Ela entrou num bar e as pessoas despertaram… não havia quase nada nela que aqueles homens tivessem visto nas mulheres daquela cidade. Nem mesmo o cheiro se assimilava. O homem pode se atirar na morte, deitar-se num abismo e degustar veneno: se ele realmente acreditar que uma mulher é incrível. E eles tentavam (mas não podiam) disfarçar… se contorciam e se olhavam, se excitavam e babavam de forma nojenta e brindavam copos de cerveja como se fossem vikings da pele morena. Ela por sua vez, não se importava com nada além dela mesma, e andava deixando um rastro de tinta multicolorida no chão. Além disso, uma luz repelente, uma chama azul a acompanhava, causando repulsa naqueles seres que já eram repulsivos. As mulheres também se contorciam de “inveja branca”, “inveja preta”, todas as invejas de todas as pigmentações que podem existir. Um sentimento de ameaça e olhares tensos direcionados aos maridos. Ela andou, deslizando sobre tinta fazendo seu rastro… e entrou no banheiro; levou pouco tempo lá e saiu… E agora estava um pouco mais séria. Parecia aérea. Notava-se que tinha lavado o rosto e que tinha chorado um pouco… Notava-se que estava pronta pra qualquer coisa e que se quisesse continuar a noite, continuaria… e se não… tudo bem. (…) Foi passando de mesa em mesa e soprando docemente bem perto dos rostos de todas as mulheres e homens e não era possível escapar, se afastar, resistir a sua aproximação… Após passar soprando. Todos começaram a tossir. Mas ela não ficou pra ver… Não ficou pra ver os seus rostos e corpos consumidos polem venenoso que conhecia bem o caminho dos seus pulmões. Agonizavam e se debatiam nas cadeiras, virando os olhos em desespero… (…) Mal terminou de virar a esquina quando todos já estavam caídos, mortos com filetes de sangue escorrendo do canto da boca… Cabeças caídas para trás nas cadeiras ou no chão. Caretas de agonia e de dor. Ela seguiu frente…visualizou um restaurante lotado, uma banda tocando, muitas mesas todos sentados festejando, homens, mulheres, crianças… Ela sorriu.