O PREÇO DA MORTE XI

O carro do defunto é uma relíquia para os dias atuais.

Um conservado Santana.

Cor chumbo.

Fez lembrar.

Aqueles veículos presidenciáveis de retrógradas décadas.

Não poderia deixar de mencionar a título de exemplo.

Opala Diplomata.

O defunto logrou êxito em retirá-lo do pátio.

Haja chumbo.

Chamou a atenção.

O furos no interior do veículo.

Os projéteis que não alvejaram o defunto.

Furaram o estofado, justamente,

ao assento do motorista.

Ou poderíamos parafrasear.

Sem dúvida o alvo era o 'matorista'.

Tempos antes do homicídio o defunto tentou negociar este Santana com o seu primo.

Ao deixar o pátio, após quitar as diárias.

Procurou o primo.

Desejava investigar versões, sobre o que não seria mais crime de homicídio.

Eis que permanecia...

VIVO

- Olá, primo.

- Beleza, defunto, bom revê lo, deixa o carro aí, tenho dinheiro e uma arma - falou vagarosamente o primo.

O defunto desde o ressurgimento vinha matutando que precisaria se armar.

Sem pestanejar, aceitou a proposta do primo.

- Olha primo, eu não preciso mais deste carro, e nem lembranças boas ele me trás.

- Aliás, recebi convite de minha irmã, pra passar uma temporada, na cidade do Rio de Janeiro.

- Ficar lá no Condomínio onde ela mora.

- Fechado, defunto, passa a chave aí, que eu vou buscar no meu quarto a "ferramenta" e a entrada em dinheiro.

O primo era bem articulado, experiente empresário, do segmento de casa noturna.

Falava mansamente.

E tinha uma irmã gêmea.

Não o defunto.

Antes que se confunde.

A irmã do defunto não era gêmea com ele, mais nova, embora se parecesse muito, física e espiritualmente.

A irmã gêmea (do primo do defunto) detinha excelsa beleza, tendo desenrolado um romance secreto - que agora não será mais segredo.

Justamente com quem...?

Adivinhem?

Com o advogado de porta de cadeia.

Pensa. 🤔

Olhando fixamente indagou, antes de repassar o chaveiro.

- Qual o buchicho tá rolando sobre quem atirou em mim?

- Você teria algum suspeito...

... de quem mandou me matar...?

O defunto sempre fora bastante falante mesmo antes do assassinato.

Visitava alguém sem pressa alguma, e mesmo em casa conversava o tempo todo, amava a família ampliada, incluindo mãe, filhos, mulheres atuais e antigas, tias e tios, irmãos, primas e primos, os considerava.

Com o pai tinha um tratamento ríspido e indiferente.

Mulheres atuais eram o problema.

Embora o defunto desenvolvesse antes de morrer relacionamento estável.

Tava fazendo estripulias por fora.

O primo foi logo falando.

- Verdadeiramente o buchicho que tá rolando é que foi gente de fora, vieram apenas fazer o 'serviço'.

No seu íntimo, o defunto desconfiava que de alguma forma o "parça" fora comparsa do mandante, pois fora a última pessoa com quem esteve no Santana, e fora direcionado por ele (pelo "parça") para o local do crime...

O carro atirador o surpreendeu justamente na porta da casa do "parça".

Mas poderia não ser nada disto, o defunto se comportava um pouco paranóico.

Mas lembrava de seu rápido envolvimento com uma jovem,

que trouxe de fora,

pra dentro da própria casa.

E com eles,

merla (do DF)

Esse tal de trisal, está a cada dia, mais banal.

Os planos fracassaram, com o passamento do defunto.

A garota evadiu logo após o brutal assassinato, com a merda toda.

Este primo tolerava o defunto, continuar a se envolver com o tráfico depois de ressuscitado.

Envolver.

(Ou Infiltrar?)

Eu próprio desconfiei no instante em que o defunto passou por mim de carro, com o "parça" no banco passageiro, cumprimentando e falando sobre cobrar o preço da morte.

Entendo agora como se quisesse dar uma indireta ao "parça", que estava ali ao lado, prestes a levá-lo a uma emboscada.

Parece que o escritor está um pouco paranóico.

Ingenuidade em não se admitir que o "parça" pudesse ter desconfiado e descoberto e delatado aos patrões, a atividade policial do defunto.

O certo é que o defunto iria viajar pra cidade do Rio de Janeiro.

A irmã o levaria consigo.

Iriam no ônibus leito.

O defunto apanhou a arma.

As estrelas o guiavam em direção aos milicianos.

edras josé
Enviado por edras josé em 24/12/2021
Código do texto: T7413938
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