Uma vida feliz e normal
Não. Não creio nas leis do retorno. Nem creio que o que “aqui se faz, aqui se paga!”. Creio que se houver câmeras, ou se se deixa rastro, ou se se reincide no erro, fatalmente crimes serão desvendados. Creio sim que se houver impedimentos, um espírito de desencarnado padece por aqui mesmo e sofrerá. Mas para o justo não haverá “vida” após a morte, nem reencarnação até para o injusto. Isto está ligado ao ser humano: metade matéria, metade espírito.
Nem sempre “quem planta colhe”! O que foi semeado pode minguar ou morrer por motivos diversos, se o solo não for fértil, se houver pragas, se houver mudança brusca climática. Há pessoas que trabalham pra ter algo a vida toda, mas não conseguem realizar o que almejam. Enquanto outras que nunca se esforçam têm seus caminhos abertos. Nem sempre as coisas saem conforme se planeja. O que parece concreto é frágil como gesso podre.
O mundo humano é um amontoado de dogmas, de pragmatismo, de paradigmas, de ilusões dadas como definitivas, seguras. Ainda mais com os "pacotes de felicidades" impostos pelo capitalismo.
Há pessoas que enlouquecem quando o mundo a sua volta desmorona.
Tudo é transitório.
Não creio na justiça divina, nem na justiça dos homens. Creio no Determinismo.
Há pessoas que cometem e cometeram crimes hediondos, mas nunca pagam, nem pagaram, nem pagarão por eles. Pelo contrário, seguem, levaram e levarão uma vida “feliz e normal”.
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Lygia Victoria: Contista de terror e terrir, professora, compositora, produtora musical.