O telhado preto na cozinha
Entre as panelas, vivia a Rose fazendo a sua comida, que era uma delicia no bairro. Era tanto aroma que alimentava aos poucos o telhado, enchendo-se de fartura e gorduras.
De facto, a Rose cozinhava lindamente e com amor, até que um dia, a lua se virou e ela ficou doente. Assim sendo, não tinha como cozinhar, o telhado morria de fome, mas de tanta fome que acabou ficando seco por dentro.
O que a Rose não sabia, é que durante muitos anos, ela criava um ser a volta dela, um telhado preto que um dia viria a persegui-la.
Rose não tinha tempo de olhar a sua volta, eram tantas delicias que o tempo se tornava infimo para perceber um inimigo a sua volta.
Durante a noite, Rose toda acamada via vultos, pedindo comida.
"Rose, Rose, quero minha refeição do dia"
A Rose insistia em dormir...
"Rose, Rose se esqueceu de mim"
Assim falava o telhado preto cheio de fome, se movendo a volta da Rose.
Então, a Rose chamou um médico e perguntou: Caro Dr há ventania hoje?
O Dr respondeu: Por que Rose?
A Rose assustada, disse: É porque o telhado está a se mexer
O Dr começou a rir, ha ha ha mas Rose aqui no Hospital não usamos telhado deve ser uma alucinação sua por causa do tratamento, descansa e se acalme.
Assim ficou a Rose descansando. Dia seguinte, o telhado volta com panelas e ingredientes pra cozinhar, e a Rose estava no banheiro, o telhado surgiu no espelho:
"Rose, Rose cozinha pra mim, que eu gosto"
Rose chorava e chorava desesperada
"Rose você se esqueceu de mim"
Rose toda nervosa tentou sair do banheiro, o telhado surgiu a sua frente:
"Rose, Rose cozinha pra mim"
Rose já estava tonta, com tanto tormento, o telhado insistia batendo nas panelas que trazia:
"Roseee pega essas panelas cozinha pra mim agora"
Rose começou a sangrar dos ouvidos, até que a enfermeira que a cuidava chegou e viu a Rose toda suja de sangue e disse:
"Rose o tratamento deve não estar a te cair bem, o medicamento está a te criar hemorragia"
A Rose toda cansada, tentava alertar a enfermeira, mas ela só dizia que era um efeito colateral ao medicamento. Depois de chegar ao quarto, o médico resolveu trocar o tratamento.
Na madrugada, o telhado volta:
"Rose me serve a sopa da madrugada"
A Rose insistia em dormir, o telhado voltou com alho forte:
"Roseee acorda é hora de fazer a sopa querida"
A Rose não esperava o que viria a sua frente, um telhado enorme cheio de gordura, que ela não limpava há anos.