Enterrado vivo - um conto-poema...
Acordei de madrugada
Como de costume
Porto Alegre abafada de fevereiro
Me fazendo suar
Quando de repente
Não podia enxergar...
Quando de repente
Não podia respirar...
Quando de repente
Não podia me mexer...
Ergui as mãos
Buscando o socorro
De uma bênção derradeira
E tudo o que senti
Foi uma tampa de madeira!
Cemitério da Santa Casa
Vinte anos depois
Desocupação de gaveta.
São por vezes incomuns,
Mas tampas de caixões
Arranhadas por dentro
Por dentro me gelam
Parecem coisa do capeta...