AS FLORES DO MAL 🌹
[conto dedicado ao caro amigo André Lobo, profundo admirador do terror e do lirismo poético]
Comprei na rua essas flores
O buquê com as cores adornada
Para não despertas temores
Desta minha mulher bem amada!
Quero manter meu anonimato
Assim evitarei qualquer confronto,
Não gostaria de ser um chato
Pois espero ansioso esse encontro!
Por ela estaria apaixonado?
Assobio na calçada esse cântico
Bem estou tão enamorado
Em fazer o papel de romântico!
Mas agora caminho sem pressa
Quando seu vulto finalmente surgiu
Isso realmente agora interessa,
Gritei: - Ei Maria! Ela parou e sorriu!
Ela contente deu-me o sorriso
Mas parecia inquieta e bem confusa
Aos poucos ruiu esse paraíso
Quando me olhou de forma obtusa
- Desculpe-me, mas não sou a Maria
Com rapidez eu então vasculho,
- Confundiu-me senão agora saberia
Entreguei-a esse lindo embrulho
Senti na garganta aquele nó
Quando alisei da faca o seu cabo
No ímpeto tirei-a do paletó,
- Leve-as Maria! Para teu diabo!
Ela por mim sempre enamorada
Agora eu poderia ter minha real paz
Desferindo mais de uma facada
Porém Maria morrera dez anos atrás
As lindas flores estão pelo chão,
As pétalas seriam destinadas ao lixo,
Quando caíram daquela sua mão
Matei-a como se mataria um bicho!
Contudo, agora eu já pressinto
Que pelas inúmeras vezes anteriores
Contei! Seriam com essa cinco
Mostrei-as todo pânico e os terrores
O nome dela não era Maria,
Como se isso desse ao fato um valor,
Nem ao menos ela saberia,
Que tudo fora feito com tanto amor!
EPÍLOGO
Por isso ele perambulava pela neve
Com o paletó, a fugir do açoite
Sabia que veria sua Maria em breve,
Pois no céu abria-se outra noite
NOTA: [cabe ao leitor a interpretação livre e aberta do conto]