Acampamento infernal
O acampamento era para ser apenas um sonho de Stuart. Dizia ser um aventureiro de acampamento. E eu sempre acreditei. Ficou de me levar a um, após três anos e meio de amizade. Afinal, éramos concunhados. Passamos meses tentando convencer nossas esposas. Juramos ficarmos três dias no acampamento.
Finalmente chegamos ao local. Era por volta das oito horas da noite...
Chegamos, montamos a barraca e logo fizemos a fogueira.
O cenário era lindo. Era uma parte da Serra da Mantiqueira entre a zona norte de São José dos Campos com o Sul de Minas Gerais.
Mata virgem e já pela noite: um belo cenário acampado de uma linda noite de lua cheia junto de nós.
Tínhamos a missão de lá pelas seis horas da manhã estarmos de pé e desmitificarmos a linda selva virgem que nos recepcionara.
Jantamos, cantarolamos alguns rock dos anos oitenta e noventa ao nosso belo violão e tratamos de apegar ao sono.
Entramos na barraca e aguardávamos pelo sono.
De repente; ouvimos passos.
— Stuart, temos visita! – sussurrei já com o coração na boca. Sempre fui medroso, mas aquela selva, lua cheia e ambiente deserto: amedrontou-me mais ainda.
— Xiiiiiiuuuuuu! – ordenou ele, sussurradamente, logo apoderando de uma arma cujo carregara sempre que acampava. — Não convidei ninguém.
Os passos logo pararam. Uma voz masculina soou:
— Oh, de casa!
— Estão nos chamando! – calculei, já se empalidecendo de vez, enquanto a boca começava a secar.
Stuart não teve opção e com a arma apontada a uma possível reação pediu que eu abrisse a barraca, mas deitado no chão.
Abri e fomos recepcionado por um sorriso largo e falso do emissor.
Leigo a sua má fé, saí da toca o atendendo, mas numa visão da qual percebi que Stuart ocultava a arma mirada ao caboclo.
Stuart logo saiu armado e engatilhado com a arma ao sujeito.
— Hei! Hei! Somos de paz! – alegou um dos caras, enquanto o outro nem pronunciou.
Stuart não se compadeceu, continuou com a arma mirada e os indagou:
— O que fazem por aqui? Em quantos são?
— Muitas perguntas pra poucos segundos. Somos em dois. – pausou o sujeito. — Mas estamos em paz. Poderia abaixar a arma?
Stuart não engoliu a resposta. Passou alguns segundo os encarando.
De repente, um forte e sinistro som horripilante ouvimos vindo da direção da mata.
— Tufão! Tufão!
— Quem de vocês é o Tufão? – explodiu Stuart, ao zig-zag mirando a espingarda aos dois sujeitos, enquanto me orientava a dar passos para trás. — Vamos? Me diga, qual de vocês é o Tufão?
Os suspeitos gelaram. Enquanto do lado do chamamento por Tufão, foi possível ouvir disparos e vários ruídos de um som de um possível animal selvagem e feroz.
O o chamamento pelo o tal de tufão, disparava desesperadamente, enquanto o rugido do possível animal selvagem aumentava insinuando-nos vencer a presa.
— Não sei quem são vocês, mas saiam daqui ou eu atiro em vocês dois. – ameaçou Stuart, dando um tiro ao alto.
Os caras demonstraram perdidos.
— Abre o jogo, Tufão! Abre o jogo, cara! – desesperou o comparsa, interrompido pelo companheiro.
— Cara a boca, otário! Cala a boca!
— Ah, então você que é o Tufão?
Ambos se calaram, ligeiramente um deles tirando a arma da cintura e desdenhou:
— Abaixa a arma, truta! Tanto nós como vocês estamos correndo risco de morte.
Stuart não se intimidou. Entretanto, do nada surgiu uma sombra do possível animal selvagem, onde o rugido ganhou o ambiente.
O sujeito armado mirou a arma em direção da fera e disparou três tiros.
Stuart me puxou e corremos por outro lado. Um dos sujeitos veio atrás numa possível síndrome da pane.
— Parem! Parem! Não sabemos quantos desse animal têm por aqui. – alertou aos berros o sujeito autor de disparo contra a fera.
Paramos, enquanto ele aparentou aproximar. Junto dele ressurgindo a fera.
Sem consentimento, unimos e quando percebemos, paramos no mesmo carro. Era o de Stuart.
— Corre! Corre! Abre a porta! Não temos muita munição. – desesperou o sujeito mais agressivo.
Stuart jogou a chave do carro na minha mão e me encarregou de abri-lo, enquanto ele despistava a fera junto do outro.
No maior sufoco, abri. Embocamos loucos no carro.
Por questão de segundos, nossos olhos nos mostraram em triplo o animal selvagem e em posições diferentes a vários ângulos.
Assustamos! Eles pareciam famintos e certos de que seriam nós os seus aperitivos.
De repente, um forte berro ouvimos de dentro do carro. Berro de desespero e vindo de alma.
Quando demos por si, era o sujeito medroso. Berrando e nos mostrando única direção. Atendendo-o miramos nosso olhar. Era o corpo espatifado de um dos seus comparsas de cabeça aberta e com enorme buraco na barriga, sem já as pernas e braços. Com certeza os selvagens já teria o devorado uns quarenta por cento.
