CACHORRO PRETO - Parte I
"O Caderno Preto do Henrique"
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CACHORRO PRETO - Parte I
“Desconfia que seja um LOBISOMEM ou algo assim…?!”
– Ou “algo assim” ou algo BEM PIOR!! - O velho respondeu gargalhando. Uma mulher ao seu lado – aparentemente sua filha ou neta – segurava um bebê no colo e sorriu por milésimos de segundos voltando de um jeito apressado ao seu estado de seriedade um tanto rude – que hoje em dia, sei que não é pessoal. O sangue nos traz risos e ódios… o sangue nos traz um certo cinismo e às vezes sarcasmo; No caso do velho senhor em minha frente: O sangue derramado de garimpeiros do passado… cobravam-lhe… imploravam-lhe… Por muitas horas e horas entre goles de pinga pura e lembranças de mulheres impuras… que ele – tão “obediente” que era… – tragava de muito bom grado e farreava feliz da vida LONGA que vinha tendo. Ele ficava ali rindo… E eu mal conseguia saber se mentia ou não… se queria me pregar uma peça, ou se conseguia… mesmo sendo aquilo um assunto sério… sorrir. Acostumado com o risco. Respeitoso com… o… ora, com o que quer estivesse por lá, se escondendo no escuro.
– Moço… LÁ FORA DA CIDADE, na Lua Cheia… Você chega lááá na entrada perto da placa da cidade…
– E o que acontece em seguida? O que eu faço?!
– Ué!?… Você ESPERA até 3 da manhã!
“É a Horário do Demônio…” completou a mulher, de dentro da casa, lavando roupas e o bebê engatinhando aos seus pés… “É a hora do Demônio…”… “É a NOITE do Demônio…”. Ela repetia.
– E o Cachorro Preto aparece… GRANDE feito um bezerro. E quando ele ataca… ele fica em PÉ em sua frente e lhe AGARRA num abraço, enquanto estraçalha seus ossos, seus olhos e seu pescoço… – Senti um pouco de vontade de rir (e senti que estava perdendo meu tempo)… Estava claro e notável o esforço dos dois para me assustar. Mas também senti um frio no estômago… A probabilidade de ser mentira era maior, mas também: se aquilo fosse VERDADE! … eu tiraria FOTOS. TODAS AS FOTOS EM PRIMEIRÍSSIMA MÃO!! Eu precisava muito de alguma coisa pra me ajudar a vender minhas histórias… uma história REAL!… seria magnífico!
*continua...