Remorso - CLTS 18
Breves observações:
pope - m. q. padre
sona - casaco de inverno
bergues - gorro
chka/ka - diminutivos para nomes
(suspense)
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“Eu tenho um filho, o melhor dos meninos. Belo, inteligente, precioso; a gota mais pura do oceano. Eu tenho uma esposa, a mais fascinante das mulheres. Forte, doce, amável; a flor no deserto. Que mais quero? Deus deu-me a felicidade nas mãos: nada mais quero. Mas é assim a mente turva: acostumada com o embaçado, vê o horizonte diáfano e não se convence: é nômade; quer sempre achar a mais límpida das visões. É assim que, às vezes, cai na mais opressora das escuridões.“
Que vida levava... corredores de esbranquiçados azulejos, vezes vazios, vezes cheios, sempre tristes. Luzes que in-iluminam, rostos mil: deprimidos, remidos, esperançosos. Gritos, choros, súplicas, sorrisos. Que ambiente! É o mundo – estava o servindo. Tanta coisa para pensar e não pensava em nada, ali era o seu ermo, mas a vida prova que brota vida até no mais seco solo: foi o dia, quando chegou uma grávida, era emergência.
“Todos tão agitados, gritando (- O cirurgião! Urgente! Onde está?), eu, ali, parado. É que a mente enxergou paisagem nunca antes vista, querida. Eu nem sabia, mas era o seu sonho. Tinha virado pesadelo, não é? Você sabia que seria assim, que dó, meu bem. E pensar que quase morreste...”
Viu o bebê - seus olhos estavam fechados, molinho; é, sonhou tanto com esse dia... Dorme, dorme. “É mais um anjinho pro Nosso Senhor”. Primeiro fora tocado pela miséria – a tragédia, o coma, o abandono. Depois veio o encantamento: tinha uma deusa a dormitar ali; chegara ao fim o mesmermo – pois então, eis aí a citada flor!
“A verdade era que eu dividia a adoração com a compaixão. Antes mesmo de descobrir a situação que entraste, eu ficava pensando...: como será que vai reagir? Eu me apaixonei por ti, e me veio o desespero de testemunhar o teu, isso me dilacerava. Queria ajudá-la.”
Estava decidido a agir e assim fez, depois de dias espreitando, numa noite em que, naquela sala, não ficara nem a enfermeira – séria ocorrência. Tudo começou aí.
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São mais nuvens que sobem, mais brancura pra vista, quem aguenta? Passam montanhas, pinheiros, bétulas, abetos; acaba tudo sendo a mesma coisa sem-graça. A frieza aumenta a cada centímetro dos trilhos. O vagão é reservado, os de trás são dos prisioneiros. Não tinha mais como voltar atrás, o jeito era fazer simplesmente o que planejara, apesar de martelar na cabeça mil coisas mais – a preocupação quanto ao filho era a maior de todas; mas ‘ele aguentará’.
“Te deixo aqui, amor, preciso fazer uma viagem, o levarei junto... – de qualquer forma, seria melhor fazer isso mesmo, não é? – é capaz que não demoremos. Ah, querida, querida, tua indiferença me inquieta, eu vim sem querer, mas querendo teu bem cá estou, pois é bom espairecer. Esqueça tudo e respire o ar puro, longe das emoções alheias, tire esses dias para ti. Penso que temos tudo para vivermos... isso! Vivermos: é o que eu mais queria, mas viramos cadáveres que não param de morrer.”
Zentsvo pegou um doce (mesmo sem fome), e pensou. Pegou também uma velinha e acendeu-a, esquentou a bala e estava feito. Ato chamativo para Nepravil, que virou o rosto e pôs-se a observar atentamente. Os róseos lábios se fechando lentamente e sujando-se com o caramelo que escorria, o vapor subindo; soprava penosamente o ar para si, queria todo o calor. Minutos atrás se tremia, mas calado ficou.
“Não tem como errar, é só seguir os passos. Chegando lá dizemos que estamos a serviço de Deus, da Igreja, que fomos rezar um bocado com os eremitas da neve e para os prisioneiros; um olha o outro e está feito!”
