A NAVALHA 🔪
Passeando a lâmina cortante,
Entre as artérias de seu coração,
Um passo para seu delirante,
Suicido pela falta de oxigenação!
Na mão uma navalha perfurante,
Desce ao longo do torso,
Repouso para a dor dilacerante
Cortar com ela o pescoço!
Os dedos tremulam em agonia,
Ter toda a circulação cortada,
Aliviar toda a nefasta melancolia,
Com a sua garganta mutilada!
Fluindo para fora esta cor escarlate
Da pressão do sangue arterial,
Vívido qual esse tom de um esmalte
Jorrando todo esse fluido vital!
Vem senão esse pensamento,
De escrever a linha alínea
E despedir-se deste momento,
Na vital perda sanguínea!
Tão fria em sua espessura,
Brilha como a flâmula da lucidez,
Esse artefato que a sepultura
Enterrar-me-ia por uma só vez!
Devo morrer pela dor dilatante
Da ideia que agora me calha,
Pelo aço trabalhado e oxidante,
Do fio mortal desta navalha!