DEMÔNIOS NOS CONCRETOS

& EM COPOS DE CHÁ

 

Ele faz uso de medicina… E a medicina lhe trará, muito mais médicos… E medicinas. Médicos caem dos compartimentos no teto dos hospitais. Constantemente em filas de atendimento eles brotam do chão. Robôs prontinhos segurando diplomas nas mãos (às vezes caixas de maquiagem também). Ainda em sonho, encontro dois grandes amigos (de dois polos diferentes na linha da vida) Contam pra mim o quanto eu era importante pra eles, e que eu continuasse escrevendo e não pensasse em parar… Mal sabem que penso em parar com frequência demais… Faço uso de meus médicos. Não acredito quando curam o homem… deve ser por isso que não sinto medo de nada também, enfim… Sonhar com histórias prontas…Talvez seja como quando um carpinteiro desperta sorrindo, se lembrando perfeitamente duma peça que sonhou e como ela ficará… Linda.”

 

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Ela tinha mechas brancas chamadas “precoces” por alguns que tiveram coragem demais pra dizer em voz alta. Ana Paula dizia que cada uma delas pertenceu a um morto… Pertenceu a algum susto... E que agora, os sustos tinham passado. Quando criança os chamava de “Demônios nas coisas”, “Demônios nos concretos”. Hoje ela pensa que são espíritos e prefere ignorá-los. Ana Paula não gosta deles e não tenta interagir com eles… se dependesse de sua própria vontade: Não os veria mais, nunca mais. Ana Paula era jovem já tinha a fama de bruxa velha. Era comunicativa demais pra viver isolada num lugar alto perto da floresta, amava o prateado da cidade grande… Tinha uma personalidade tão forte que jamais permitiu que os espíritos tirassem sua vida social.

 

Era um sábado de noite quando subia a ladeira… Muita chuva naquele momento, mas durante a manhã fizera um sol castigador. Horas antes trabalhava na secretaria de uma escola e distraidamente foi abrir uma gaveta e viu dois olhos se mexerem lá dentro. Junto com eles, dedos tentaram arranhá-la nas mãos. Puxou os dois braços pra trás num susto indisfarçável. No próximo segundo, olhou calmamente pra dentro e viu que se tratava de mais uma “daquelas coisas que ninguém vê” eram como baratas, mas sem cabeça. Tentou disfarçar mas suas colegas a olhavam como imensa apreensão... “O QUE VOCÊ VIU?!” - Perguntaram.

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 21/11/2022
Reeditado em 21/11/2022
Código do texto: T7654483
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