Exorcismo
12Como você caiu dos céus,
ó estrela da manhã, filho da alvorada!
Como foi atirado à terra,
você, que derrubava as nações!
13Você, que dizia no seu coração:
"Subirei aos céus;
erguerei o meu trono
acima das estrelas de Deus;
eu me assentarei no monte da assembleia,
no ponto mais elevado do monte santo.
14Subirei mais alto
que as mais altas nuvens;
serei como o Altíssimo".
15Mas às profundezas do Sheol
você será levado,
irá ao fundo do abismo!
(Isaias 14: 12-15)
O Padre Peter escorava-se na parede, sua testa gotejava suor. O menino habilmente amarrado à poltrona, no centro do quarto, gritava coisas desconexas num idioma há muito perdido. Mais uma hora, pensava Peter, mais uma hora e tudo estaria terminado. Tinha uma extensa experiência nesse ramo.
Arrumou novamente seus paramentos e recomeçou sua ladainha em latim. Quando aspergiu o líquido no menino, este virou vapor ao contato com sua pele. Ouviu-se um urro, que ecoou por toda a vizinhança. Passava da meia noite.
Foram os pais que notaram os primeiros sinais no rapazinho e constataram que ele havia sido escolhido. Não tardaram a contatar o Padre Peter na Cúria. Naquela noite ele percebera o que estava por vir. A muito custo o imobilizaram e aguardaram o religioso.
O confronto final havia chegado. No momento em que o possesso expeliu uma luz branca através da boca, Peter caiu ao chão, completamente sem vida. Alguma coisa muito estranha, porém, se seguiu.
Os olhos do menino agora eram vermelhos. Seus pais entraram no quarto...
- Mestre? Padre Peter?
- Sim... Abadon, melhor dizendo.
- Ele se foi?
- Em definitivo. Eu agora habito esse corpo. O corpo de uma criança casta e devota, tocada por um anjo da guarda. Como deveria ser. Viverei muitos anos e com o impulso de vocês espalharei minha pestilencia sobre a Terra...
O casal ajoelhou-se diante daquele que foi seu filho em adoração demoníaca. A partir de agora riquezas e prazeres seriam pouco em suas vidas. Afinal, não fora o próprio diabo que havia dito...
- Tudo isso será teu se me adorares?