A luz

Alma generosa, dedicou sua vida a caridade e o povo, por isso, deu-lhe crédito. O entender popular àquela pessoa transcendia a admiração; tornou-se devoção. Tão grande luminura causada por aquela luz. Muitos, de muito longe, chegavam para que dissipasse as trevas de suas vidas. Assim suas benfeitorias se espalharam por todos os lugares. Irritação das estrelas não-iluminadas, que, por simples razão de (equivocada) hierarquia institucional e enciumados por não serem (também) iluminados e transmissores de luz, o perseguiram. Num porão da torre do edifício do céu, lá no alto - como estrela no céu (escuro) - estava enclausurado, sofrendo, chorando, orando. Uns mais exaltados, por vezes, invadiam a cela e o agrediam. Em razão disto, ficaram estigmas e os dedos de sua mão esquerda ficaram tortos em decorrência das torturas.

Os mais "santos" não foram sujar as mãos, mas porque sabiam: não adiantaria bater; tinham que dar um fim logo. Lá fora se uniu o povo, pedindo a volta daquele que amavam. Para evitar uma revolta, permitiram que ele saísse por um momento. Nada disse do que se passara com ele, nem foi necessário para o povo perceber. Algumas gotas de sangue escorrendo em sua mão... Os dedos que tentou esconder, mas não conseguiu... As marcas... Estava explícito. Voltou, após o encontro-despedida (que só ele sabia ser). Na clausura, novamente, ficou mais sete dias, e veio a morrer. Foi de cima a ordem: envenená-lo aos poucos, no beber e no comer. Mais nunca se apagou aquela luz: foi transferida para o pavio das velas que iluminaram aquela noite e todas as outras...

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 02/05/2021
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