O espírito [miniconto]
Está ali presente sempre, mas oculto. Nunca comete um deslize sequer. Não deixa rastros nem faz qualquer barulho. Está sempre à espreita. Já lá instalado há um tempo considerável, ninguém desconfia. Às noites sai de seu latíbulo e aproveita os raros momentos de "liberdade"; mas, além de raros, são bem curtos. Não pode arriscar-se muito, contudo, em momentos de mais ousadia e necessidade psicótica, se dirige até alguns dos quartos e lá vira sombra, observando-os dormirem. É um espírito sombrio, doente para fazer o mal, mas torturado e limitado em apenas imaginar. Quando sente que a vontade pode sobrepujar o juízo, volta ao seu recôndito.