Eterna escuridão

" Socorro!!!! Meu Deus porque ninguém me houve ?

Não sei onde estou, meus olhos estão abertos eu sei disso mais não enxergo nada além dessa escuridão total, tenho tanto medo..."

Pagão, assim era chamado o maior traficante do complexo do alemão, zona norte do Rio de Janeiro, criado pela avó por parte de pai desde cedo sentiu na pele a fome a pobreza e principalmente a violência.

A partir dos doze anos trabalhou como aviãozinho de boca de fumo, e em poucos anos já era mão direita do chefe , ou patrão do complexo , mais o que Pagão gostava mesmo era de matar com requintes de crueldade e nunca perdia uma oportunidade de torturar seus inimigos, geralmente gostava de queimar eles vivos e assistir rindo e bebendo .

Alguns anos depois Pagão decidira que já estava na hora de assumir os negócios do morro, pra isso devia convencer a maior parte dos soldados do crime que serviam o chefe e aqueles que não aceitassem deviam ser sumariamente executados.

O chefe do tráfico confiava nele e isso era a grande cartada do traidor. O plano consistia em cercar a casa no cume do morro render os homens que estivessem de guarda sem atirar para não alertar e depois matar todos sem dó nem piedade.

O que Pagão e seus cúmplices não sabiam e que existia um dedo duro ou traidor entre eles que já tinha avisado o chefe sobre os planos alguns dias antes. Assim que entraram Pagão sentiu que algo estava errado, não havia ninguém nem fora e nem dentro e as grossas portas do salão fecharam se assim que eles entraram.

Eram dezoito homens no salão , e havia um cheiro forte á gasolina e etanol, os móveis e tudo ali estava encharcado, mais já era tarde para reagir, não tinham como sair dali as janelas e as portas eram protegidas por grossos barrotes de aço, pagão olhou pela janela e viu o chefe rindo e abanando, em seguida apontaram um fogo de artifício que entrou diretamente entre os barrotes, era o fim.

" Quando o fogo me alcançou desisti de gritar, o desespero de todos foi tanto que alguns atiraram em si mesmos não suportando tanta dor , mais meu ódio era tanto que abafou minha dor e pela primeira vez pensei que a morte seria a melhor saída pra essa vida sem sentido.

Para minha surpresa sentia-me vivo mesmo estando morto, mais tudo tudo pode ser muito pior do que imaginamos. Não sei quanto tempo passou desde minha morte, aqui não existe tempo, entenda por favor meu desespero, entre dentro do meu pavor.

Aqui a escuridão e tão grande como você nunca viu, eu sei que não estou cego e mesmo assim não vejo nada, sinto que tem alguém por perto, ouço gritos de desespero e tudo isso me paralisa de medo , tenho frio, tenho fome, sinto dor e cansaço mais nada e tão apavorante do que pensar que está escuridão pode ser eterna, meu deus isto e pior que continuar existindo, saber que penso, que sinto, e que não haverá fim.

Mais tem algo ou alguém que arrasta essa corrente produzindo esse ruído ensurdecedor, sei que outros se mexem e são puxados por essa coisa, e aí que escuto os gritos, mais agora após tanto tempo aqui nada e pior do que uma eternidade no vácuo escuro, sem amor sem deus sem luz sem nada.

Decido dar o derradeiro passo, algo vem e me puxa pelos ombros violentamente, enrola a corrente no meu pescoço mais eu como fiz quando me queimaram vivo não grito, aceito essa dor , talvez seja melhor do que ficar imóvel na escuridão eterna."

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 12/09/2022
Código do texto: T7604357
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