UMA EXPOSIÇÃO DE CURIOSIDADES
Robert Schmidt estava compenetrado em sua leitura e ainda assim conseguiu
escutar o automóvel estacionar do lado de fora.
Deixou a revista Ciência do Corpo Humano de lado, e espiou por sobre o balcão,
esperando.
A única porta da loja ficava diante de si. Ela era de vidro e tinha um cartaz colado na
sua parte central. Este cartaz fora feito por um artista amador local chamado
Angelo, e era a representação mais realista que Schmidt já vira de Ozzy Osbourne
arrancando a cabeça de um morcego. Na imagem, os olhos de Ozzy estavam
arregalados, com veias injetadas de sangue, enquanto seus dentes pontiagudos
estavam cravados no crânio de um morcego que também parecia rosnar.
A porta se abriu e quem passou por ela foi um sujeito magro, visivelmente perdido.
Ele ajeitou os óculos assim que entrou, e não demorou para enxergar Robert
Schmidt se erguendo de trás do balcão.
— Boa tarde! — cumprimentou, enquanto se aproximava. — Acho que estou
perdido.
— Tem sido bastante comum. Desde que as obras na rodovia principal começaram,
tenho recebido inúmeros motoristas nessa situação.
Os dois se olharam brevemente, sem dizerem nada, até que o sujeito magro
começou a dar uma boa olhada à sua volta.
A primeira coisa que percebeu foi que acabara de entrar no lugar mais esquisito de
sua vida. Alessandro Baltar não tinha o hábito de ir a muitos lugares, mas quando ia
até algum, geralmente eram lugares-comuns, com mesas, cadeiras, garçons e
gorjetas. Quem o acompanhava vestia terno ou camisa polo, sorria discretamente e
fazia brindes aleatórios a vida ou a alguma venda bem sucedida.
Já ali, após precisar fazer um desvio alternativo na rodovia e seguir por quase sete
quilômetros por uma estradinha de terra com plantações de milho em ambos os
lados, Alessandro sentia-se como um rato de laboratório, pronto para alguma
experiência desagradável.
Seu olhar foi de um vasilhame onde algo parecendo um feto boiava para um
cachorro de três patas e duas cabeças que estava empalhado e exposto em uma prateleira. Ele ergueu uma única sobrancelha e olhou novamente para o homem
atrás do balcão.
— Bastante peculiar, — comentou ele.
O homem atrás do balcão era mais alto, um pouco mais gordo e usava uma
bandana com estampas de caveiras. Havia um piercing em seu nariz e seu
cavanhaque tinha tons de grisalho. Para Alessandro, aquele homem deveria
pertencer a alguma banda falida de rock ou aos Hell 's Angels.
— Essa loja era do meu avô, — relatou Schmidt, e sua voz grave quase ecoava no
ambiente pequeno, fechado e pouco iluminado. — Ele se foi em 1978, então as
coisas ficaram a cargo do meu pai. Então foi a vez do meu pai fazer as malas e ir
para a terra dos pés juntos, em 94. Meu irmão mais velho assumiu até achar que eu
já conseguiria manter o negócio, e isso aconteceu por volta de 2010.
— É um negócio de família, então?
Schmidt alisou o cavanhaque.
— Completamente. Cada coisa que encontrar aqui dentro, possui uma história e
tanto. Vê aquilo, pendurado na parede? — ele apontava para uma moldura de vidro
com algo que parecia ser um disco de vinil em seu interior.
Era um círculo escuro, aparentemente conservado. Alessandro mexeu nos óculos e
forçou a vista.
— Sim, posso ver.
— Aquilo é um disco de vinil, — mencionou Schmidt. — Ele foi encontrado em uma
mansão abandonada, em 1956. Meu avô o arrecadou em um leilão, seis anos
depois. Parece o objeto mais deslocado daqui, mas garanto que ele está no lugar
certo.
