O sonhador
E corria livre pelos campos verdes do seu quintal utópico, era sua ilusão onírica. Pisava em gramas macias, tendo, na verdade, cinzas no lugar. Os grandiosos girassóis, firmemente apontados para o leste, na realidade, eram os homens de roupas escuras.
Quando acordava, seu pranto rolava.
O cenário bucólico e belo de outrora tornava-se o real ambiente que seu sonho escondia. Eles invadiam as casas e espalhavam o terror, via, pela janela, os outros sonhadores correndo desesperados. Casas incendiando, pessoas morrendo, o som das explosões unindo-se com os dos projéteis; os dois uniam-se também no intuito de matar.
Ele, com as vestes ensanguentadas, via o pesadelo tomar conta daquela terra de sonhos...
- Jamais deixar de sonhar...
Atravessou a porta de sua casa, já desabando, e pôs-se a sonhar novamente. Viu, no meio daquele campo colorido, um catavento de papel.
Tomou-o e alçou voo... foi sonhar no céu.