Os passos pareciam ser fáceis: pegar as coisas com Prodavitch; seguir o trajeto – não chegando, se, ainda claro: acampar à noite – e, depois, voltar para casa no primeiro comboio.
“Imagino como devem se sentir... Uns aqui nem de fato são criminosos, mas caíram na desgraça da ameaça chamada opinião. Descem chorando, rezando... rindo!? – não é possível... Que tipo de miserável se dá à galhofa no iminente tormento? Arh... Enfileirados, o pope vem os abençoar com os castiçais – têm direito a isso, pelo menos. Mas... não é suficiente? Tem de ter briga, também? Que lástima! Meia dúzia contra dezenas, ofensa contra padre irrita até prisioneiros – e há pouco se benziam... (- Vamos, vamos, filho...)”.
Ouviam-se os gritos e os cassetetes encontrando os corpos fervescentes, a visão devia ser bem desagradável. Seguiram viagem e logo chegaram ao solitário comércio que mais parecia uma choupana. Tudo deu uns duzentos rublos, sobrara quase nenhum, apesar de não ser problema. O problema deu-se mesmo com o barbudo falastrão que responde por Prodavitch:
– E quem é esse? Seu filho? – aproximou-se do garoto – E tu... tens quantos anos? – com um sorrisão, mostrando os dentes amarelados (e alguns vãos), sentia-se um leve cheiro de vodka vindo dele.
– Deixe-o – por causa do velho foi para trás do pai; mas o comerciante pareceu lapsar por uns instantes e de súbito esbugalhou os olhos.
– Mas será possível?! Você por acaso é doido? Como é que tem coragem de trazer esse menino para cá? – chamava atenção, como escândalo, dos poucos transeuntes próximos.
“Ah, por que sempre acham que ele é frágil? Será por causa do rosto? A professora até que se admirou quando eu disse que já tinha dezesseis (“– O quê!? Mas tem cara de treze!”). É porque nasceste prematuro? Dois mesinhos a menos não quer dizer nada, tanto que saíste da incubadora antes do previsto e estás são. Não é por causa disso que pareces fraco diante dos teus colegas, meu filho... até me arrependo de ter contado isso. O problema é tua mãe... Por que as coisas têm que ser assim? Tanta dor para não aproveitar a alegria bem ao alcance. Que besteira, flor. Ser menina ou não é tão importante assim? Importante a ponto de desprezar o filho que tanto custou a ter?”
Nepravil quase perdeu a razão com o implicante mercador, apesar de ter ideia do quão era inconveniente desde a primeira vez que conversou, até bastante, com ele, um mês antes, para averiguar as circunstâncias (“Ah, vive lá, não é? Com a esposa... Sai raramente de casa, sim, sim...”). Contou com a “ajuda” de Prodavitch, mas nesse momento esqueceu qualquer gratidão e passou a falar grosso, ameaçando até mesmo de chamar a polícia para averiguar alguns produtos secretos... isso fez o velho se calar; eles partiram, mas ouviram: - É, porém não sô só eu que tenho segredos, Nepravichka! Um se calou, outro não entendeu – e achou melhor não perguntar. Veio a noite e o médico percebeu que não chegariam, prepararam as coisas para passarem a noite dormindo num campinho.
“Sempre gostou de ver o céu, né? Agora está tão estupefato... esse céu mais limpo, eu entendo, deveria eu estar fazendo o mesmo. Apesar do olhar de admiração sempre evoluir para um tristonho. Lembro da vez que explicou que era porque o céu te deixava mesmo triste, mostrando tantos segredos ‘que vou morrer sem saber’. Seria mesmo até melhor desconhecer certas coisas até o fim; a ignorância pode ser uma bênção, filho.”
Zentsvo usava uma sona felpuda e de couro e um bergues amarelado um pouco sujo de neve. Ali fizeram uma fogueira e nela assavam algumas carnes secas; atrás a tenda que conseguira com Prodavitch.
