Tijolo

"Eu, que forneci-vos o estuque, adianto o prazo de retribuir-me"

(Crônicas de uma olaria dos infaustos)

Aureliano transitava escoando suas hormonais veleidades entre as ruelas empoeiradas pelo tempo, que havia esquecido como era foder o estímulo do avanço que provocava aquele sísmico abalo no útero nada econômico da ambição humana e o levava aos auspícios do progresso material, e ritualisticamente espiritual. Como duas matérias distintas presas pelo cordão umbilical da realidade que as ignora.

De suas janelinhas de madeira, pregadas em casinhas geminadas, de arquitetura sonolenta, cosida por artesãos imemoriais, perquiriam Aureliano moradores ainda mais antigos, cujos semblantes lembravam aqueles ursos famélicos de um continente esquecido pelas faculdades de um clima saudável.

Nosso protagonista arguia, com a fenomenológica certeza da dúvida enfiada em uma convicção, que o vilarejo havia entrado numa era de filigranas obscuras, urdidas por criaturas vis, que já antecipavam a punheta belicosa que lhes faria gozar a alma perdida num celeiro de maldades nunca descritas na História das maldades descritas.

Falava de uma caterva "incórdia", nodosa de transigências, para as quais só era possível se lhes raspasse, no mínimo, a próstata e o cu de suas elegíveis inclinações, caso lhes lambesse, num drapejar mal iluminado, o clitóris intumescido da desgraça.

Como sói na História de estórias assim, Aureliano era pilhéria cativa dos munícipes. Olha lá o louco! Olha, olha! Lá vem à desfilar o irregular, o títere da alienação! O doidinho passeia em nossas ruas empoeiradas! Hahahaha!!

Dentro, pois fora invalida a defesa de sua existência como necessidade, mas sem alguma realmente que indique bem estar, daquela casinha comedida em suas proporções, havia uma vitrola que incubava uma música que falava alguma coisa que gerava um ruído que era percebido que flanava aos ouvidos que entupidos não enxergavam que tudo aquilo estava prestes a subir num palco que todos sabiam que na verdade já estava decidido.

E a musiquinha acariciava com dificuldade os tímpanos só alcançados depois de muita cera desbravada.

E, pois há ês em toda sentença que nem mesmo precisa ser uma, a melodia conseguiu unir, tenaz, qual cola, o palavrório em trânsito no recinto. A tal ponto, vejam só como usar o vulgo é de robusta utilidade, que mesmo o queísmo ajudou a transformar tudo aquilo em um fluxo telefônico aos vizinhos que chegaram aos outros vizinhos, e aos demais, e mais ainda, até toda comunidade naquele vilarejo, que sabemos um fazer o outro, mas nunca o outro fazendo o um, estar com a bunda, em metafísica, cheia de caralhos enterrados.

É por causa e efeito, dentro das ideais condições de temperatura, e pressão, que avanços malogrados nos imperativos hipotéticos transformam os categóricos em serviço de utilidade pública do mal mais malvado. Da circulante choldra de vilões de vilania só possível compreender se uma agrimensura da ética calhar de ser feita. Aureliano bem tentou, tentou tão bem, que falhou na operação dos instrumentos obrigatórios. E todas as troças vomitadas por quem dele cria um tormento nas faculdades da cachola, foram pavimentar a estrada de chão batido, já declarado aí o pleonasmo da engenharia, das criaturas que brotaram de um lugar sem relevância para o relicário de destruição que se registrou.