Assombração - BVIW
Tema: Noite de breu (conto)
Severino era um bom rapaz, trabalhador, sensível, família. Nasceu na roça e sabia tudo do campo. Trabalhava na propriedade da família e tinha a rotina de acordar bem cedo e dormir cedo. Na roça, sabe-se que não se deve ficar com janelas e portas abertas após às 19 horas. Não sei bem porquê, se é o medo do breu da noite entrar em casa ou se tem o pavor da luz de casa alumiar a noite, o que se fica escondido nas sombras. Mas isso é filosofia… Na verdade, sabedoria dos antigos que sabem dos animais notívagos caçarem à noite. E das assombrações saírem de seus buracos imaginários. Numa noite mais preta que piche, Severino chegou à janela da sala, atraído por uma voz feminina que vinha de fora. Parecia chamá-lo pelo nome, melodiosamente: Severinoooo! Já era tarde demais, perto da meia noite, para alguma mulher vir andando pelo mato. Ele assuntava daqui, dali, nada… mas a voz chamava. Uma ruindade tomou conta dele, mas como era valente, saiu porta a fora. Levou um candeeiro, mas alguém soprou e não foi o vento. A voz chamando e rindo, maliciosamente, mas nada da mulher. Quando Severino olhou pra cima, lá estava ela, branca como folha de papel, com roupas esvoaçantes. Uma luz, não se sabe de onde, a iluminava. O coração de Severino quis sair pela boca. Ficou paralisado, sem forças para correr. A coisa pulou nele e a noite engoliu Severino.