“Vai deslizando o olhar, já cansado de tentar decifrar o céu, agora fita a chama, com teu rosto iluminado por ela – os olhinhos... vieram com essa cor de mel. Poderiam ser gravuras do sol na tua face, mas... estão sempre apagados, como se tivessem arrancado a luz. Perdoe sua mãe, é apenas uma frustração. Era mesmo significativo para ela ter uma menina, ao que parece era até obrigação... até eu sei como isso se arrasta. Ela fica tão alheia, quieta para tudo, passou a fase de descontar em ti – mas mesmo assim... segue com frieza; não parece com aquela bela que se apaixonara durante a ~nossa~ convalescença. Não ligava se estava com fome, qualquer coisa era para ‘se virar’. Se chorava, ‘que mal faz?’... Mas mal fez o teu sono de quase dez anos. Eu não podia cuidá-lo, mas visitava sempre que possível no orfanato (eu avisei para as diretoras que não o pusessem para adoção). Cresceu no meio daqueles como se fosse um..., não é? As crianças choram e são embaladas, você nunca soube o que é isso. Custa compreender, querida? Ao menos dê um sorriso, mostre que gosta, pelo menos, o mínimo possível... continua sendo seu filho! Não lembra? Aquele que tanto custou a vir, achei que seria uma boa surpresa, mas o primeiro olhar de mãe e filho foi de tristeza e aí tudo pareceu ruir”.
Nepravil achou engraçadinho quando escorrera um fino fio transparente de uma das narinas dele, frio! Mesmo com toda aquela roupagem, abraçava si mesmo e insistia o rubor nas bochechas... mas pelo menos já não tremia.
“Não fala nada... também. Sempre foi muito silencioso, quando fala, às vezes, me conta coisas que doem muito. Até mesmo um bando de órfãos consegue rejeitar alguém – o que vem a ser esse? Zentsvo deve saber; seu melhor amigo era um pardalzinho que caíra do ninho, enjeitado daquela árvore. Consigo viveu até morrer, quantos segredos não pôde saber? Vocês têm sim semelhanças, amor... mas eu prefiro não dizer. Lá, naquele leito, jamais foram te visitar. O que ouvi falar, naquele dia, foi que caíste da carroça e o ‘mal-encarado’ saiu sem nem olhar para trás, mesmo com sangue. Pois é, te abandonaste grávida na rua; não abandones quem estava contigo, por favor... A solidão dos dois são diferentes, tu ficas assim, mas ele parece se purificar mais. Sem amor do mundo, sem amor da mãe, e mesmo assim... Não tens noção do quão puro é – mesmo tendo tudo para ser como um desses delinquentes revoltados. Ano passado flagrei-o consolando uma garotinha da outra sala – estava sozinha, chorando... Quantas vezes não deve ter sido ele naquela situação? A consolou como quem consola uma folha que cai antes do outono”.
Chegou o dia, à caminhada voltaram, sol não viram direito – tudo traiçoeiro no ar, natureza-serpente, esperando o momento certo para atacar, usa de mil artimanhas para enfraquecer as presas. Ar denso, chão falso – as botas sumindo – e íngreme de colina, tantos escorregões, ventania ou apedrejamento?, ar rarefeito, os sentidos se perdendo. Um vigoroso corpo saído dos 30, livre do exército para a prisão dos hospitais, soprando névoa; um esbelto efebo suportando tanto, o peito doendo, a garganta sendo esfaqueada, trêmulo e estonteado; tudo parecia ser esmagado lentamente, todo o corpo oprimido e o juízo escurecido. Uns trinta metros separavam os dois do umbral casebre, mas a razão distanciava-se como queda de precipício. Não sentir as pernas, não mexer os dedos, petrificar o corpo, não ter controle dos movimentos – sentir dominado cada vez mais pelo invisível.
“Não caía, meu filho! Pelo amor de Deus, olhe para mim! Responda! Eu te levo, você vai aguentar. Tudo dará certo!”
