O REGRESSO DE DAVENPORT - CLTS 17
PRÓLOGO
Em 1866 a pacata Goldfield no Arizona, estava longe de ser uma cidade fantasma. Apesar de há treze anos, ter quase sucumbido ante uma terrível praga que vitimou mais de duzentas pessoas. Nenhum médico local soube diagnosticá-la, e, os de fora da cidade, sequer ousaram pisar lá para descobrir do que realmente se tratara a estranha doença. No entanto, em 1854, um ano após o aparecimento da peste mortal, da mesma forma que veio, ela se foi...
Aos poucos, a incipiente economia da cidade, que funcionava basicamente por causa da agricultura, do comércio local e da eventual movimentação turística, paralisou durante a epidemia, e só voltou a crescer com a chegada de forasteiros e imigrantes em 1858, quando, supostamente, foi encontrada uma jazida de ouro nas minas Mammoth, localizada nas Montanhas da Superstição, local em que os moradores de Goldfield consideravam assombrado.
A notícia do ouro se espalhou como rastilho de pólvora, e logo a cidade ficou lotada.
Com a crescente chegada de pessoas, o Saloon vivia cheio, e, por vezes, era palco de violentas brigas, que geralmente terminavam em tiroteio e tragédia!
A atmosfera densa e sombria deixadas no psiquismo coletivo, além das dificuldades sociais impostas pela recessão político-econômica, com o fim da Guerra de Secessão em 1865, obrigava muitas pessoas e famílias a adaptarem-se e sobreviver da melhor forma que podiam. Com o pistoleiro Will Davenport, que lutara pela libertação dos escravos nessa guerra, não foi diferente...
CAPITULO 01 – FANTASMAS DO PASSADO
Pensando na possibilidade de mudar de vida, e, até mesmo de enriquecer, após a notícia do ouro de Goldfield ter-se espalhado, que Davenport retorna a sua cidade natal. Ali, parado sobre a montaria, bem ao sopé das Montanhas da Superstição, ele observava a cidade ao longe enquanto a noite caia e os lares e estabelecimentos comerciais começavam a ser iluminados pela luz dos lampiões.
Um último instante de prazer antes de dar o primeiro passo rumo à sua nova jornada foi àquela tragada relaxante em seu fuminho. Depois, mirou as nuvens pesadas e negras como os seus pensamentos, que pairavam sobre Goldfield. Sua mente envolta em sombrias recordações, exumadas pelo cenário fantasmagórico de seu passado, evocavam estranhos e tenebrosos sentimentos que lhe apertavam o peito. Mesmo assim, ele precisava prosseguir.
Com uma mediunidade não-desenvolvida, Dave não ouviu sua tagarela companheira de viagem, que apeava do lombo de sua montaria. Uma menina, trajando um vestido surrado e um par de pequenas botas gastas.
- É aqui que eu desço. – retrucou a criança fantasma. Sua filha não-nascida – Minha jornada acaba. Mas a sua está apenas começando. Boa Sorte, Mr. Davenport!
Dave não podia ouvi-la ou vê-la, mas pressentia sua presença. Súbito, ele quebra a estranha conexão introspectiva, arremessando a bituca do cigarro ainda em brasa no solo árido, ajeita a aba de seu chapéu, com o olhar fixo na cidade, golpeia de leve o costado do animal com as esporas de suas botas, conduzindo-o pelas rédeas num desabalado e empoeirento galope. Sentindo, ao mesmo tempo, a sensação de liberdade ganhar corpo, desanuviando o seu humor sombrio, e o vento desafiador afagar-lhe o rosto.
Ao longe, à borda do declive, o fantasma da menina observava a nuvem de poeira afastar-se e acenava com sua mãozinha, esboçando um sorriso de esperança.
Ao chegar, Davenport apeou de seu cavalo, amarrando-o junto ao cocho, depois, dirigiu-se ao saloon pensando em se refrescar e encontrar pouso para dormir. A música alegre divertia os cowboys e trabalhadores das minas que se revezavam entre jogos de poker nas mesas, tomando cervejas em canecas no balcão ou dançando com as strippers...
Com um olhar perscrutou o ambiente, encontrando a nata da sociedade, reunida numa única mesa, o prefeito Henry Brown e dois moradores influentes da cidade: Mr. Scott o banqueiro, e Harvey Spencer, proprietário daquele saloon e fazendeiro local. Surpresos, os três engoliram em seco ficando mudos ao verem Davenport se aproximar.
