ROSAS MORTAIS– CLTS 20
De tempos em tempos, desde épocas imemoriais, se ocultava a sombra de um grande desastre, no seio de uma desafortunada família onde um tempo breve já fora feliz!
Existia no tempo antigo, ao longo dos séculos muitas coisas que manchavam o céu, com imensas asas da desgraça.
- Queria que Mia estivesse aqui comigo agora! Dizia Jennifer, mas Mia estava em espirito.
Jennifer, enquanto abria a cova de Mia, se lamentava pela sua falta.
Muitas flores ela carregava do caixão, as trazia para casa como recordação de sua melhor amiga, e aos poucos seu comportamento mudava.
- Onde você encontrou essas flores?! Questionava Mara, a mãe de Jeniffer.
- Estão todas mortas e estragadas! Você está ficando louca!!!
- Me deixa em paz. Respondia Jennifer.
A tristeza tomava conta de Jennifer, mas se alegrava com os ossos podres com carnes de quem jaz morta a muito tempo.
Certa vez Mara escutou um grito estranho na casa. Mas não vinha do quarto de Jennifer, vinha de debaixo da sua própria cama .
Mara desejou encontrar sua filha na casa escura onde moravam apenas as duas. Ela abriu a porta do quarto e viu a filha de ponta cabeça na sobre a cama, estava toda contorcida em agonia.
Mara apavorada acabou desmaiando. Ao acordar já não era mais o corpo da filha que estava ali, mas sim o corpo de Mia.
- O que aconteceu com você Mia ? Você está de volta? Eu sabia que você voltaria pra mim dizia Jennifer.
- Minha mãe anda estranha, fui ver ela de madrugada e ela estava grudada na cabeceira da cama, coisa estranha falava Jennifer, sinto a presença dela aqui .
Mara começou a sentir fortes dores de cabeça até ter um leve desmaio, ao abrir os olhos dizia para Mia a sua frente.
- Queria que Jeniffer estivesse viva! Ela não devia ter morrido naquele acidente.
Jennifer tinha sofrido um acidente de carro junto com a amiga Mia e infelizmente acabou falecendo. Apenas Mia sobreviveu ao trágico acidente.
Toda a madrugada as portas da casa se batiam sozinhas, era um som aterrador. Mia passou a morar por algum tempo com Mara na tentativa de ajudá-la a superar esses problemas, e quem sabe também tentar ajudar Jennifer, que talvez precisava de auxílio mundo celestial.
Mia foi visitar Jeniffer no cemitério, e resolveu trazer uma flor como recordação de sua amiga.
Mara ao ver Mia ficou terrivelmente assustada,
no mesmo instante surgiram vultos e sombras em todas as paredes da casa que pareciam se moverem em todas as direções.
- Leve essa flor de volta. Gritava Mara desesperada.
Mia voltou as presas ao cemitério devolver a flor de volta ao tumulo de Jeniffer, porém para sua surpresa
era o tumulo de Mara que estava no lugar. Confusa e sem entender Mia foi embora desorientada pois começou a sentir muito medo, contudo ao se virar, sentiu uma mão segurando-a por traz como se quisesse abraça-la.
Não vá embora amiga, sinto muito sua falta. Era a voz de Jeniffer, sem pensar direito, Mia correu apavorada sem ao menos olhar para trás. Ao chegar em casa, encontrou quadros por toda a parede, neles não apenas Mara e Jeniffer, mas Mia também se mostrava feliz, nem que fosse por um breve momento, pois todas haviam morrido e Mia ainda se sentia viva, não aceitava que estava morta.
Naquele mesmo instante, no lugar da casa surgiu um gigantesco cemitério onde Mara e Jeniffer a esperavam sorridentes para conforta-la
Quando Mia havia visto os retratos alegres nas paredes passou a ter terríveis pesadelos e de sua cama escorria sangue que descia pelos pés do móvel até ao chão.
Ao se levantar, sentiu esse sangue encharcar seus pés, pois estava espalhado por todo o quarto. Naquele mesmo instante algo a agarrou novamente e não queria mais solta-la, mas com muito esforço Mia escapou apavorada e resolveu ir ao cemitério, então de forma assustadora a casa em que estava se transformou no gigantesco cemitério onde as amigas a esperava.
Da casa, restou apenas a cama que ainda vertia sangue para todos os lados, então ela ouviu um grito apavorante que a fez arrepiar, o lamento parecia vir de debaixo da cama. Temerosa, ela resolveu remover o móvel. Para sua surpresa haviam ali três túmulos, uma das covas era a sua própria. A cova havia sido preparada a muito tempo.
Mia resolveu investigar as covas, para sua surpresa encontrou seu próprio corpo em uma delas, também encontrou os corpos de Jeniffer e Mara, todos se decomposto servindo de alimento aos vermes, pois ali já estavam a muito tempo com seus nomes gravados em pequenas placas de mármore.
Do seu lado, surgiram diversas pegadas no sangue que cobria a superfície do quarto como se esses passos estivessem cercando-a.
O gigantesco cemitério ia ganhando cada vez mais a sua forma, da casa pouco restava.