Que pai... As mochilas nas costas, as roupas pesadas, e, agora, o filho nos braços, sentindo quase que como as pernas perfuradas por espinhos; nem no pior treinamento passara por isso. Sentia até os pulmões se inflando o máximo possível, pois era sua vida que carregava nos braços. O filho de sua esposa, o sorriso de sua alegria – ali, padecendo aos poucos, com a boca lívida, a pele mais empalidecida, o olhar mais escurecido. Cada vez mais sendo engolido pela sua culpa, cada vez mais preferindo a dor física, gradativamente torturante; era mesmo a natureza lhe esquartejando o coração. Desvencilhou-se da mochila (que foi rolando até sumir) e abraçou-o, empenhado em dar tudo de si até o topo. E correu, correu... aquela força foi mesmo Deus quem deu. O ardor nas coxas – podia sentir as fibras se rompendo aos poucos –, o sangue fervendo e queimando as veias, como rios de fogo, o olhar trêmulo, os braços como muralhas, protegendo seu bem mais valioso; cada passo era uma vertigem de fim, uma insanidade conceber tal imagem: qualquer um estaria morto – mas ele caiu... em frente àquela porta. Deus, chegaram! Mas já tão esgotados, Nepravil, tremendo muito, abraçou mais forte o filho e beijou-lhe a testa, os olhos se fecharam.
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“Eu sonhei com a felicidade... a nossa.”
Nepravil acordou, a primeira visão fora do rosto do filho – ainda dormindo – e sorriu, mas lembrou-se do que ocorrera e logo fitou para frente: a porta. Estava entreaberta, estranhou...
“Mas será que nos viu? Será que foi buscar ajuda? Na verdade... não lembro se já estava assim.”
Uns ruidinhos, era Zentsvo que acordava. Ajudou-o a se levantar, ambos estavam enfraquecidos. Teria de recompensá-lo muito por fazê-lo passar por isso, ainda mais por uma razão que ele quis tanto saber e não recebera explicação plausível. Entraram lentamente na casa, estava tudo muito escuro e... bagunçado. Coisas reviradas, era uma casa pobre, mas o que havia ali era um caos. Livros, cadeiras, cacos espalhados, um samovar destruído, panos retalhados. Parecia não haver ninguém, só a ira de uma alma.
“Que azar! Não é possível... mas ainda há o segundo andar... esperança.”
E decidiram subir – iam lentamente por causa do garoto, que subia com dificuldade e até hesitando um pouco. Chegando lá... um ar pesadíssimo, puro mofo, frestrinhas permitindo uns raios sorumbáticos de luz. Aquele ambiente era deprimente, só piorava a consciência, mas... aquele homem caído, perto da lareira...
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Nepravil, sério e frustrado, baixou-se diante do cadáver, o filho via a cena ao seu lado, atônito, em pé. Suspirou, é...
“Chega um dia que as suspeitas e incertezas se vão para dar lugar à verdade... Quando isso acontece, basta entregar-se.”
O homem perdeu o último fio. A razão? Tinha uma esposa há muito tempo em depressão – ambos estavam. Para este nada foram com fim mesmo de se isolarem, tinham perdido a esperança, apenas queriam chorar sozinhos, longe da fonte da dor daquele sumiço; foi-se a alegria. Um cadáver vivo era aquela pobre mulher – que dissabor para o marido vê-la assim, sentia que era culpa sua, um descuido e tudo destruído. Enforcou-se mesmo em casa, quando, tal qual trágico dia, estava ele em falta. Chegou e viu a cena horrenda... Foi há poucos dias, aguentou ainda muito tempo, mas... eis aí o acontecido.
“É, meu filho, é esse mesmo o dia...”
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Este sorriso... é de quem chega sem arrependimento ao Inferno ou de quem livrou-se do remorso? Essas lágrimas... consegue explicar? Aquele olhar estático – de nublado poente; astro derrotado: ouro desbotado. Um quadro fantasmagórico, de perfil: alvíssima, quase pálida, magra, de grossas mechas louras e peculiares. Bem no centro dos tijolos vermelhos, em baixo, olhando para ela, estava o morto – ambos pareciam chorar; sabe-se, nesse momento, de quê... ou por quem. Pode-se dizer que, enfim, estavam felizes? Não quis mais ficar ali, desceu as escadas correndo, caindo alguns rastros de si.