A insinuação dos animais triplos nos convenceu de que a cena era real. Eram mais feras por ali.
Stuart, não pensou duas vezes, passou a mão no volante e botou o carro para ligar. Algo o surpreendeu:
— Droga! – irritou, dando murro no volante.
— O que houve? – espantei.
— A chave. Cadê a chave? – bisbilhotou ele, procurando-a pelo carro. Todos começaram a procurar. Foi quando raciocinei: possivelmente estaria na porta do lado de fora. Dito e feito!
Bem que tentei pegá-la, mas o berro do sujeito medroso me assustou, contagiando de vez de medo.
Stuart procurou me encorajar, enquanto o outro, calava o sujeito medroso tampando-o pela boca.
Não tive força. Desapontei Stuart e o outro sujeito. Stuart passou para o banco detrás, encarregando de prosseguir a postura do sujeito valente, enquanto ele se encabeçava de tomar o meu lugar.
Sem espaço, pulei para o lugar de Stuart, enquanto o outro encarregava de pegar a chave do lado de fora da porta.
Olhamos para todos os lados...
Do lado do passageiro da frente, sentimos a um consentimento de olhar de que daria para abaixar o vidro e pegar a chave. Que nada! A noite breu, o desfecho daquele sujeito pelo destino e o silêncio das feras nos desapontaram. Não demos conta. Foi por questão de instante, assim que sujeito colocou braço e uma parte do membro do corpo pra fora, do nada uma das feras apareceu. Foi um rugido tão forte do qual pensamos que a fera tivesse estourado um dos vidros do carro e nos feito companhia.
Que nada! Teria atacado o tal sujeito valente e a força era tanto do qual sacudia fortemente o carro. Stuart perdeu a cabeça, necessitou dar uns quatro socos fortes no sujeito medroso para que parasse de berrar. Parou por desmaiar.
Agora a síndrome do berro pegou Stuart. Do nada começou a berrar, enquanto procurava de alguma forma sair do banco detrás com a intenção de amenizar o clima no carro. O balanço era total. Eram berros instantâneos:
— Corre! Faça alguma coisa! Essa fera não pode entrar aqui.
Fiquei pálido. A fera parecia vencer o sujeito por qual razão aparentava ter se tornado sua presa.
Algo nos chocou, a força da fera era tanto que vimos uma boa parte do corpo do sujeito se deslocar um pouco mais para fora do carro.
— Mineiro, empurre-o para fora! Empurre-o para fora!
— O quê? O que você está falando?
— Empurre-o para fora! Vá! Não há chance de ele sobreviver. Ou o empurramos ou seremos a próxima vítima.
Não tive força. Stuart identificou a minha incerteza ao caso. Empurrou com tudo o sujeito cujo estava desmaiado do seu lado e em seguida, empacou para frente fazendo daquilo que havia me pedido.
Em questão de instante, a presa se foi com a fera. Ficamos sem a chave e com menos um dos sobreviventes.
Levei minutos para recuperar o fôlego.
Stuart nem se importou. Fechou desesperadamente o vidro e me pediu todo o silêncio possível. Arrancou a própria camisa e me passou:
— Tome! Se der vontade de gritar, morde o pano.
— Mas, e se o outro acordar? – sussurrei, interrompido por ele.
— Aquele dali? Ficará boas horas desacordado. – desdenhou, logo agachando numa posição e mexendo na parte abaixo da direção do carro.
— O que você está fazendo?
— O que já deveria ter feito há tempo. – contestou, pausando a um tom animador, em seguida se vangloriando pelo ruído do motor do carro.
— Pegue a espingarda! Se a fera aparece, mete bala!
— Mas eu nunca fiz isso.
— Sempre tem a primeira vez.
— E se eu não conseguir...
Stuart parou. Apoderou da minha cabeça com as mãos e pela inclinação de sua cabeça à minha, saquei que havia me encarado:
— Mineiro, não temos escolhas... ou você dispara contra as feras ou elas nos matam.
Não tive tempo de responder. Stuart se virou, pegou a espingarda, a carregou e me passou. Em seguida ligou o carro e tratou de nos tirar dali.
A cena foi forte. De faróis ligados, vimos as duas vítimas servindo de alimentos às presas. Uma delas parou e encarou em nossa direção.
Stuart desligou o farol e tratou de acelerar o carro. Quase capotamos o carro. Deveria ser alguma parte de um dos corpos deixados para trás.
Tive que brincar de Stuart. Mirei ao que pude a espingarda entre elas e saquei sem dó as balas contidas.
As feras não se revidaram. Sumiram pelas matas deixando as presas possivelmente sem vida para trás.
Stuart logo tratou de acender o farol e pegar a estrada de Monteiro Lobato.
Já no asfalto sentimos que o nervosismo foi deixando de nos dominar. Paramos no primeiro posto policial e contamos a mesma história encenada pouco antes de sairmos da mata.
Voltamos com os policiais até o local.
Stuart é um cara que ganhou meu respeito. Cara estrategista, se ele não tivesse dado uma nova presa às feras antes de sairmos da mata, poderíamos ter entrado numa enroscada e das bravas!
O trio morto pelas feras, nada mais eram na verdade uma quadrilha de alta periculosidade, pois por onde passavam alguns estragos deixavam. Eram foragidos há anos da justiça.