Mia resolveu colocar os corpo em sacos pretos inclusive o seu, ela não entendia como isso poderia estar acontecendo, como se ela ainda estava viva, pois ela tinha a certeza de estar viva. Ela levou os corpos até o meio do cemitério, queria enterra-los perto da capela, ao caminhar escutava pavorosos gritos de desespero em seus ouvidos.
Mia sentia como se sua cabeça fosse explodir com tanta gritaria e aflição, os gritos passaram a vir de debaixo da terra, de todas as covas do cemitério ...
A noite se tornou chuvosa, Mia voltou para casa com os pés cheio de lama do cemitério, ao entrar pela porta viu um vulto preto correndo em sua direção. Ela acabou desmaiando.
Ao acordar viu que seu corpo era o corpo de Jennifer e viu também Mara a sua frente dizendo:
- Sei que você sente falta da sua amiga, mas você tem que superar. Eu também gostava dela.
Jennifer olhava triste para uma rosa enquanto retirava suas pétalas.
Todas as noites Jennifer escutava passos por toda a casa.
Deprimida, resolveu incendiar sua própria casa na madrugada, até que todas morressem queimadas. Mas aos poucos a casa voltou a se transformar no cemitério onde todos os túmulos estavam queimados e abertos, como se todos os mortos estivessem sido roubados.
Jennifer voltou para casa e encontrou milhares de covas abertas em todas as partes da sua casa.
Jeniffer precisava fugir dali, porém a cada passo que dava parecia que alguém pisava em seus calcanhares, como se alguém estivesse atrás dela, a seguindo.
Jennifer olhava e não via nada, ela só escutava gritos e risadas demoníacas.
Ela encontrou um túmulo, era os túmulos de sua mãe e de Mia. Ao abrir os caixões não havia ninguém ali dentro, só tinha o nome delas em cada caixão que Jennifer teve que abrir a marretadas, as terras das sepulturas no chão começaram a tremer como se algo quisesse sair lá de dentro ao mesmo tempo vozes pavorosas gritavam abaixo dessas covas.
Jennifer correu desesperada procurar a igreja.
Mas a capela estava vazia, havia apenas um caixão ali dentro. Era o caixão do padre local.
Não havia mais ninguém ali.
Jennifer resolveu ficar escondida por uns tempos, mas ela achava estranho que ninguém vinha levar o caixão do padre para enterra-lo no cemitério.
A noite Jeniffer escuta aranhões vindos de dentro do caixão como se o padre estivesse arranhado a tampa o caixão.
Jennifer sem coragem para ir embora, com muito medo decidiu abrir o caixão e viu que as unhas e dedos do padre estavam todos deformados e ensanguentados.
Na segunda noite Jeniffer escutou gritos vindo do caixão, gritos que pediam por ajuda.
Ela abriu novamente o esquife e dentro dele estava o corpo de Mia com as unhas quebradas e dedos deformados.
Jennifer continuou na igreja escondida por não ter mais para aonde ir.
Na terceira noite escutou novamente batidas vindas de dentro do caixão, ao abrir viu que era o corpo da sua mãe, mas para seu desespero e surpresa o corpo se levantou e tentou correr atrás dela implorando por socorro.
Jennifer acabou desmaiando, ao acordar curiosa e com medo olhou para dentro do caixão e lá estava seu próprio corpo em avançado estado de decomposição.
No mesmo instante a igreja se transformou aos poucos e sua casa onde Mara e Mia a esperavam.
A casa por sua vez foi tomando o aspecto do cemitério onde tudo estava normal, era a mesma madrugada chuvosa, mesmo assim ali tinha um coveiro enterrando um corpo.
Jennifer resolveu pedir ajuda mas ao olhar de frente para o coveiro viu que era o próprio diabo totalmente deformado que lhe dizia:
- Elas estão te esperando, Jennifer.
Seus olhos eram brancos, possuía chifres e pés de bode.
Porém aos poucos o coveiro foi assumido sua verdadeira face.
Jeniffer começou a entrar em choque.
Todos os túmulos começavam a sangrar de dentro para fora. O sangue escorria das lápides misturando-se ao barro da chuva.
As imagens de santos e anjos que enfeitavam os ricos jazigos, aos poucos começaram a ganhar vida, abriam os olhos para encarrar Jeniffer.
Os anjos bateram suas assas, voaram para longe. As imagens vivas dos santos e santas foram de desmoronando, se quebrando em varias partes.
Jennifer, começou a aceitar que já estava morta. Ela viu Mia e Mara que a chamavam de longe, todas estavam em desespero pelo que estava acontecendo no cemitério.
- Que bom te ver de novo minha filha. Mara disse a Jennifer.
- Nós estávamos com muita saudades de você.
- Por onde você andou?
- Venha aqui minha filha.
Jennifer já não tinha mais para onde correr e mesmo com medo, aceitando que já estava morta abraçou sua mãe que imediatamente se transformou num monstro terrível em um profundo estado de podridão e decomposição.
Tema : Paixão Platônica e Objetos Amaldiçoados