AOS OLHOS DO MORTO 👀
Acorrentado aos pesados vergalhões
Um sádico inicia sua loucura,
Cortando das pernas os meus tendões
Nesta sua câmara de tortura!
Não sinto as pernas dormentes
O sangue esvanece por um ferimento
Agora arranca os meus dentes
Em uma sessão de imenso sofrimento
Minha respiração é ofegante,
Sinto a pele aos poucos ser cortada,
O cheiro de horror nauseante
É a perversão duma carne retalhada
Agora cortando as cartilagens
Uma dor insuportável enfim prolifera,
Vendo apenas as foscas imagens
O sol que ilumina por entre esta janela
Ao redor vejo meus semelhantes
Todos nós com esses mesmos destinos
Mortos por essas mãos delirantes
Que agora deslocam os meus intestinos
Em uma balança de precisão,
Observo o maníaco em sua mensura
Parece ser o pequeno coração
Analisando-a com total compostura
Um número de coisas imprecisas
Sob a luz desta câmara feita em agonia
Enquanto pelas frestas as brisas
Tentam aquecer essa minha maca fria!
Agora eu vejo sua roupa branca
Aproxima-se bem próximo desta jugular,
Juntando a minha pele e a anca
Coma a agulha começa então me costurar
Um médico para mim sorri
Esse não poderia ser afinal meu corpo,
Será que eu mesmo morri
Enxergando tudo pelo olhar do morto?