Em outras visitas inesperadas que costumava receber, Schmidt não sentia a
necessidade de contar muito além da parte em que relatava sobre a mansão
abandonada. Quando as pessoas descobriam que o vinil viera de um lugar assim,
logo o interrompiam para perguntar o que havia de tão sinistro no antigo vinil.
Porém, com aquele sujeito magro e bem-vestido, o efeito não fora o mesmo. Ele
continuava apenas olhando, sem fascínio ou curiosidade por trás das lentes dos
óculos.
Schmidt então decidiu concluir a história.
— Se você colocar aquele disco para tocar, não ouvirá som algum. Mas quando o
vinil parar de girar, seus ouvidos começarão a sangrar. — Ele conferiu a
inexpressividade no rosto daquele sujeito e, sem alternativas, perguntou:
— Quer saber como encontrar o atalho para a rodovia outra vez, não é?
O fato daquele homem que lembrava um motoqueiro rebelde não possuir nada além
de um mapa para lhe mostrar o caminho de volta, deixou Alessandro muito mais
impressionado do que aquela baboseira de vinil e ouvidos sangrando.
O enorme mapa fora estendido sobre o balcão, após o homem que disse se chamar
Robert Schmidt afastar uma boneca vodu, que possuía um prego em cada orifício
onde ficavam os olhos.
Alessandro acompanhou o dedo indicador do sujeito deslizar pelas pequenas
marcações de estrada, lhe explicando o caminho mais rápido e menos prejudicial
para seu carro. Este dedo possuía um anel de metal, em formato (obviamente) de
uma caveira, e sua unha estava pintada de preto.
Em meio a explicação, Alessandro sentiu sua bexiga latejar e quase pôde ter
certeza de que um pingo caiu em sua cueca. Ele interrompeu o roqueiro aposentado
e lhe perguntou onde ficava o banheiro — se é que haveria algum por ali.
— Passe pela donzela com a boca costurada e siga até o final do corredor, —
explicou o homem.
Após girar o corpo, Alessandro se deteve e olhou para o homem de bandana outra
vez.
— Donzela com a boca costurada?
Schmidt sorriu, revelando um canino de metal.
— Meu avô a chamava de Selina. Meu pai de “boca perigosa”, e eu, de donzela com
a boca costurada. É uma manequim que está de pé logo adiante. Vai vê-la
facilmente.
— Certo… — e, sabendo que iria se arrepender de perguntar, Alessandro disse: —
E qual a maldição dessa manequim?
Schmidt sacudiu a cabeça.
— Nenhuma. Ela quase arrancou o pau do meu avô quando o velho enfiou ele na
boca dela. Achei divertido e quis deixá-la na loja.
— Claro, — resmungou Alessandro, começando a andar na direção do banheiro.
A donzela com a boca costurada era uma manequim careca, com apenas uma
sobrancelha e o volume que representava os seus seios estava à mostra.
Sua boca fora costurada com arame farpado, e quando Alessandro cruzou em sua
frente, sua mente inevitavelmente o fez se lembrar do avô daquele sujeito de
bandana. A manequim usava um short de látex preto, o que fez Alessandro pensar
no tipo de fetiche maluco que aquele pessoal alternativo costumava gostar.
Ele andou mais depressa até chegar no banheiro, abriu a porta e apertou o
interruptor.
Uma luz avermelhada surgiu, revelando azulejo das paredes até o chão, um espelho
com uma rachadura de uma ponta até a outra e um vaso sanitário que tinha o
adesivo da língua símbolo dos Aerosmith colada na tampa.
Alessandro olhava fixamente para dentro da privada enquanto mijava, sinceramente
esperando ver alguma coisa anormal surgir ali dentro, boiando, talvez uma cascavel
ou um rato. Esticou o braço para puxar a descarga e descobriu que na ponta da
corda havia uma aranha de borracha, o que o fez recuar a mão brevemente,
assustado.
Imaginou quantas outras pessoas caíram naquele truque e em seguida tiraram uma
selfie, e logo depois voltou até o balcão.
