O Fantasma sou Eu
Meu nome é Julian e vou te contar uma história muito assustadora de uma experiência que eu vivi, em uma noite, caminhando por uma estrada deserta em Louveira, interiorde São Paulo, nesse dia fumei um baseado, mas foi só um, só um mesmo.
Então eu andava tranquilo, sem pressa, apreciando o brilho daquela lua linda a meia noite, contando as estrelas e contemplando o esplendor da beleza da noite, estava realmente muito distraído e nem percebi que nesse momento uma figura de preto me observava, e tinha atenção a cada gesto e cada movimento meu.
Não entendi muito bem o que era, mas senti o arrepio, e o frio na espinha, como se algo atravessasse meu corpo, o medo era tanto que caí de joelhos e do nada fui arrastado, apaguei em um desmaio, e acordei em um lugar profano e sem vida, não tinha noção do que eu estava vivenciando, mas foi lá que caí em desgraça, e onde eu aprendi a dar valor a vida.
Sem falas me convidaram a participar de um ritual, apenas com o olhar era entendido o que queriam, não tive dificuldades para entendê-los, mesmo sem uma palavra sequer ser pronunciada, era como se fosse uma conexão diferente, uma espécie de telepatia.
No ritual, faziam sinais com as mãos, eu os segui por uma porta que levava a um espaço místico, e atravessei uma roda de fogo no chão, e no ar, as chamas não me fizeram mal nenhum quando as toquei, então com os olhos, seguindo os sinais de mãos dos demais tentei iniciar fazendo o mesmo, o tempo havia parado, e eu estava inerte tentando entender tudo aquilo, o medo tomava conta de cada átomo do meu corpo, mas ainda assim eu queria seguir e fazer como os demais.
Naquele momento sem conseguir distinguir o real do abstrato, me senti como se estivesse em um transe, nunca acreditei no famoso e conhecido fenômeno de desdobramento, mas meu espírito foi arrancado do meu corpo, eu conseguia ver tudo que meu corpo fazia, era como se meu espírito tivesse se partido em dois, pois tinha consciência no meu corpo e no meu espírito já içado.
Sei que pode parecer uma história difícil de acreditar, mas eu estava lá e vendo tudo, ah se tivesse alguém, como eu queria alguém para testemunhar tudo o que passei.
Eu gritei, caminhei em círculos, pulei e segui aqueles gestos de mãos.
Todos tinham a morte nos olhos, olhos difíceis de esquecer, como olhos de bonecas ou de um tubarão, olhos pretos, sem vida, figuras de preto, como se fossem mortos vivos que ascenderam do inferno.
Enquanto eu brincava com os mortos naquele ritual, meu espírito via tudo aquilo e ria em desespero implorando para voltar, era um espaço estranho sem E = MC².
Do nada todos sumiram e eu permaneci ali sozinho, era um lugar escuro e sombrio mesmo com as chamas queimando e era difícil entender por que as chamas não me causavam danos.
Fiquei lá parado e comecei a dialogar com meu espírito lá no alto, todos temos dois lados, luz e trevas, e a estrada para o inferno está cheia de boas intenções, foi o que meu espírito me disse, e de repente todos estavam de volta, nesse momento o meu espírito voltou para o meu corpo, mas eu havia perdido a noção, a realidade estava distorcida e não sabia se eu estava vivo ou morto, não sabia mais o que eu queria e aquela vontade de seguir os demais passou e só me restou o medo de continuar ali, mas como eu faria para sair daquele lugar.
Foi quando lembrei de Deus, então agradeci a Ele por tudo e orei abençoando sua criação, a vida e o meu destino, foi quando começou uma confusão, a atenção de mim foi desviada e assim consegui fugir, cruzei aquela porta estranha de outra dimensão, corri como nunca, e não olhei para trás.
Hoje eu sei que nunca estaremos preparados para a chegada da nossa hora, ame, ore, de valor a tudo o que te faz bem e se despeça de todos, todos os dias como se você não fosse voltar nunca mais, pois em qualquer noite você pode acordar dos seus sonhos para brincar com a morte e nem todos conseguem retornar como aconteceu comigo.
Tudo o que sei é que não quero mais brincar assim, até o derradeiro momento do meu último suspiro.