The road so far - Forever

A estrada até aqui foi, sobretudo, semota, pelos mais de 320 capítulos, todos percorridos ao volante do vultoso Impala, 67. A jornada, tão esguia, teve alguns momentos atravancados, traspassando vias esburacadas, sinuosidades mortais, aclives que exigiram alta performance do propulsor V8 ... Foi gratificante seguir com os irmãos Sam e Dean Winchester, respectivamente Jared Padalecki e Jensen Ackles, por uma longa marcha iniciada há 15 anos, quando arremetiam demônios de volta para o inferno, caçando almas errantes, monstros e outras criaturas trevosas.

Meu limiar com a série, engendrada por Eric Kripke, ocorreu mais ou menos em 2008, quando Supernatural já alcançava a 3ª temporada. Alguns amigos diziam: “Você vai se amarrar nas aventuras, eles encaram monstros e demônios. Bem a sua cara...”. Apesar de me reputar como uma figura de propensão dispare, incluiria certa previsibilidade, afinal logo me vi siderado pelos excêntricos Sam e Dean. A cada episódio os faróis do belo carango preto varavam a escuridão das rodovias, e, a cada parada, dizimavam ameaças ao ritmo de uma trilha sonora deveras extasiante, arriscando a vida para salvar pessoas e deixar o mundo um lugar melhor para viver.

Anos atrás, preteri a forma fragmentada, com a cronologia possibilitando maior imersão à trama. Também há espaço para ressalvas: com o fim da quinta temporada, a saga dos Winchester sofreu alguns percalços, momentos desconexos, mas Dean e seu irmão conseguiam fintar as adversidades. Apenas vê-los em ação já é gratificante, embora as últimas dez temporadas (inclusive a derradeira 15ª) reservem capítulos suficientemente relevantes para asseverar as sucessivas renovações sequenciais.

O desfecho deixa os olhos marejados, há muita nostalgia em jogo. “Salvar pessoas, caçar coisas, o negócio da família”, é isso que nos tornamos, de volta ao começo, no Impala, embalado pelo melhor do hard rock. Encerro ladeado por Sam e Dean, fitando o recôndito horizonte e assim testemunhá-los atingir a tão almejada paz. Só me desculpo por manter aceso um ínfimo anseio: ver surgir nova camada de asfalto, linhas tracejadas de uma nova estrada... Essa bem poderia não findar, jamais.

Rafinha Heleno
Enviado por Rafinha Heleno em 11/12/2020
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