A poucos passos do homem de bandana, decidiu perguntar se não havia nada
gelado por ali para vender.
— Suco e cerveja, — falou Robert Schmidt. — Ficam no freezer ao lado da porta.
Se for levar, pode pegar assim que estiver de saída.
— Vou aceitar o suco, já que estou dirigindo.
— Como quiser. Venha, deixe terminar de lhe mostrar o melhor caminho para seguir
sua viagem.
Robert estava outra vez debruçado sobre o mapa estendido no balcão, analisando
as pequenas linhas que simulavam aquelas estradas, quando notou o sujeito de
óculos ainda parado, olhando na direção do balcão.
Ele olhava justamente para a vitrine, e Robert sabia exatamente o que estava lhe
chamando atenção.
— Chamo isso de baú de memórias — revelou Robert, abaixando-se um pouco para
pegar a caixa de madeira e largá-la sobre o balcão, em cima do mapa.
Era uma caixa grande, pintada toscamente de preta, e não parecia pesada.
— O que tem nela? — Alessandro perguntou, sem se aproximar, não percebendo
que, na verdade, havia recuado um passo.
Robert alisou a caixa com as duas mãos.
— Aqui dentro, como tudo neste lugar, existe uma história. E como já deve ter
notado, você não está na Disneylândia, então não espere que uma fada saia
voando daqui e lhe toque no nariz com uma varinha mágica.
— Se há algum animal preso nesta caixa, o coitado deve estar…
— Não se preocupe, — disse Robert, e o sorriso que ele exibiu deixou Alessandro
desconfortável. — O que tenho aqui, não pode morder. Creio que nem possa ser
visto. Mas, pode ser sentido. Obviamente, se você tiver coragem para isso.
De onde estava, Alessandro via o homem de bandana quase encoberto pela caixa,
abraçando-a como se pretendesse tirar uma foto.
Até então, aquele homem não lhe parecia alguém perigoso, apenas alguém que
gostava de esquisitices e de falar muitas outras, e este cenário não havia mudado,
apenas não gostara daquele sorriso, uma coisa estranha que parecia dizer: sim,
com isso aqui você sentirá medo, homenzinho da cidade.
De repente, pegou-se pensando que naquelas horas já deveria estar na Orgulho de
Estar em Evidência, a feira anual dos vendedores de imóveis de todo estado,
bebendo champanhe e beliscando azeitonas no palito, conversando sobre vendas já
feitas e de como realizar outras mais. Não era um evento que gostava de frequentar
(já havia participado de três edições), mas, avaliando a situação em que se
encontrava, estar rodeado de homenzinhos de terno e falando sobre vendas não
parecia tão insuportável assim.
Tornou a mexer nos óculos e apontou para a caixa.
— Ainda não disse o que tem aí dentro.
Robert saiu de trás da caixa e revelou um rosto sóbrio, sério, quase inexpressivo.
— Acredita em fantasmas, senhor?
Um ruído que mais pareceu uma tosse contida veio de dentro de Alessandro.
— Se vai falar o que penso que vai, vamos mudar de assunto.
— Coloque sua mão aqui dentro, e passe a acreditar — falou Robert Schmidt, ainda
sério, não tirando os olhos do homem à sua frente.
Dali, aquele homem agora parecia muito menor, o que fez Robert cogitar que o
medo tinha um impacto físico assombroso nas pessoas. Quase pôde se ver através
dos olhos daquele sujeito, e estava grande, tão grande quanto aquela caixa.
— Sabe que o que está dizendo é uma besteira, não sabe? — quis saber
Alessandro, embora não tivesse certeza se acreditava mesmo naquilo.
— Então não haverá problema nenhum em colocar a mão aqui dentro, senhor.
Vamos sorrir disso depois, você vai para casa e terá uma boa história para contar
aos amigos.
Aquilo tinha seu fundo de verdade. Alessandro era um homem que gostava de falar
bastante (sua profissão lhe exigia isso), e quando frequentava o Party House, toda
sexta-feira à noite, gostava de contar histórias aos amigos enquanto bebiam cerveja
e riam de qualquer coisa.
