A SOMBRA 👤
Aqui tudo é bem simplório
Desde que o mal enfim trouxeste
Coube a mim este velório
Velar meu amigo vítima da peste!
Naquela atmosfera tão sufocante
Apenas o negrume noturno
Nesta dor silenciosa e asfixiante,
O pesar do silêncio soturno
Estava eu nas ideias bem absorto
Notaria então minha palidez
E ao fitar o semblante do morto,
Perdi a razão e toda sensatez
A sombra escura e não definida
Pairava próximo ao caixão,
Como se nela houvesse a vida,
Serpeando por todo o salão
Um calafrio de medo percorrera
A espinha como se a peliça,
Dos sentidos no pavor escorrera
Na imagem e assim mortiça
Para onde fora aquele embuste,
Escondera-se debaixo duma alfombra?
Não! Estava defronte ao lustre
Era o diabo em sua forma de sombra!