O PREÇO DA MORTE X

Naquela noite o defunto cobriu sua mulher.

Com vontade.

Que nem.

Quando o pavão cobre a pavoa.

Ela se saciou.

De saudade.

O defunto esteve ausente.

Tentando resolver problemas post mortem.

Voltando a dar assistência em casa.

Sua amásia o conhecia bem.

Teus melindres.

Aguardara o defunto com cervejas, estupidamente geladas.

Ele só tinha tomado um cafezinho na casa da titia.

Mais uma laranja, chupada na casa da mãe.

Agora era mais um churrasco.

Ao prato principal.

Enteado no Roblox.

E a lua rosada, em sobremesa, por debaixo dos lençóis.

O defunto após desmaiou de cansaço.

Durante o sono.

Aconteceu experiência com - o perispírito.

O perispírito.

Abandonou o corpo do defunto.

Pelas cervejas que consumira.

Já não apresentava rigidez espiritual.

Quanto à rigidez cadavérica.

De Jesus ou Lázaro.

Não ouviremos falar.

De tão real.

Chega a ser fantástico.

De igual modo, nosso,

defunto cobrador

Que agora ali permanecia estático.

Conseguindo abrir apenas os olhos.

Igual velado ao caixão, olhava fixamente pra parede do quarto à sua frente, e via apenas o cenário recente, que o perispírito observou.

Enquanto aventurou na madrugada.

Caminhando até a casa do "parça".

Olhava um distintivo.

Na despensa, o perispírito observava aquele símbolo.

Na própria casa do defunto, em outro cômodo.

Um cômodo em que o defunto entocava pertences.

O defunto fora policial disfarçado, antes de morrer.

Infiltrado em simples e sofisticadas organizações criminosas.

Desta feita, chegou a óbito.

O perispírito indicava que a amizade com o "parça" além de ultrapassar os limites traçados pela corporação.

Seduziram o defunto (especialmente com a vaidade).

Talvez aí a decepção do Delegado de Polícia, que de igual modo belo, recaía vez ou outra.

Naquele instante em que o perispírito passeou de madrugada até a casa do "parça".

O defunto reviveu os momentos imediatamente anteriores, ao carro atirador.

Pra ele agora, mais que evidente, uma cilada, em que fora envolvido, por quem passou a assumir, não mais como o amigo entre aspas, e sim como o grande sabotador.

O "parça".

O perispírito foi à casa do "parça" e esteve diante daquela figura dormindo; tal qual Davi esteve perante o rei Saul, na caverna de Adulão, podendo cobrar o preço da perseguição.

A mãe não conseguia entender.

O filho policial não se reconhecia mais.

Fora envolvido de tal forma.

Que lhe confundiram bandido.

Mistério.

Após o assassinato.

O defunto estava se reencontrando como um homem de bem.

A áurea atraía até crianças.

A uma delas prometeu deixar barba e cabelo crescerem para se assemelhar ao Rei dos Reis.

Atordoado na cama, o defunto não conseguia se mover por mais que tentasse se levantar.

O perispírito havia deixado o teu corpo físico.

Por último agora.

Estava na despensa.

Olhando o distintivo.

Por cada uma das pessoas que se envolveram com ele antigamente sempre imaginavam ser um moço que apenas metia em arriscadas.

Ao mesmo tempo que defendia uma a uma, pais, amigos, filhos e parentela em geral, em quaisquer circunstâncias.

Se alguém sabe que o defunto tinha contracheque.

Ou que outrora havia prestado ou passado em concurso.

Trocou de identidade.

Mas o defunto.

Do perispírito não conseguia esconder, a verdadeira identidade policial.

O distintivo.

O defunto não só queria cobrar.

O preço da morte.

Encontrando o mandante.

E os comparsas.

Do qualificado.

Homicídio de que fora vítima.

Assim,

retomar sua carreira.

Agindo mais do que nunca.

Desobediente.

Anarquista.

Rebelde.

Deixar acontecer.

Natural.

Mente.

Precisava aguardar o perispírito retornar, e já estava bem pertinho.

Aguardar o sol.

Pra finalmente buscar o carro peneirado.

No pátio.

edras josé
Enviado por edras josé em 17/12/2021
Código do texto: T7409090
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