- Ora, ora, ora... Quem é vivo sempre aparece. – o prefeito ironizou olhando-o com desdém.
- O que faz por essas bandas? Você não é bem vindo nesta cidade. – rosnou o banqueiro.
- Venho em paz. Procuro emprego nas minas. – Davenport foi enfático, duro e sério como de costume.
- Não tem nada para você aqui, rapaz. – dessa vez foi o dono do saloon quem deu o ar da graça. – sugiro que dê meia volta, e retorne para o buraco de onde saiu. – ele fez um gesto de quem iria sacar sua arma da cintura, mas Davenport o desencorajou, levantando de forma sutil o seu poncho e revelando o reluzente par de revólveres Colt Thunder, calibre (.41) que descansavam em seus coldres laterais na algibeira, além da Pistola-Adaga Wesson, enfiada por entre as calças defronte ao umbigo.
- Como disse, venho em paz, mas estou disposto a guerrear. – ele cuspiu no chão após dizer. – sem contar que o prefeito Henry me deve um favor, e vim cobrá-lo.
Os três sujeitos entreolharam-se com ar impotente, se roendo por dentro, mas sem nada poderem fazer. Afinal, quem seria o primeiro insensato a querer desafiar Davenport, o gatilho mais rápido conhecido por àquela região?
Antes que o prefeito pudesse aceitar o pedido de emprego dele, porém, uma mulher veio servir a mesa, reabastecendo-a com canecas de cervejas e petiscos. Ao cruzarem seus olhares, ela e Davenport ficaram congelados por alguns momentos, até que a jovem fechou a carranca e num ímpeto, esbofeteou-o, correndo em seguida aos prantos, escadaria acima, até o seu quarto.
CAPITULO 02 – FORASTEIROS
Davenport olhou constrangido para os homens sentados à mesa, e fez um gesto com as mãos.
- Conversamos amanhã. Pensem bem! – depois, correu atrás da garota, apanhando de dentro de um jarro em cima da mesa, um trio de flores vermelhas. Lá em cima, encontrou a moça num dos quartos, sentada numa cama de casal, chorando com as mãos cobrindo o rosto. Ele aproximou-se e tocou-a carinhosamente no ombro.
- Aura Mulhall! Meu amor!
- Will Davenport, por que você voltou?!
- Precisei voltar. – replicou ele entregando-lhe as flores.
- Você foi um covarde! Abandonou-me aqui e se foi...
- Perdoe-me, mas eu era muito jovem! E havia acabado de perder os meus pais para àquela praga maldita, não sabia o que fazer! E também não poderia mais viver aqui. Não n’aquele momento! Eu quis levá-la, tentei falar com você, mas não me ouviu... Sinto muito. Estou aqui agora para tentar consertar tud...
- Não devia ter voltado! – Aura atalhou-o – você não sabe as coisas terríveis que precisei fazer para sobreviver neste inferno. Mas pelo menos fiquei e enfrentei a situação. – ela observava as flores vermelhas que ele lhe dera, atirando-as ao chão num rompante, quando pareceu lembrar-se de uma coisa trágica. – Eu estava grávida Dave... E, e... Perdi o bebê! – desatou a chorar.
Dave sentou-se ao seu lado e abraçou-a. Consternado. Limitou-se a fitá-la com ternura, beijando-a carinhosamente nos lábios.
* * *
Noutro dia, Dave estabelece-se novamente na cidade, sendo aceito pelo prefeito (a muito contragosto) para trabalhar nas minas. Sua presença em Goldfield representava uma ameaça aos poderosos, pois além de temê-lo, sabiam que ele lutara na guerra pela libertação dos escravos, o que para eles, como bons escravagistas que eram, tratava-se de um insulto! Todavia, por hora, nada podiam contra ele, a não ser esperar que o maldito agitador cometesse algum deslize, para poderem trancafiá-lo na cadeia, ou matá-lo de uma vez! Mas, por enquanto, o deixariam em paz, trabalhando nas Minas Assombradas, alimentando a sua vã esperança de tornar-se um homem rico.
