... Eis que chegava O PROFESSOR de educação física soprando seu apito. Todos se viraram pra ele…De repente pareciam se sentir obrigados a se direcionar ao apito. Eram como soldados diante da chegada de um capitão e Rafiq continuou agachado, tremendo de tanto chorar… Parecia estar próximo a se deitar no chão, em posição fetal… só pra ficar chorando. Ouviu algo entre eles que se pareceu um “E DAÍ?!” e o jogo de futebol começou. Rafiq continuou lá… Era um ser desprezível agachado no chão, pensando no pai que morreu. Mas ao mesmo tempo sendo recém-chegado na casa, não podia deixar de pensar (e desejar) o seu crack de sempre. Entrando e saindo, entrando e saindo… Rafiq balançava a cabeça pra todos os lados enquanto gemia de tristeza. Eu estava olhando ele… Eu o encarava, não conseguia parar. Talvez ninguém mais estivesse olhando daquele jeito, pois… só eu vi quando tudo começou.
Vi as lágrimas de Rafiq descerem se transformando numa coisa vermelha, um pouco mais densa que as lágrimas que desciam antes. Rafiq se virou para eles… Tenho que ser sincero, ele se virou para mim também. Mas por pouquíssimos segundos. É impressionante como percebemos movimentos microscópicos quando estamos em pânico; qualquer coisa torna-se “memorável” em momentos de crise. Todos foram caindo, um por um, como peças de dominó. Seus olhos morriam, alguns poucos segundos após seus corpos abatidos numa lágrima vermelha que jamais terminaria de descer e explicar. O que tinham nas bexigas e estômagos saía livremente também. A gente nunca pensa nisso. o alívio da morte não se resume a fechar os olhos e pronto. Tudo se torna livre e fácil.