Solidão

Olhando pela janela de casa a fora apenas via a estrada deserta, o vento frio e a chuva forte faziam aumentar a sensação de desespero e tristeza. Na aquela tarde, como todos os outros dias, estava sozinho com meus malditos fantasmas. O tédio já era rotineiro, quase como uma doença que comia minha alma. Acho que estava começando a gostar da sensação de me sentir só.

Quase que sonhando acordado notei mais além uma linda garota parada, molhando com a chuva e olhando quase que como uma estátua para mim. Senti um calafrio no peito quando ela estendeu a mão, de longe consegui enxergar seu olhar profundo e negro desenhado em sou rosto branco como a neve.

Como ela me viu aqui? Esfreguei meus olhos sonolentos para ver se o que estava enxergando era real, ela já não estava mais lá. Sem pensar muito decidi abrir a porta de entrada para ver se não estava por perto. Quando abri a porta, lá estava ela, parada com seu perfeito rosto quase sem expressão me olhando fixamente como se eu fosse a única coisa a ser observada.

Meu coração batia forte, o nervosismo tomou conta de mim, fiquei sem reação. Esse silencio pareceu durar horas. Sua voz era suave feito melodia, ela disse:

_Não me convidas para entrar?

Seus olhos me davam medo, não conseguia entender o que estava acontecendo e num gesto automático respondi que não!

Da expressão fria e sem emoção, ela sorriu e calmamente disse:

_Eu vim te buscar.

Fechei a porta na sua cara, olhei para traz e a garota estava atrás de mim. Não sei como ela fez isso, tinha certeza que não era humana. Bati as costas contra a porta de susto, meu coração agora parecia querer pular pela garganta, comecei a sentir um aperto no peito e o ar parecia ficar cada vez mais pesado. Delicadamente encostou sua cabeça em mim, seu corpo era tão frio quanto sua expressão. Sussurrou no meu ouvido:

- Não tenha medo

- Vou morrer? Perguntei já com muita dificuldade para abrir a boca.

_Não, é muito pior. Respondeu, como se tudo fosse normal.

Agora caído no chão, estava junto comigo olho a olho, pude sentir seu olhar negro ainda mais profundo. A dor era extrema, parecia que cada centímetro do meu corpo estava em chamas, nesse momento já sabia que iria morrer só queria que tudo acabasse logo. Minha visão foi se apagando e o rosto da linda garota demoníaca foi ficando cada vez mais distante. Não conseguia pensar em mais nada, era o fim.

Pulei deitado na minha cama, estava acordado e queimando em febre, enxercado com a água da chuva que com o vento entrava em minha janela e me furava como agulhas. Fechei a janela e lá estava a rua vazia e silenciosa, foi quando percebi que o que a menina me disse fazia sentido. A vida que me aguarda é pior que a morte.

P.H. Petters.

P H Petters
Enviado por P H Petters em 22/07/2022
Reeditado em 27/08/2024
Código do texto: T7565561
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