O TELEFONE – PARTE II 📞
[manuscrito retirado de um diário, vítima desconhecida]
- Ouça-me e espero que esteja bem,
Tua carne servirá de alimento,
- Aqui quem fala é um ser do além
E isso seria tudo no momento!
Apavorada perguntei se era verdade
Que existiam pessoas assim,
Pela qual o índice de pura maldade
Seria concretizar o meu fim!
Escuto o ranger da porta abrindo,
O velho em trajes de esporte,
Um diabólico sorriso se abrindo,
E na mão machado e serrote!
Lembro apenas de um zunido,
O vento trespassando minha orelha,
Respingo do sangue no ouvido
Como o bater das asas duma abelha!
Escutei esse ranger de dentes,
Não sentia mais minha mão direita
Apenas o tilintar das correntes
A decepação pelo machado perfeita
Ainda me resta a consciência,
Antes que eu finalmente desfaleça,
Deste ato vil, em sã demência
E eu para todo sempre desapareça!
A voz disse-me: Seja forte,
Mas como posso assim eu poderia?
Do meu lado não resta sorte
Morro lentamente pela hemorragia!
Contarei então de um até dez,
Gatos, cachorros ou esses cordeiros
O velhote amputou meus pés
Esquarteja meus membros inteiros!
Talvez se exista a reencarnação,
E outra criança seja assim sequestrada
Impedirei que ele cometa a ação
Em vez de manter a vítima assustada!
[...]