Sete dias se passam, e Davenport, enquanto tomava sua bebida tranquilamente, conversando com John Cross seu colega de trabalho nas minas, acaba testemunhando duas brigas encarniçadas no saloon, terminando a segunda com a morte de três homens num tiroteio por causa de um fatídico jogo de cartas! Na noite seguinte, dois homens estrangeiros chegam à cidade e se hospedam no hotel em que ele se encontra. Tratava-se de dois alemães que já passaram da meia idade, diziam se chamar Petrus e Klaus e tinham interesse em estabelecer um negócio de compra de pepitas de ouro. Estavam em busca também de artefatos antigos, históricos, pois também afirmavam ser estudiosos e colecionadores de tais “raridades”. Logo eles compraram, por uma elevada quantia, a loja de antiguidades, que transformaram em seu QG, para a avaliação das tais pepitas que fossem encontradas, e, principalmente, instruíram os mineiros, caso encontrassem certo artefato que chamavam de a “pedra-de-sangue” era para ser levado diretamente para eles em segredo, pois pagariam uma excelente quantia pelo objeto.
Ao saber disso, Dave se interessou pela recompensa, passando a fazer horas-extras após o seu expediente normal nas minas, a fim de encontrar o artefato. Seu amigo Cross, entretanto, advertiu-o a não permanecer em Mammoth após o anoitecer, pois o local tinha fama de ser assombrado. Cético, ele apenas afirmou não crer em fantasmas, e continuou procurando durante os próximos dias a tal pedra de sangue, se aprofundando cada vez mais no instável e perigoso interior da mina.
Após dois meses buscando em vão, Davenport começa desanimar de trabalhar nas minas. Nenhuma maldita pepita, sequer um mísero fragmento de minério de ouro ou a bem recompensada tal “pedra-de-sangue” ele encontrara. Tudo o que achou até agora nessa cidade, foram dissabores e excesso de trabalho, com exceção de seu reencontro com Aura, nada mais valera a pena! Pra variar, àquela noite, no meio da rua, acabou se metendo em encrenca, ao “comprar o barulho” de seu amigo Cross, que fora insultado pelo banqueiro Scott e pelo fazendeiro Harvey. Dave chegou a sacar suas armas e intimidá-los.
Os ânimos estavam exaltados. Dave bebera além da conta, e agora estava prestes a despachar a escória da cidade para o além. Ambidestro e exímio atirador, ele mantinha as duas pistolas apontadas para as cabeças dos covardes que tremiam feito vara verde. Nesse instante, Petrus e Klaus, que saiam do saloon, viram a discussão e decidiram intervir, apenas para Petrus receber uma coronhada no nariz, e ver seu sangue verter abundante, qual melado escorrendo pela face, e Klaus quase levar um tiro no pé, disparado por Dave, num gesto de boa-vontade, apenas como advertência. Subitamente, após o disparo, uma multidão agourenta correu para fora do saloon e de seus lares, atraídos pelo cheiro de morte e tragédia, para ver o desfecho daquela iminente contenda.
Providencialmente, ou não..., o velho delegado Gail Brunton chegou a tempo de por fim ao desentendimento, exortando Dave à razão, e sobre as consequências funestas de tal ato impensado.
Decepcionados pela contenda não haver terminado em sangue, como de costume, todos retornaram a seus afazeres, e Dave, Cross, Scott, Harvey, Petrus, Klaus e o prefeito Henry que também observava a discussão, seguiram seus caminhos noite adentro, com olhares furiosos cintilando e uma chama odienta crepitando em seus corações.
CAPITULO 03 – A SOMBRA DE ANGRA MAINYU
As nuvens negras que insistiam em cobrir Goldfield ocultavam uma madrugada enluarada pelo quarto crescente, contudo, os chifres lunares prateados, contornavam o véu de escuridão, pressagiando a morte, como se o próprio Diabo projetasse sua sombra nefasta sobre a cidade.
Com exceção de Aura Mulhall, que vivia num dormitório na parte superior do saloon, todas as outras “meninas” que trabalhavam lá, possuíam residência própria em Goldfield. Assim, por volta das 3h da manhã, como de costume, elas encerravam a função, e deixavam o estabelecimento, caminhando pela fria, nevoenta e solitária rua principal, rumo aos seus lares. Naquela madrugada, Heloísa resolveu cortar caminho, abdicando da companhia de suas colegas de trabalho, Lohana e Mara. Aninhada em sua jaqueta de franjas SMITH & WESSON que ganhara de um cliente importante, ela apertava o passo e soprava seu hálito quente na neblina, distraída, não percebeu quando uma figura sinistra cruzou o seu caminho.