Falar sobre o lugar onde estava agora, sobre um velho que quase perdera o pau na
boca de uma manequim, e sobre como certas pessoas se submetiam a contar
qualquer história apenas para manter o legado de sua família e do local onde
trabalhava, definitivamente era interessante e — por que não? — motivacional para
um cara como ele que ganhava a vida com vendas.
Deixou escapar um sorriso e endireitou os óculos no nariz.
— Você pode estar certo, — disse, avançando um passo. — Vamos logo com isso.
E depois continue me mostrando o mapa, por favor.
Agora mais perto, Alessandro Baltar ainda sorria.
O sorriso foi sumindo gradualmente enquanto o braço de Alessandro ia avançando
pela cavidade circular e escura, na parte central da caixa.
Seu braço parecia estar sendo engolido pela caixa, e quando seu cotovelo indicou
que aquilo era o máximo que ele conseguiria avançar, Alessandro já não sorria mais
e procurou o homem de bandana olhando um tanto aflito ao redor.
— Até agora, nada por aqui, — avisou ele, assim que avistou o sujeito contornando
o balcão.
— Espere um pouco mais. Houve pessoas que não sentiram nada. Mas ficaram
assustadas para burro.
— Com o quê?
— Por estarem vulneráveis, obviamente. Você enfiou metade do braço num buraco
escuro, sem saber o que pode haver aí dentro. Eu poderia ter colocado uma cobra
venenosa nessa caixa, e agora você estaria numa enrascada tremenda.
Aquela revelação absurda fez a cabeça de Alessandro ganhar no mínimo cinquenta
quilos, e seu corpo cedeu um pouco para o lado. Imediatamente precisou recolher o
braço, mas ele não veio. Sentiu como se o tivesse prendido em alguma comporta,
ou coisa pior; talvez houvesse alguém dentro daquela caixa, um cúmplice, o
segurando para que o balconista o acertasse com um martelo.
Ele então acordaria horas depois, apenas de cueca dentro de uma banheira de gelo
com uma cicatriz na região de seu rim. O pensamento fez com que seu corpo
girasse um pouco mais, e só depois que aquele terror se afastou devagar, é que
Alessandro percebeu que não era ele quem havia girado, e sim, tudo à sua volta.
Estava começando a ter uma crise de pânico, ficando primeiro tonto e logo
começaria a gritar.
— Não consigo tirar o meu braço daqui! — alertou ele, olhando para Robert Schmidt
e sua bandana de caveiras.
— Isso significa que funcionou. Parabéns, amigo. Acaba de fazer contato com o
mundo do ocultismo.
— Foda-se! Peça para quem estiver aí dentro soltar o meu braço ou vou fazer um
escândalo por aqui.
— Não há ninguém na caixa — replicou Robert, e em seguida completou: —
Ninguém vivo, quero dizer.
Alessandro puxou o braço com toda força que foi capaz de produzir, seu óculos
quase caiu e seu ombro estalou. A caixa nem sequer se moveu.
Em poucos minutos, Alessandro se via em uma situação assustadoramente ridícula.
Estava no cu do mundo, acompanhado por um roqueiro de quinta, em uma loja que
mais lembrava um museu de aberrações, com o braço enfiado e preso em uma
caixa de madeira. Seria uma matéria e tanto para sair na próxima edição da revista
eletrônica Finanças, com seu rosto estúpido estampando a capa.
CRAQUE DAS VENDAS DE IMÓVEIS FICA PRESO PELO BRAÇO EM
LOJA DE SOUVENIRS AMALDIÇOADOS
Arriscou uma nova tentativa para puxar o braço e novamente apenas o seu corpo
pareceu se mover.
Achou que seria mais prudente não fazer uma terceira tentativa, ou então o seu
ombro iria se rasgar. Sentia o pulso gelado dentro da caixa, e tentava adivinhar qual
teria sido o truque em que havia caído.
