NAKUPENDA- MALAIKA-2

HACUNA MATATA

Kiesa decidiu fugir com o menino chamando-o de Malik, levá-lo para outra aldeia, onde albinos são considerados anjos e tratados como deuses da bem aventurança. Ela havia frequentado a escola primária e sabia ler e escrever. Deixou um bilhete mentindo ao marido que iria visitar sua família por alguns dias, moradores em outro vilarejo. Colocou uma almofada no ventre por baixo do vestido longo, para ninguém perceber que a criança já havia nascido. Depositou o bebê num cesto, cobriu com roupas sujas, para disfarçar que iria lavar no rio.

Costeando o riacho ela se adentrou no grande matagal. Com o nenê dentro de uma trouxa amarrada nas costas, Kiesa andava pela floresta espessa, só fazendo pausas para amamentar a criança.

Dormindo nas árvores durante a noite e se alimentando de frutos silvestres, ela seguia através da extensa floresta, tentando encurtar o caminho restante até chegar na outra aldeia, para poder salvar seu filho recém nascido.

O vento trazia de longe o ruído de Ndunduma (trovão) anunciando uma grande Ombela (chuvaceiro).

Ela estava sentada num tronco, já exausta e fraca, quando sentiu uma picada no tornozelo. Uma serpente rastejava ali perto. Não havia nenhuma Vyiemba (medicina) por perto. Logo o veneno surtiu seu efeito. Sentindo a paralisia dos nervos, seus olhos se turvarem, as batidas cardíacas diminuírem e a morte se aproximar, Kiesa se despediu de Malik dizendo com voz fraca:

— kwa Heri, Nakupenda Malaika Kidege. (adeus meu anjo, eu te amo passarinho).

Pouco depois caíu a noite sobre as selvas, com seus ecos assustadores e sombras fantasmagóricas.

O choramingo da criança faminta sem Kos (alimento) no cafofo (sujeira) ao lado da mãe morta e coberta de formigas, se misturava ao latido das hienas e rugido de leões, tigres, leopardos e pumas que saem fazer sua caça noturna. Ali perto no alto da árvore, empuleirada num galho, piava inquieta uma coruja, como agourando um mau presságio...

------> segue no cap.3

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 27/08/2021
Reeditado em 27/08/2021
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