O grito de horror ecoou no silêncio da madrugada, eclodindo como o prenúncio d’uma maldição recidiva e um telurismo infectado, afeto aos locais marcados pela crueldade, que regurgitam os efeitos da maldade sobre os seus habitantes.
Momentos depois, passos apressados e suspeitos, dirigiam-se ou chegavam a vários locais da cidade: John Cross agachado atrás de um enorme Cactus defronte a barbearia, fechada àquela altura da madrugada, mãos cobrindo o rosto, chorava incontrolavelmente; Dave caminhava a passos largos olhando para trás desconfiado, rumo às minas Mammoth; Scott entrava em sua carruagem e ordenava ao cocheiro que saísse imediatamente dali; Harvey retornava esbaforido ao seu vazio saloon àquela hora, pisando na ponta dos pés, para não chamar à atenção de quem quer que fosse; Petrus, no interior de sua loja, limpava um líquido vermelho da lâmina de um punhal que ficava camuflado em sua bengala, no mesmo instante em que seu sócio Klaus entrou ofegante no recinto. Ambos entreolharam-se num gesto de cumplicidade, enquanto Petrus acoplou novamente o punhal no orifício da bengala; o prefeito Henry acordava estirado no meio da rua, quase nos limites da cidade, com uma baita dor de cabeça. Atordoado, tocava o crânio com uma careta de dor, ao mesmo tempo em que se esforçava para levantar.
* * *
Na parte profunda da mina, a picareta de Davenport atinge a superfície de uma parede rochosa, encontrando resistência e percebendo um eco metálico, como se houvesse esbarrado numa camada subjacente, camuflada sob a rocha. Escavando um pouco mais em volta, ficou perplexo ao descobrir uma espécie de porta metálica escura, em formato octogonal. De repente, luzes acenderam na parte baixa do portal, e ele deu um salto para trás, assustado. Deixou o local, retornando em seguida, na companhia de seu amigo Cross e de uma dezena de trabalhadores, para testemunharem o achado. Contudo, a má fama de assombrado do local, inflamava a imaginação daqueles homens iletrados e supersticiosos, de forma que alguns fugiram dali fazendo o sinal da cruz, e bradando que a estranha entrada era um portal para o inferno!
Os outros mais incautos, entretanto, como o próprio Davenport, forçaram a entrada, pois, apesar do medo, sua curiosidade falava mais alto.
Com todos tocando a superfície de metal da sinistra porta, não se sabe quem a destravou... Num ruído estranho de serpentes sibilantes, a dupla porta se abriu para ambos os lados, dando passagem a um extenso e enevoado corredor. Os trabalhadores entreolharam-se, como se aguardassem a ordem de Davenport para avançar.
- Quem quiser vir. Siga-me! – disse ele. Quatro homens o acompanharam de armas em punho, alumiando o caminho com seus lampiões, cruzaram os portões do inferno...
CAPITULO 04 – REVELAÇÃO
Os Rifles Ballard Express de 11 tiros repousavam sobre as barricadas no centro de Goldfield, enquanto os atiradores deitados ou agachados no solo davam ao gatilho, retardando o avanço das turbas de olhos vermelhos, vindas da escuridão noturna...
Se naquele fatídico dia, Dave recordou arrependido, não houvessem aberto a porta dos horrores, o Mal permaneceria adormecido sob a cidade! Ao adentrarem o estranho compartimento, seus olhos incrédulos testemunharam um horror visceral, indescritível até mesmo para os mais horrendos pesadelos! Havia centenas de esquifes de cristal embutidos em covas, nas paredes de ébano do local, e alinhados verticalmente uns sobre os outros, como num maldito covil vampiresco. No interior dos Ataúdes, tenebrosos seres, cadavéricos e murchos, cuja pele apresentava a textura de madeira seca, rachada, hibernavam com os antebraços cruzados sobre o peito.
