Tempestade
Noite álgida, tão fria quanto a alma daquele que um dia foi alguém. Hoje é um sopro, um vento, uma luz, um tremor. Vaga esperando o momento para manifestar sua existência. Esperando sua escuridão e frieza materializarem. É quando cai a primeira lágrima de sua lembrança que sente liberto. A morte muda as coisas. O que a prisão culminava agora era sinal de sua liberdade. Mas se mostra mesmo com a revolta delas, a má lembrança de tristeza se tornando indignação. Rasga o céu tal qual seu corpo outrora em vida. Clareia para escurecer, como foi a enganação de uma esperança que trouxe a ele a mais trevosa experiência. O estrondo de seu grito desesperado cessa, assim como quando percebeu que era em vão. Vaga eternamente, espírito revolto, triste, morto...