Reunião de canibais

O velho Erasto todos os dias subia longas escadas para chegar ao seu quarto segurando um candelabro com duas velas que proporcionávam o reflexo de sua imagem quasse fantasmagórica nas paredes do seu velho castelo.

O castelo de Harlech fora construído no ano de 1283 no país de Gales e herdado por Erasto o último descendente de uma família aristocrática e decadente, mais em 1820 o velho já não conseguia mais dar manutenção ao castelo pois grande parte de sua fortuna já tinha sido gasta, agora o velho já não era o que fora no auge da sua vida.

Vivia no castelo com três empregados, a cozinheira o cocheiro e seu mão direita o mordomo Brandt que o acompanhava quasse toda sua vida, Erasto era extremamente desconfiado e de caráter ruim, não média esforços para tirar vantagem de qualquer coisa em todos os momentos que tinha oportunidade pois ainda gozava das vantagens do seu sobrenome que tinha um certo peso relevante com a elite e inclusive com a própria nobreza.

Erasto ainda tinha um segredo muito bem guardado conhecido apenas por Brandt e um círculo fechado de poucas pessoas, nutria um desejo quasse incontrolável por consumir carne humana, desejo este que começara ainda novo e que fora trasmitido pelo seu pai.

Pelo menos uma vez por mês Brandt viajava para povoados longe dali onde procurava vítimas indefesas, principalmente moças pobres , pois sabia que as autoridades não se dariam ao trabalho de investigar, em certas ocasiões até mesmo contava com ajuda dos mesmos.

Havia todo um procedimento antes de consumir as vítimas, e Erasto gostava de conferir pessoalmente , primeiro deviam lavar bem seu corpo, depois pendurada de cabeça para baixo ainda viva a vítima era escapelada com água fervente, enseguida era introduzida uma faca no coração da vítima para sangra-la e depois era hora de escuartejar o corpo e cozinhar seus pedaćos a gosto.

Erasto não comia sozinho, todo mês convidava alguns adeptos para acompanhá-lo no manjar, geralmente ricos burgueses ou nobres que pagavam caro pela refeição. Basicamente Erasto tornou-se o líder de uma confraria macabra que lhe trazia dinheiro, prazer e sobre tudo restaurava um pouco do seu prestígio com uma parte mórbida da sociedade.

Assim o velho conseguia de certa forma manter o castelo, seus poucos empregados e comandar uma seita de canibais aonde recorrían cada vez mais adeptos.

Todo ano fechava com um grande banquete onde Erasmo convidava os nobres e ricos mais poderosos e influentes com a mesma fome voraz por carne humana possível, gente sem escrúpulos que podia se dar o luxo de satisfazer seus instintos mais baixos.

Havia todo um ritual morboso antes da ceia macabra, na sala principal do castelo montava-se uma mesa para vinte escolhidos daquele ano, o ritual consistía num sorteio onde todos colocavam seu nome escrito num papel solto dentro de uma tigela de prata, inclusive o próprio Erasto.

Enseguida retirava-se um papel que era mostrado para todos os integrantes da mesa, aquele que fosse sorteado seria morto cozinhado e devorado aquela mesma noite.

Aquilo tudo provocava medo e adrenalina nós convidados, era o que eles procuravam diante de suas vidas monótonas e sem graça.

Apesar desse ritual ser feito á anos Erasmo obviamente nuca fora sorteado, ele tinha uma carta na manga, pois quem retirava o papel da tigela era justamente seu mordomo Brandt, era tudo combinado. Simplesmente antes de retirar o papel o mordomo com a mão dentro da tigela conseguia ler o nome do sorteado e se fosse o do velho dava tempo de larga-lo e pegar outro no mesmo instante.

Tudo estava pronto, cada conviva colocará seu nome na tigela e depois de um brinde Brandt fora autorizado a retirar o papel, enseguida o entregou ao velho pois era este que o devia mostrar á todos.

Erasto passava mal, tremia e ficara pálido, olhou para Brandt que o observava com um sorriso irônico e um brilho de morte nos olhos, finalmente tinha sido sorteado.

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 27/06/2021
Código do texto: T7287581
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