AS COISAS DO ALÉM...
[anotações extraídas do diário da Sra. Perkins]
Quisera que não fossem inoportunos
Certas coisas feitas pelas idades
Desde tão novos são assim os alunos
Porém seus olhos tem maldades!
Leciono numa escola primária
Não cheguei ainda no auge da velhice
Sou bem rígida e tão autoritária
E repudio qualquer tipo de canalhice!
Observei Robert por um instante
Notei aos poucos seu rosto transmutar
Em uma forma bem aterrorizante
Após acabar a aula, resolvi o indagar
Durante o intervalo, outras crianças
Reunidas passaram-me igual impressão
Teriam elas feitas malignas aliança?
Ou tudo isso seria fruto desta pressão?
Questionei Robert a respeito,
Da boca pérfida as palavras saltaram
Com desdém e certo despeito
Disse-me: eles já se transformaram!
Senti nos olhos a energia poderosa
Para mim ainda era cedo,
Morrer de uma forma tão horrorosa
Corri! E fugi com medo!
Pedi ao diretor para a convalescença
Robert ainda me ameaçaria
Expirando o prazo da minha licença
Todo o mal assim retornaria
Resolvi voltar então para a escola
Levando Robert a um loca bem isolado
Saquei desta bolsa minha pistola
E na cabeça dele um tiro fatal disparado
Aquela ação teve um fim fatal
O menino de bruços enfim se debatia
Seu corpo infantil era normal
Não seria tudo obra de certa fantasia?
Mas a minha atitude não se nega
Ao fim onze foram esses assassinatos
Até eu ser rendida por um colega
Respondendo por maquiavélicos atos
Um ano após imensos horrores
Por obrigação do manicômio judicial
Observada por uns cuidadores
Ler para as crianças não era habitual
Senti na alma tanto desconforto
E colheremos aquilo que se planta
Bom mesmo é estar então morto
Pois coloquei a gilete na garganta!
EPÍLOGO (pelo psiquiatra Dr. Jenicks)
As crianças estavam distantes
Cada uma com estranha expressão
Notei nelas coisas horripilantes
Seriam as faces em transformação?