— O que vai acontecer agora? — quis saber, novamente endireitando os óculos no
rosto com a mão livre.
Robert aproximou-se segurando outro mapa, aquele muito menor, e apontou para
uma estrada que ficava ao lado de uma linha de trem.
— Basta seguir pelo lado dos trilhos por cinco quilômetros, que voltará para a
rodovia principal. — Disse ele, fazendo seu hálito de menta atingir Alessandro
diretamente em seu rosto.
— Perfeito. Mas como eu saio daqui? Acho que vou precisar levar a caixa comigo.
A tentativa de fazer uma piada não fez com que um sorriso surgisse no rosto de
Robert, que apenas deu as costas e caminhou até o freezer. Quando retornou,
trazia consigo uma pequena garrafa com um rótulo de uma laranja e a largou sobre
o balcão, ao lado da caixa.
— Seu suco, — disse. — Cinco e cinquenta.
— Acho que não está…
— Quando o fantasma que está aí dentro soltar o seu braço, pegue seu suco, entre
em seu carro e faça uma boa viagem.
— Espere aí! — gritou Alessandro, quando viu que o homem de bandana começava
a andar na direção da porta. — Onde acha que está indo?
— São quase cinco da tarde. A loja vai fechar.
Alessandro sorriu, nervoso.
— Então me tire daqui! Não pode me deixar preso neste lugar a noite inteira.
— Não vou fazer isso, — falou Robert, calmamente, começando a enveredar para o
lado da porta outra vez. — Se o que está aí dentro soltar você, basta abrir a porta e
sair. Aqui não há chaves. A loja, bem… digamos que ela sabe se cuidar. Uma boa
noite, amigo.
— Que merda está fazendo? Ei! Não ouse sair desta maneira — Alessandro quase
gritava, e então o sujeito atravessou a porta e em seguida ela se fechou, deixando-o
ali, em pé, seguro pelo braço que já começava a doer.
Sentindo-se extremamente estúpido, Alessandro apoiou a mão em um dos joelhos e
começou a gargalhar, até que seus olhos lacrimejassem e sua barriga doesse.
Teria uma tremenda (e idiota) história para contar a Leonardo Ventura em sua visita
de semana que vem, para o início da temporada de vendas de verão.
Cansado, lembrou-se do suco de laranja ao lado da caixa e abriu a garrafa com a
ajuda dos dentes. Bebeu metade da garrafa em um único gole e arrotou.
— Seja quem for que estiver aí dentro, admiro seu esforço para seguir com essa
piada. — Disse Alessandro, erguendo a garrafa e fazendo um brinde. — A estupidez
do ser humano. Uma boa noite, amigo fantasma.
Bebeu o que restava do suco e teve uma pequena esperança de que aquele sujeito
de bandana entrasse pela porta no minuto seguinte, sorrindo e dizendo que tudo
não passava de uma brincadeira idiota.
A porta foi aberta por Robert Schmidt às nove horas da manhã seguinte, com ele
segurando sua sacola com alguns exemplares da revista em quadrinhos Tex e
olhando despreocupado para o lado de fora, na direção onde ainda estava o Mazda
vermelho do sujeito do dia anterior.
Robert entrou e deixou a sacola pendurada na garra de uma águia que ficava
parafusada na parede, andou até o balcão e o encontrou vazio, apenas com o mapa
ainda aberto sobre ele.
Olhou um pouco mais para baixo, na direção da vitrine, e viu a caixa no lugar de
sempre, com o orifício circular virado para si.
— Preciso parar de falar sobre você, — disse, começando a contornar o balcão.
Já do outro lado, ligou o rádio e deixou que o AC/DC fizesse sua parte, cantando
que havia uma estrada que levava diretamente para o inferno.
E talvez haja mesmo, pensou Robert, começando a voltar para o lado de fora a fim
de retirar o carro do sujeito de lá.
— É, existem estradas que levam para qualquer lugar. — Falou, olhando para o
carro. — Você só precisa de um bom guia.