“Queria que tu fosses feliz...”
Ficou um momento ali, o rosto tomou o semblante comum a todos, e decidiu que estava na hora de ir – “que sofresse um pouco sozinho, como se acostumou”. Apesar da preocupação acerca do futuro, não conseguia livrar-se de um sussurro de paz. Foi aos degraus, em busca dele.
- Escute, por favor... Entendo que esteja triste, desesperado, com raiva. Não queria lhe pedir nada, já sabe da verdade – estava no meio da sala caótica, parado, tentando acha-lo naquele escuro –, mas lembre quem nos espera. Sei que sua alma odeia a dor... lembre dela, você não vai querer que aconteça igual tragédia, não é... filho? – com incerteza nesse finalzinho.
“Eu não o ouço chorando... será possível?”
- Olha... se não quiser mais me... ou nos ver, tudo bem. Consigo para ti um internato ou algo assim em Petersburgo, ou até mesmo tento deixar-te no bom estrangeiro, e mensalmente, também, dou-te um dinheiro para ficar bem, não deixarei que te falte nada. Só... não diga, tá? Se for necessário, eu mesmo direi, da melhor maneira. – foi aproximando-se da cozinha, que percebera estar um pouco aberta, pensando ter ele se escondido lá, pegou um candeeiro e tentou alumiar o local, vendo tudo no mais abandonado esquecimento; o pior dos silêncios.
Voltara ao mesmo ponto, confuso, quase sem rumo, pensando no terrível fato dele ter saído sozinho – mas estava sem forças para agir. A chama estava tão linda, dançando leve, aquecendo o ser como bailarinas encantam plateias. Em seu peito projetava-se a sombra de sua mão esquerda, livre, aberta, e vendo aquilo veio à mente as lembranças de tudo; a mão se fechou, pulsante, com líquido escorrendo. Só ouvia as batidas aceleradas. Veio a sombra de um colosso, cruzando os seus pés e parando na parede à sua frente, virou-se e viu: era o filho querido. Teve vontade de chorar de alegria, cambaleou um pouco até ele, quase não saiu do lugar. Sua imagem estava escurecida, com a cabeça abaixada, uma das mãos escorando-se na porta. A vista embaçada engana, reflexo de lua em pleno dia? Sons agudos, como de cacos caindo, junto de uns rangidos; estavam caindo aos pés dele e se fragmentando, recebendo rubro orvalho do mesmo alto que vieram. A vista passou a ficar translúcida, sentia como se estivesse, de novo, se petrificando, jogado num lago congelado, mas não tirava os olhos da imagem à sua frente. De repente, o rosto ergueu-se e viu aquela face desfigurada... um anjo tomado pelo ódio. E então... uma faca rente ao pescoço. Eis a visão derradeira, tomara todo o olho, virara gelo de vez. Nada mais sentia, nem podia mais, era o fim mesmo. Tudo o que faltava para acabar. Como se houvesse um vão no peito, que pudesse ver além dele. Os eflúvios ficaram estáticos, perderam sua natureza: inférteis. Já não há mais corpo, agora é um objeto do acaso, alimento da serpente. Deixou o seu calor ir; perdeu o amor e o único pilar de si. Era mesmo o fim, ali, naquele lar – daquele lar.
Aquela foi uma noite de Lua e Sol – este último no meio das brancas nuvens.
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r. - sendo também breve:
Prodavitch > advém de 'balconista/comerciante';
Nepravil > errado - aquele-que-errou;
o texto, na primeira versão, seria completamente em terceira pessoa com alguns trechos embutidos expondo os pensamentos do protagonista, mas achei tudo muito mecânico; apaguei tudo e fiz dessa forma intercalada em 1º e 3º;
se não ficou claro, apesar de não ter sido mencionado, a região onde se passa a estória é a siberiana;
p.d.m -