar o jantar e relaxar um pouquinho.

Assim que saíram do restaurante, Kennedy levou sua namorada para a casa de sua sogra.

- Tem certeza de que tu não quer ir lá em casa? A gente pode ver um filme e eu te levo na tua mãe de manhã cedo.

- Ken, mamãe tá muito mal, ela precisa de mim agora. E você sabe que as coisas não andaram fáceis pra ela, desde que ... - Júlia foi interrompida pelo seu namorado.

- Seu pai foi uma boa pessoa Júlia, eu tenho certeza de que eles se orgulharia muito se estivesse aqui.

Ambos se abraçaram e entraram na casa da mãe de Júlia. Donna Paola estava sentada em sua cadeira de balanço assistindo a um seriado na tv.

- Espero que melhore logo, se precisar de algo, é só me ligar e eu venho o mais rápido possível. Então Kennedy se despediu da sua namorada e sogra, voltando para a sua casa.

No meio da noite, Kennedy recebeu uma corrente no WhatsApp de um número desconhecido, nela dizia “Compartilhe essa mensagem para 5 pessoas e escolha 1 pessoa para sacrificar ou você irá para o inferno. Preencha a lista abaixo e envie para eles:

1) (nome) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não

2) (nome) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não

3) (nome) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não

4) (nome) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não

5) (nome) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não ”

inocentemente ele a compartilhou com seus amigos. Dando risadas irônicas, achando engraçado que a corrente tivesse poder sobre o destino das pessoas , ele selecionou alguns contatos e enviou a mensagem no grupo com seus amigos:

“Compartilhe essa mensagem para 5 pessoas e escolha 1 pessoa para sacrificar ou você irá para o inferno. Preencha a lista abaixo e envie para eles:

1) (Mateus) / sacrificar? ( ) Sim; (x) Não

2) (Sabrina) / sacrificar? ( ) Sim; (x) Não

3) (Hélio) / sacrificar? ( ) Sim; ( ) Não

4) (João) / sacrificar? (x) Sim; (x) Não

5) (Rita) / sacrificar? ( ) Sim; (x) Não ”

- “Que porra é essa mn?” [Mateus]

- “Esse bixo skskksk” [Hélio]

- “Uma hora dessas, Ken vai dormir!” [Rita]

- “Que isso mn, oq que eu te fiz?” [João]

- “‘Que isso mn, oq que eu te fiz?’ // rlx mn, é só um jogo sksk” [Você]

(João reagiu com um emoji (😡) à sua mensagem “rlx mn, é só um jogo sksk”)

- “Puts, ele escolheu te sacrificar João, deixava não oh ...” [Hélio]

- “Boa noite gente, o que tá acontecendo?” [Sabrina]

- “‘Puts, ele escolheu te sacrificar João, deixava não oh ...’ // deixa eles os de vdd eu sei quem são” [João]

- “‘Boa noite gente, o que tá acontecendo?’ // nada de mais, só o Ken mandando corrente no grupo” [Rita]

- “E sacrificou o João, agora ele tá com medinho” [Mateus]

- “‘E sacrificou o João, agora ele tá com medinho’ // vcs são fuleiro mesmo” [João]

- Relaxa aí João, já paramos, foi só uma brincadeira mn [Kennedy]

- 🖕🏼👌🏼👍🏼 [João]

- Skskskksks [Hélio]

- foda lek [Mateus]

- blz gente já acabou a briga do casal, então vou dormir boa noite [Rita]

- boa noite [Kennedy]

(João reagiu com um emoji (😒) à sua mensagem “blz gente já acabou a briga do casal, então vou dormir boa noite ”)

...

Feito isso, Kennedy foi beber um copo d'água e voltou para cama, pegou seu celular e começou a buscar por informações do tal número desconhecido, mas não obteve resposta alguma. Inclusive esse contato nem atendia às chamadas ou sequer ficava online.

Pela manhã do dia 18 de setembro, Kennedy ligou para sua namorada.

- Oi, amor! - Júlia atendeu no quinto toque.

- Sinto muito sua falta - Ken falou enquanto estava no volante a caminho de sua universidade.

- Amor, eu penso em você todos os dias. As coisas andam muito malucas aqui desde que me mudei com a minha mãe.

- Eu sei amor, sei que está fazendo isso para um bem maior. E sei que sua mãe vai se recuperar logo em breve.

