Um conto de vingança pt II
Fazia pouco mais de uma semana desde que Marcos havia feito um boletim de ocorrência acerca dos pertences roubados da sua casa. Após diligências da polícia, ele ficou sabendo do nome dos dois suspeitos de terem invadido a sua residência. Dois viciados que viviam pelas redondezas e atendiam pelo nome de Mandíbula e Dudu. "Malditos nóias" pensou Marcos quando confirmou as suas suspeitas.
Mandíbula estava percorrendo seu caminho habitual rumo a sua casa quando percebeu a aproximação de um veículo vindo pelas suas costas, pensando ser algum motoboy ele resolveu se virar para pedir uma carona quando sentiu uma forte pancada na nuca e apagou.
Ao acordar, percebeu que estava deitado num chão de cimento com seus pés e mãos amarrados, amordaçado e vendado.
Por uma pequena abertura na venda ele conseguia ver através da luz que vinha da rua o que parecia ser um homem forte que estava ligando uma espécie de caixa de som.
No chão próximo a ele, dava para ver o que parecia ser um alicate, um martelo e um saco de pregos grandes e pequenos. Suas entranhas reviraram nesse momento.
Ao ter a venda retirada nesse momento, Mandíbula viu se tratar do dono da casa que ele havia roubado.
- Por favor, não me machuque, eu devolvo as coisas que eu levei.
- Qual o seu verdadeiro nome? - O homem perguntava numa calma que poucas vezes ele havia visto na vida.
- E-Emanuel. Havia medo em sua voz.
- Hmm, Deus é conosco! Você acredita em Deus? - o homem perguntava como se estivesse com a resposta pronta esperando a deixa de um texto ensaiado.
- Acredito sim, pelo amor de Deus, não me machuque, eu devolvo as suas coisas.
- O que você levou naquele dia eu nunca mais vou recuperar. Pode chamar por Deus, quando ele vier eu paro de lhe torturar.
Neste momento uma caixa de som começa a tocar um heavy metal para abafar os gritos que viessem a surgir.
Mandíbula pensou que fosse desmaiar quando Marcos colocou pequenos pregos embaixo das suas unhas do pé e com uma só martelada fincou os pregos em sua carne. Ele gritou mas o som estava tão alto que ele mal conseguia ouvir a própria voz. Deitado em uma espécie de armação de madeira em formato de cruz, Mandíbula chorava e urrava de dor mas ninguém que passasse por perto iria pensar que fosse alguém sendo torturado, e sim alguém ouvindo um metal infernal no máximo volume.
Marcos ouviu alguns dias depois uma notícia que chocou a sua pequena cidade litorânea: pescadores descobriram ao secar da maré o corpo de um homem pregado numa cruz de cabeça pra baixo. O homem tivera os pés e mãos arrancados, o couro da cabeça removido, bem como os dentes, o que dificultava a identificação do corpo.
Em meio às exclamações de seus familiares, Marcos só conseguia pensar "Um já foi, só falta o outro".