Como alguém vindo de outra época e cultura: o homem de preto fez reverência, curvando-se diante das duas mulheres, tirando o chapéu. Sorriu novamente…. Cibele olhou incrédula a barra da própria calça. O fio de urina, escorrendo como um pequeno filete, descia a partir da virilha, atingindo seu pé e um pouco do chão. Se sentiu completamente vulnerável; e ao mesmo tempo parecia encarar um filme em câmera lenta. Dani queria agarrar a amiga com força. O homem entrou no quarto e bateu a porta. Alguns segundos depois as duas amigas se recuperaram a ponto de conseguir se mexer e fazer alguma coisa. Se trancaram em casa. Não dormiram esperarando os primeiros raios da manhã chegarem… e lá pelas seis chamaram polícia e todos os amigos. Dois homens da força policial… e mais alguns amigos raivosos, esmurravam o quarto 02… Após algumas batidas levaram a porta abaixo. Não tinha ninguém. – Será que foi embora da madrugada? – Alguém perguntou… Dani tomou a frente e entrou no apartamento. Não havia mesmo ninguém, nem nada. Era uma sala oca sem móveis e um banheiro vazio. Cibele se aproximou, olhando em volta, os olhos molhados não podiam acreditar naquilo. O zelador vinha chegando… encontrou aquela quantidade de gente reunida, os rostos assustados. - Precisamos saber exatamente qual foi o horário que o individuo morador DESTE apartamento foi embora e para ONDE ele foi. – Disse um dos policiais… O homem coçou a cabeça, confuso. "Há muitos anos NINGUÉM USA MAIS este quarto!", respondeu. Os policiais contrariados e uma grande quantidade de gente encararam as amigas com desconfiança… – Horas depois restaram apenas Cibele e Dani e também o zelador… parado na porta do quarto. – “O que você viu menina?” – Ele perguntou. – Cibele parecia sentir muitíssimo sono, daquele tipo que não quer se entregar… uma exaustão quase drogada. - Já disse, era um homem de preto! – Ela respondeu. – Dani estava sentada num banco tentando não pensar… o que era impossível. “Vocês viram o Abutre…não foi?” – Ele usou esse nome!! Como você sabe?! – “Já vi ele uma vez… Ele não gosta de barulho, né… Eu desobedeci uma vez. Eu era jovem. E… Perdi…Perdi umas ‘coisas’… depois.”Tirou o sapato do pé direito e mostrou que faltavam-lhe os dedos. Ainda assim, envergonhado conseguiu sorrir. - “Ora! Não fiquem assim! Ele deu uma chance, não deu? Ele cumpre as promessas! Vocês tiveram SORTE! Agora… se fizer de novo… Aí DANÇOU!”E então saiu apressadamente…Parecendo até se divertir um pouco com todo aquele movimento. Dani deu uma risada curta, nervosa… Então é isso. Se fizer de novo… – Ela falou sussurrando e com olhar debochado… Cibele a olhou nos olhos e também riu… – DANÇOU!Desabaram num misto de choro com gargalhadas nervosas.

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 13/12/2021
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