- Daí a gente vai poder ficar juntinho - disse Júlia muito animada

- Sim, amor, é claro que vamos. Eu prometo - Respondeu Ken com pouco animação.

- Amor, está tudo bem? - Júlia perguntou.

- Ah, claro, é que estive estudando até tarde ontem então já tenho que ir, tenho aula daqui há pouco. Beijos! - Ken desligou o telefone e foi assistir aula em sua faculdade.

Na aula de Ética Profissional, somente Rita e João pagavam essa matéria com Ken.

- Oi, Rita. Você viu o João?

- Não, mas sabe como ele é, ele odeia Ética. - - - Deve estar fazendo a atividade de Cálculo III que ele esqueceu de fazer ontem.

- Ah, é verdade! - Ken concordou com Rita.

Mateus, Sabrina e Hélio estavam na biblioteca estudando e Ken fora perguntar deles se tiveram visto João por alí. Todos Negaram.

- Ué, achei que ele estivesse com você. - disse Hélio.

- Já tentou ligar pra ele? - Mateus perguntou.

- Não... Nem passou pela minha cabeça... - Ken respondeu com sarcasmo.

- Bem, talvez ele apareça mais tarde, deve ter tido algum compromisso hoje. - Disse Sabrina.

- Vocês têm razão, vamos esperar ele aparecer.

Kennedy estava preocupado com o que poderá ter acontecido com seu amigo. Algo o incomodava e tinha algo a ver com a mensagem que recebera do número desconhecido há uma semana. Realmente ele parecia preocupado.

- Relaxa, João já é grande e pode se virar. Ele vai já chegar - Mateus disse calmamente.

- Tudo certo então, espero que ele esteja bem.

Ken foi almoçar sozinho, já que sua namorada havia se mudado para outra universidade quando se mudou para outro estado. Durante o almoço eles faziam vídeo-chamada para se verem. E era o único momento para conversarem. Ken, claramente não contou a Júlia sobre a mensagem. Quando no meio da chamada de vídeo, Ken recebe de um número desconhecido diversas ligações . Ele encerra a chamada com Júlia, inventando uma desculpa e atendeu, mas o sinal caiu.

Segundos depois, Mateus, Sabrina e Hélio avisam Rita e Ken que João faleceu.

Segundo os médicos, houve uma suspeita de homicídio, visto que a vítima estava com diversos ferimentos por possíveis armas brancas, seus olhos perfurados e um lado de suas mãos arrancado.

Kennedy ao ouvir a notícia foi para casa ignorando seus amigos e chorando no meio do caminho. Lidando com os freshbacks em sua mente dos bons tempos com o seu amigo, ele quase foi atropelado por atravessar a rua sem olhar para os lados. E de fato, uma moto passando de raspão o derrubou fazendo-o ralar sua testa.

Ao chegar em casa, sua testa estava sangrando um pouco e ele foi limpar. Uns minutos depois, dois policiais chegaram a sua casa, interrogaram seus pais e pediram para checar alguns cômodos da casa.

- Mas é claro! Sem problemas. - disse a mãe de Ken.

- Não temos nada a esconder, não é filho? - perguntou o pai de Ken.

- Sim fiquem a vontade. - Meio hesitante respondeu.

Ao resvistarem o quarto de Ken, uma faca ensanguentada debaixo de sua cama. Ao afastarem a cama, os policiais encontraram uma mão humana.

- Kennedy Silva Monteiro Filho, você está preso por suspeita de homicídio, tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal. - um dos policiais algema Ken.

Meu filho nunca faria isso, foi um engano! Aí - - Meu Deus, me ajuda... - a mãe de Kennedy se pôs a chorar no chão.

O pai tenta acalmá-la, mas ambos choram de dor enquanto acompanham seu filho de 19 anos entrando na viatura da polícia...

No dia seguinte, após o exame da perícia, confirmou-se que o sangue na faca que estava debaixo da cama de Ken pertencia a João. E ele foi preso.

Câmeras de segurança flagraram Ken saindo às 1:15 da madrugada e outra câmera da lateral da casa de João confirmou que ele havia invadido a casa pela porta for fundos que estava aberta, ele estava armado com uma faca que utilizou não dó para dar fim à vida de João, como também matou silenciou seu cachorro que começara a latir quando o viu entrando.

(CONTINUA)