John Cross ante a visão terrificante sentiu sua alma ser devorada pelo pavor, e começou a andar para trás de costas, não percebendo em sua retaguarda, um enorme esquife de cristal, em cuja superfície escorria uma gosma negra e grudenta. O caixão translúcido, maior que os demais, flutuava verticalmente sobre um estranho pedestal, e abrigava uma horripilante e monstruosa criatura, que possuía a forma de um morcego. Os ciganos o chamavam de Angra Mainyu. Ao tropeçar no esquife, John despertou a criatura! Sua mão ficou presa na substância gosmenta, e o urro pavoroso, gutural, que emitiu após o esquife desmaterializar-se e ele ser agarrado e suspenso no ar pelo enorme ser vampiresco, foi indescritível! Angra Mainyu aproximou seu focinho da boca de John Cross, e começou a sugar sua força vital. Uma luz cristalina de energia saia pela boca da vítima, e era drenada pelo vampiro, até que o corpo de Cross, completamente exaurido, assumiu a forma cadavérica e murcha, idêntica às criaturas que hibernavam nos ataúdes. Satisfeito, o morcego-vampiro farfalhou suas asas gigantescas, e atirou longe o cadáver de Cross.
Completamente aterrorizados, depois do que acabaram de testemunhar, os mineiros tentaram fugir, atirando na criatura que rugia irada, e contra-atacava rasgando-lhes as entranhas com suas terríveis garras.
Sem esperanças de sair vivo daquele inferno, Davenport vislumbrou àquilo que talvez pudesse ser a sua salvação: a pedra-de-sangue. Recordou-se de ter visto pinturas rupestres no interior da mina, que retratavam combates entre homens e àqueles seres, onde os humanos utilizavam a lança de ponta vermelha, cravando-a no coração da criatura, para matá-la.
A noroeste daquela sala havia várias delas sob um painel de cristal, abaixo de uma espécie de tela negra grande e retangular.
Dave correu como nunca de pistolas em punho, disparando contra o painel e estilhaçando-o. Apanhou quantas pedras-de-sangue conseguiu, enfiando-as nos bolsos.
Com um comando telepático, o vampiro-mestre despertou sua legião e os recém-infectados. A imensa sala logo ficou repleta pelos mortos-vivos, que caminhavam a passos lentos e ritmados. Dave se embrenhou pelo corredor da estranha construção de metal, em direção à saída! As criaturas, lentamente, foram atrás dele. Mas, para não deixá-lo escapar, Angra Mainyu voou velozmente pelo corredor e o encurralou, depois, agarrou-o pelo pescoço, levantando-o do chão, e começou a drenar sua energia. Sem perspectiva de poder escapar, e já sentindo os efeitos da perda energética, Dave teve um lampejo de ideia e reagiu! Encaixou a pedra-de-sangue no meio dos múltiplos canos de sua Pistola-Adaga Wesson, calibre (.41), apropriada para disparar uma lâmina de faca de seu centro. Apontou para o peito do vampiro e disparou, acertando em cheio o coração da criatura...
O vampiro urrou, sentindo uma dor lancinante, e começou a irradiar uma luz violeta-escura de seu campo áurico-energético, ao mesmo tempo em que uma vibração sacudiu toda a estrutura subterrânea da mina. Luzes multicoloridas começaram a circular dentro daquela estranha estrutura metálica que sacolejava. Dave enfim, se desvencilha do vampiro, e corre sem olhar para trás, até a saída da mina, escapando. Os mortos-vivos que o perseguem e tentam sair são incinerados pela luz do sol. Vendo isto, os demais retornam para a escuridão no interior da mina.
Subitamente, um tremor de terra sacode a estrutura das montanhas assombradas. Em seguida, uma explosão revela algo ainda mais aterrador! Caído de joelhos, mas de armas em punho, Davenport contorce a face de horror e tampa os ouvidos, ao testemunhar algo inacreditável! Uma gigantesca "Carruagem de Fogo" com o silvo ensurdecedor de mil locomotivas, se ergue das profundezas da terra aos céus, deixando uma imensa cratera na crosta terrestre, onde estivera pousada, oculta talvez por eras!
EPÍLOGO
O surto de vampirismo começou a ser contido, e a cidade reconstruída. Após o incidente, Petrus e Klaus deixaram Goldfield. As minas Mammoth foram definitivamente fechadas e o delegado Gail Brunton ainda investiga o desaparecimento de Heloísa. O caso permanece sem solução. Davenport e Aura Mulhall casaram e tiveram uma linda filha.
Tema: Horror no Velho Oeste.